*Por Cristian Canto
Eu, aqui em Porto Alegre, vivencio o Rio Grande do Sul enfrentando mais uma vez as consequências devastadoras das enchentes, entretanto, posso confirmar a onda poderosa de solidariedade emergindo das águas turbulentas. Sob o céu pesado de nuvens carregadas, comunidades inteiras se unem em uma jornada de compaixão e apoio mútuo. O povo pelo povo, a vida sendo colocada em primeiro plano, acima de qualquer outra coisa.
As águas transbordantes não apenas inundaram ruas e lares, mas também despertaram uma torrente de empatia. Em meio ao caos das enchentes, testemunhamos o coração humano brilhando em atos heroicos de resgate, vizinhos ajudando vizinhos e desconhecidos estendendo a mão para aqueles que perderam tudo. São pessoas deixando o que restou de seus lares para estender suas mãos a quem perdeu mais, sim, de qualquer forma todos os gaúchos perderam algo, mas mantém a dignidade.
Nesses momentos sombrios, vemos o melhor da humanidade aparecer. Abrigos improvisados se transformam em refúgios de esperança, onde os desalojados encontram conforto e apoio. Voluntários corajosos enfrentam as águas traiçoeiras para resgatar pessoas presas em suas casas inundadas, demonstrando uma coragem que transcende o medo.
A solidariedade não conhece fronteiras, e vemos uma rede de apoio se estendendo muito além das margens dos rios transbordados. De todas as partes do país e além, doações generosas de alimentos, água, roupas e abrigos fluem como um rio de compaixão, mostrando que, juntos, somos mais fortes.
Neste momento de provação, é inspirador ver as barreiras da divisão desmoronarem diante da necessidade compartilhada. As diferenças são deixadas de lado em favor da unidade, e as vozes se unem em um coro de solidariedade, ecoando a mensagem de que ninguém está sozinho nesta jornada.
À medida que as águas começam a recuar e a longa estrada da reconstrução se revela diante de nós, é a solidariedade que nos guiará. Unidos, vamos erguer nossas comunidades da lama das enchentes, reconstruindo não apenas casas, mas também esperança e resiliência.
Dei ênfase na humanidade, pois é isso que deveríamos seguir em todos os dias do ano, no entanto, se é na dor que soltamos o que temos de melhor, que assim seja. As imagens diárias que vemos pela televisão, são a prova de que realmente somos humanos. Vimos barcos, jet skis e até colchões infláveis, guiados por seres especiais e resgatando quem quer que precisasse. Animais inocentes que por vários motivos ficaram para trás, foram recolhidos com abraços carinhosos,visivelmente agradeciam com seus olhos tristes de quem passou por algo terrível. Pessoasforam carregadas com todo o cuidado e respeito que merecem, pois às suas costas, talvez, tudo que construíram na vida, alagou por completo.
Espero que estas enchentes, apesar de sua devastação, nos lembrem da nossa capacidade de compaixão e da força que encontramos quando nos unimos. Que possamos honrar o espírito aguerrido, bravo e de solidariedade que floresceu em meio à adversidade, transformando-o em um legado de amor e cuidado mútuo. Sirvam nossas façanhas de modelo à toda terra.
Força, Rio Grande do Sul!