Transição justa e brasileira

Estamos assistindo o embate interno no governo Lula 3 em relação a exploração ou melhor, ao menos, pesquisar, se há petróleo na Margem Equatorial brasileira, na altura do estado do Amapá, bem ao norte do país. Muito provavelmente há, porque a poucos quilômetros dali, a Guiana está mudando a sua realidade econômica em virtude de já estar explorando esta riqueza natural.

O presidente disse em Rio Grande, durante ato recente da retomada do Polo Naval, com todas as letras, e vem dizendo isso há algum tempo, que quando se puder prescindir dos combustíveis fósseis e estava mais se referindo ao petróleo, aí sim se pode ser contra ele.

Quando TP modificou temporariamente o seu slogan de ‘Compromisso com o desenvolvimento regional’ para ‘Em defesa de uma transição energética justa’, obviamente que não foi acaso.

A transição energética que se verifica no Brasil está muito mais para transação econômica, como estão se referindo alguns movimentos sociais. A busca de fato de um equilíbrio ambiental e de combate efetivo aos efeitos do aquecimento global está em segundo plano. A Europa, sempre com uma visão colonialista – aliás é sua vocação histórica, contamina e dita a narrativa até mesmo para grupos ambientalistas. Um discurso travestido de um verde que já desbota. A Alemanha, por exemplo, para não causar desconforto térmico aos seus compatriotas no seu rigoroso inverno, não titubeou em religar usinas a carvão que jurou ter desativado para sempre. Bastou estourar a Guerra entre Rússia e Ucrânia.

“É neste sentido que clamamos por uma transição energética que seja brasileira, não ditada por A ou B, que atenda as necessidades dos brasileiros e especialmente dos trabalhadores e não do grande capital, como sempre.”

Conforme reportagem assinada pelo jornalista Pedro Leão, no portal Intercept Brasil, no último dia 3 de março, “essa transição energética tem sido pensada e articulada por países centrais no capitalismo internacional e se insere no Green Deal proposto pela União Europeia, que objetiva descarbonizar a economia do bloco até 2050. O discurso europeu, segundo artigo da pesquisadora Kristina Dietz, se traduz assim: a transição energética torna-se central na modernização ecológica do sistema capitalista, a partir de soluções tecnológicas e inovação científica para fazer frente à crise energética e climática. Este processo ocorre e ocorrerá em detrimento da exploração de terras e bens naturais de países periféricos, especialmente na África e América Latina”.

É neste sentido que clamamos por uma transição energética que seja brasileira, não ditada por A ou B, que atenda as necessidades dos brasileiros e especialmente dos trabalhadores e não do grande capital, como sempre. O caso do carvão de Candiota é emblemático. O mundo, especialmente nos países ricos, alcançou níveis de desenvolvimento inimagináveis ao longo dos últimos 150 anos pelo uso do carvão mineral e claro pela rapinagem das colônias.

Como se vê, a transição está atendendo por um viés especialmente econômico. Estamos sim preocupados com o futuro do planeta, mas também com nosso futuro. A manutenção dos contratos da Usina de Candiota via Medida Provisória ou outra solução legal são fundamentais e claro, que junto a isso, precisamos de um plano vigoroso, que reúna recursos financeiros suficientes, além de esforços das três esferas governamentais (município, Estado e União), bem como da sociedade candiotense e regional, com o sentido de criarmos em pouco tempo um ambiente sustentável para a única cidade industrial nesta imensidão pampeana.

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