*Por Odilo Dal Molin
CANTEMOS
Sei, gaúcho, que estás triste como eu, que choras como eu choro ante o furor da natureza com nosso Rio Grande. Donde surgiu tanta fúria, tanta inclemência?
Não bastasse uma desgraça, sobreveio outra até pior do que a anterior. Tanta gente destruída vagando com zumbis, já sem casa, sem lar.
O demônio sopra nos nossos ouvidos para que larguemos de mão, que o melhor é desistir. Fugir.
Para onde? Não podemos fugir dos nossos sonhos nem das lembranças dos nossos antepassados, da nossa história.
Mesmo chorando vamos cantar com o eterno Cenair MAICÁ. Ele, cantador missioneiro, amante dos pobres, dos nativos.
CANTO DOS LIVRES
Se meu destino é cantar, eu canto
Meu mundo é mais que chorar, não choro
A vida é mais do que pranto, é um sonho
Com matizes sonoros
Hay os que cantam desditas de amores
Por conveniência agradando os senhores
Mas os que vivem a cantar sem patrão
Tocam nas cordas do seu coração
Quem canta refresca a alma
Cantar adoça o viver
Assim eu vivo cantando
Prá aliviar meu padecer
Quisera um dia cantar com o povo
Um canto simples de amor e verdade
Que não falasse em misérias nem guerras
Nem precisasse clamar liberdade
Quisera ter a alegria dos pássaros
Na sinfonia do alvorecer
De cantar para anunciar quando vem chuva
E avisar que já vai anoitecer
E ao chegar a primavera com as flores
Cantar um hino de paz e beleza
Longe da prisão dos homens e da fome
Prá nunca cantar tristeza
No cantar de quem é livre
Hay melodias de paz
Horizontes de ternura
Nesta poesia de andar
Quem canta refresca a alma
Cantar adoça o viver
Assim eu vivo cantando
Prá aliviar meu padecer
O FUTURO, AQUI, AGORA
Tanto quanto a vida, o amor e a dignidade é o amor que temos pela nossa casa, pelo nosso lar. Vamos reconstruir tudo novamente e novamente e novam… aqui no nosso chão.
ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*