Um debate necessário e urgente

O carvão mineral é a maior riqueza econômica de Candiota e uma das maiores da região. Ele nos trouxe até aqui e ainda vai nos levar mais longe. Contudo, não podemos ser ingênuos de que somente ele, ainda mais no cenário extremamente adverso que vivemos, vai bancar sozinho nosso futuro.
É preciso urgente iniciar um debate profundo, de ampliação da matriz econômica, especialmente a de Candiota. Chamar Universidade Federal do Pampa (Unipampa), a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e a Universidade da Região da Campanha (Urcamp), entre outras, o poder publico, as entidades organizadas, enfim, quem quiser vir, para este debate.

O Brasil vive a sua maior desindustrialização da história. A indústria do carvão está ameaçada e muito, lembrando que Candiota é o único polo industrial em mais de 600km entre Pelotas e Uruguaiana.
Estamos numa região pobre e com índices econômicos e sociais parecidos com o Nordeste e outras regiões deprimidas do país.

Nossa produção primária ainda está calcada em monoculturas como a pecuária de extensão e mais recentemente na soja, que tem avançado sobre áreas antes de ovinocultura e até mesmo de arroz. A vitinicultura (vinhos) é uma realidade, assim como a olivicultura (azeites). Há boas iniciativas em agroecologia. O turismo também é uma saída. Mas tudo isso ainda é bem distante de ser algo consistente na geração sólida de emprego e renda para amplas massas de trabalhadores.

A chamada transição energética, cantada em loas e prosas por aí por pseudos ambientalistas e até pelos autênticos, é, para nós ao menos, um cântico de sereia mesmo, porque não nos aponta nem de longe como vão criar em poucos anos, 5 mil empregos diretos e indiretos como a indústria do carvão hoje nos gera.

Na região carbonífera de Santa Catarina este debate está bem mais avançado. Lá, além de alternativas econômicas já em vigor, o carvão ainda está no centro da discussão, quando já conseguiram a prorrogação até 2040 da Usina Jorge Lacerda, além da pesquisa científica avançar a passos largos para um processo de captura do CO2 na queima do carvão mineral.

Então, ou debatemos o futuro agora ou estamos fadamos a uma situação bem complicada em pouco tempo.

* Originalmente este conteúdo foi publicado no jornal impresso 

 

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