Com o objetivo de mostrar para a comunidade de Hulha Negra que a religião é bonita e que não é preciso ter medo de ser mostrada, foi realizada pelo Reino Mãe Oxum fraternidade de Pai Ogum Megê da Calunga, dirigido pela mãe Catiele D’ Oxum, uma caminhada em homenagem a Ogum (São Jorge), no domingo (28).
Em entrevista ao TP, Marcia Catiele Domingues Segui, mãe Catiele, disse que foi incentivada pelo pai de santo Miguel de Oxalá. “Ele me incentivou muito a mostrar para o povo de Hulha Negra, junto aos filhos da Casa, um pouco da nossa religião, de como ela é bonita”.
A caminhada teve início nos trilhos, na entrada da cidade e percorreu a avenida principal, a Getúlio Vargas, até o CFC e retornou até a esquina da padaria Kloppenburg, onde novamente retornou pela avenida até em frente a Prefeitura Municipal. No local, os umbandistas cantaram pontos (canções) e o hino da umbanda. Logo após, o grupo convidou os presentes para prestigiar uma gira no terreiro localizado na BR-293, na Cachoeirinha, também em homenagem a Ogum, lembrado no dia 23 de abril.
Questionada pelo jornal acerca de preconceito, visto o município ser predominantemente católico e evangélico, Catiele fala em respeito e que a religião umbandista também precisa ser mostrada. “Temos muitos Umbandista que não tem coragem de demonstrar e expor sua fé por conta do preconceito. Nosso Reino vem atrás dessa caminhada mostra que não precisamos estar escondidos, que nós não precisamos nos sentir inferiores e acharmos que vamos ser julgados, julgamentos existem, mas o julgamento só existe para quem faz coisas erradas ou faz o mal e nós só estamos mostrando nossa religião, mostrando o nosso amor, a união que a umbanda nos ensina, a caridade através da ajuda ao próximo, sempre cuidando das matas, cachoeiras e das estradas. A gente vem pra lidar com nossas ervas, nossas entidades, com as vibrações. É isso que a gente quer mostrar, que o amor vence sempre, não importa qual religião seja a gente vai estar sempre pronto para ajudar. Nosso Reino está sempre de portas abertas para todos”, afirmou.
OUTROS EVENTOS
Mãe Catiele confirmou o objetivo de dar continuidade a eventos como a caminhada. Ela lembrou que o terreiro existe há três anos com gira (sessões) todas as semanas. “Divulgamos nas redes sociais os dias de gira, não queremos mais ficar escondidos, vamos mostrar o que é nossa religião, mostrar nosso hino da Umbanda, mostrar o que a gente cultiva dentro da umbanda que é amor, paz, união e caridade. Esse ano fizemos nossa caminhada e no final do anos passado fizemos uma limpeza espiritual totalmente gratuita em frente a Biblioteca Municipal de Hulha Negra. Aos poucos vamos ganhando nosso espaço dentro da cidade e mostrando pra todos, pois tem muitas pessoas que não conhecem, só ouvem falar e julgam. Então vamos começar a expor mais pra mostrar o que é realmente nossa religião”, disse ela aproveitando para convidar a todos a acompanharem as giras, onde também há um momento de caridade. “Sempre pedimos que quem puder leve um quilo de alimento, pois há muitas pessoas que precisam de auxílio e costumamos ajudar as pessoas desta forma”.
A RELIGIÃO
O TP ainda perguntou a Catiele o que a Umbanda significa pra ela e os filhos da Casa. “Nosso chão, uma casa sem um alicerce não se levanta, então é o que eu sempre digo aos meus filhos, nossa religião tem que ser nosso alicerce, é através dela que a gente cresce, evolui e aprende. A nossa religião também vem pra trazer a paz, amor e a união. É isso que eu cultivo aqui dentro do terreiro, é isso que eu ensino aos meus filhos de santo, eu ensino a cuidar da natureza, então podem ter certeza que muitas vezes julgam dizendo que está sujo os trilhos ou está suja a cachoeira, mas em nenhum momento foi o Reino de Mãe Oxum, pois não poluímos o meio ambiente, fazemos sim as nossas oferendas, as nossas entregas mas não deixamos nada que possa prejudicar nossa natureza”, explicou.
Por fim ela agradece as entidades que, segundo ela, firmam o terreiro. “Não podemos deixar de agradecer a essa entidade de luz que vem a frente e comanda nosso terreiro, que nos deu esse incentivo, essa força para fazermos nossa caminhada, Pai Ogum Megê da Calunga e Mãe Maria do Balaio”, concluiu.