Uma caixinha para colocar o celular. Esta é a forma adotada pela Escola Estadual Dalva Conceição Medeiros, de Hulha Negra, para que os estudantes levem o celular para a escola e não atrapalhem a rotina diária de aulas do educandário.
O uso do celular entrou em pauta com a tramitação, na Câmara dos Deputados, do projeto de lei (PL) 104/2015, que proíbe o uso de celular e de outros aparelhos eletrônicos portáteis nas salas de aula de escolas públicas e particulares, inclusive no recreio e nos intervalos entre as aulas. O projeto já foi aprovado na Comissão de Educação e seguiu para a Comissão de Constituição e Justiça.
Pelo PL, o celular pode ser usado apenas para atividades pedagógicas, ou seja, orientadas pelos professores, nos anos finais do ensino fundamental, do 6º ao 9º ano e no ensino médio. Já nos anos anteriores, na educação infantil e nos anos iniciais do fundamental, do 1º ao 5º ano, o uso fica proibido. O texto, no entanto, permite ainda o uso do aparelho para fins de acessibilidade, inclusão e condições médicas.
Em entrevista ao jornal, a diretora Cândida Silveira falou sobre o sistema adotado na escola para evitar o uso indiscriminado e de forma errada na escola, a fim de não atrapalhar as atividades pedagógicas. Conforme a diretora, há 6 anos, uma caixa de madeira foi colocada na sala da diretoria para que o aluno que levar o celular para a escola , deixe o aparelho enquanto estiver na sala de aula.
“O líder ou vice-líder da turma recolhe o celular, traz e coloca na caixinha, dentro de uma sacolinha identificada. Na hora do recreio, eles pegam o celular por esses 15 minutos e ao término, novamente o responsável da turma recolhe e leva para a caixinha até a hora da saída do aluno. De forma excepcional quando algum professor vai fazer um trabalho diferenciado, liberamos o celular, mas diariamente é dentro de uma caixa e funciona muito bem”, relatou Cândida.
A estudante Ana Júlia Scoto Munhoz, do 8° ano do Dalva, falou ao jornal sobre o sistema adotado na escola. “Eu acho justo porque, às vezes, se caso o celular fosse liberado, certas pessoas não iam conseguir prestar atenção. Então acho que a forma mais justa de ter o celular na escola é dentro da caixinha”.
Em Candiota, na Escola Estadual Dario Lassance, localizada na sede do município, de acordo com a diretora Luciane Silva, é proibido usar o celular no período da aula, salvo se o professor for fazer alguma atividade pedagógica. “Não podemos proibir do aluno carregar o celular para a escola, até porque pode acontecer alguma emergência até no caminho para a escola, mas não permitimos em sala de aula. Claro que alguns fogem a regra, mas se são pegos usando o celular, os aparelhos são retirados e deixados na direção para que um responsável pelo aluno retire. De uma forma geral o uso tem sido tranquilo e não acontecem muitos problemas”, expôs.
TECNOLOGIA NO MUNDO
Conforme a Agência Brasil, o uso da tecnologia nas escolas é tema de debate nos encontros internacionais que ocorrem essa semana em Fortaleza. Foi discutido tanto nos encontros de educação do G20, quanto na Reunião Global de Educação (GEM, na sigla em inglês), organizada pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). O relatório de Monitoramento Global da Educação (GEM) 2024, aponta que o uso da tecnologia é muito desigual entre os países. Em países de alta renda, oito em cada 10 adultos conseguem enviar um e-mail com um anexo, mas em países de renda média, como é o caso do Brasil, apenas 3 em cada 10 adultos são capazes de fazer isso.
Segundo o diretor do relatório GEM, Manos Antoninis, uma das mensagens mais impactantes do relatório é a queda na aprendizagem dos estudantes em todo o mundo. De acordo com ele, essa queda começou a ser observada em 2010, antes mesmo da pandemia. Entre as razões para que isso ocorra, sobretudo em países de renda alta e média, como o Brasil, está o uso de tecnologia nas escolas. “É irônico porque todos esses que vendem a tecnologia, prometem que a tecnologia melhora a aprendizagem. A realidade é que quando há um melhoramento é só para muito poucos. Para a maioria dos alunos há um efeito negativo”, disse.
ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO