*Por Odilo Dal Molin
POBRE RIO GRANDE
Nosso Rio Grande nem bem a acabou uma desgraça e tudo acontece novamente. Dê-lhe água. Nem secou o lodo da maior tragédia climática, sobrevém outra.
E tudo se repete, flagelos de toda sorte no lombo dos gaúchos. O que foi consertado, novamente precisa ser desmontado às pressas e toca sair de casa, ir para abrigos. Perder o que já foi, higienizado, remontado. Parece até aquele brinquedo infantil. Só que em forma de tragédia.
Quantos vão enlouquecer, perder o rumo e desesperar. Talvez os danos sejam menores em valores, mas o dano moral vai ser muito maior. Pobre gente que a natureza brinca de destruir e remontar.
Perder a segurança ou a confiança não tem preço. De tanto chorar já não se tem lágrimas, apenas ‘ais’ e dores que a cada fato novo pesam mais. A quem se socorrer? Aos políticos ocupados com suas redomas eleitorais e que a cada desgraça visam tirar proveito? Aos religiosos que em tudo vêem castigos de seu deus irado?
RECONSTRUÇÃO
Não somos os únicos que sofremos pelas ‘artes’ da nossa mãe natureza. Os fenômenos naturais não têm raça nem cor. Indiferentes, eles batem à esquerda e à direita, aos religiosos e ateus.
Os poderosos norte-americanos estão derretendo ao calor absurdo que se abateu sobre seu país.
Na Arábia Saudita, morreram de calor mais de 500 pessoas durante uma procissão religiosa. Isto foi ontem. Exemplos não devem nos confortar. Nossa dor é nossa e dói nos nossos corações. A dor, como o amor é única e intransferível. Ou vives ou morres.
O que podemos fazer pelo bem de todos é doar-nos. Não só doar coisas. Temos que doar nós mesmos, nossa pessoa, nosso entendimento e abraçar as causas boas, coletivas e abraçar e caminhar junto aos que a mãe natureza massacrou.
COMO ANDAR CALADO
Se a dor é pungente? Senhor Deus dos desgraçados, olhai por nós, como gritou Castro Alves ante à escravatura. Senhor Deus das águas… o RIO GRANDE padece!
ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*