Na última semana, o Tribuna do Pampa cumpriu seu primeiro desafio em novo formato – com transmissão ao vivo em imagem e som – entrevistando o candidato a prefeito mais votado de Candiota, Luiz Carlos Folador (MDB). Numa eleição disputada com o atual prefeito Adriano dos Santos (PT), Folador colocou à prova seu patrimônio político, quando após 30 anos de militância no PT, trocou de partido.
Numa cartada alta, o ex-prefeito venceu mais uma eleição e se consolidou como a maior liderança política do município. Com 52,27% dos votos, agora ao lado do vice Paulinho Brum (PSDB), 3.268 eleitores decidiram que ele deverá retornar ao cargo mais alto da Prefeitura de Candiota – assim como foi entre os anos de 2008 e 2016.
RESULTADO – Durante a entrevista, Folador foi questionado ao que atribui ter sido o candidato a prefeito mais votado por três vezes em Candiota. “Acredito que é graças a trajetória que eu tenho aqui desde 1989. Quando cheguei, trabalhava na Emater e nós atendíamos todos os assentamentos – na época Bagé, Hulha Negra e Candiota. Posteriormente, em 1993, vim morar em Candiota com a minha família e, em 1996, concorri a vereador, me elegi e assumi a Secretaria de Agropecuária. Naquele período, nós criamos o Comitê da Fruticultura, que era um sonho – muitos até diziam que era algo inatingível – e que nós juntamos forças, conseguimos realizar e hoje é uma realidade”, relembrou.
Segundo avaliou, a campanha eleitoral foi algo desproporcional no ponto de vista econômico, do número de partidos e de candidatos. Diante disso, a estratégia foi utilizar uma ferramenta considerada a mais importante: a relação com as pessoas, porque cada um decide o seu voto. “Uma das minhas premissas básicas é que o mesmo tempo precioso utilizado para reclamar é o tempo precioso para buscar alternativas; o mesmo tempo utilizado para buscar culpados é o tempo precioso para buscar soluções. Foi a mesma coisa na campanha – que era desproporcional no ponto de ”, disse.
De acordo com o prefeito eleito, sua campanha foi feita baseada em propostas que serão cumpridas ao longo da gestão. “Entre elas a manutenção da Miguel Arlindo Câmara (MAC), abertura de um polo educacional, atração de novos investimentos com a geração de energia através do leilão do carvão, entre outros. Acredito que esse resultado é a vontade das pessoas de renovar, porque a gente vive de ciclos e a política também deve ser assim. Todos os ciclos que criam vícios e comodismo devem ser melhorados”, avaliou.
DO PT PARA O MDB – Na oportunidade, o político foi provocado a contar sobre sua saída do PT e sua ida para o MDB. “Foi um ciclo de 30 anos de dedicação, aprendizado, muitos amigos. Só que ao longo do tempo eu fui aprender que todos os partidos têm pessoas boas e a ampla maioria das pessoas são realmente boas. O que as vezes acontece é que, ao invés de extrairmos de cada pessoa a sua essência, na política se busca destituir. No meu caso eu busco construir e assim foi durante toda a minha trajetória. Nós vivemos em uma democracia, durante 30 anos eu tratei bem a todos – independente de partidos, fui bem tratado e hoje estou junto do MDB. Se você tratar bem as pessoas, elas vão te tratar bem. Nunca sabemos o futuro, se naquele período eu não tivesse tratado bem o MDB, eles não teriam me convidado para essa filiação e hoje, provavelmente, eu não estaria aqui”, disse.
Durante a conversa, ele também disse ter sido convidado a se filiar no PDT, PSDB e PSB. “Eu já não era mais prefeito, estava conversando com o Gildo Feijó (MDB) e disse que pensava em sair do meu partido. Ele disse que havia uma ficha guardada para mim e eu falei que se saísse do PT eu aceitaria, dei a minha palavra. As coisas foram acontecendo, conversei com outras pessoas, não convidei ninguém para vir comigo, saí do PT tranquilo e de cabeça erguida, fiz tudo de forma ética e correta”.
LEGISLATIVO – Sobre ter a minoria na Câmara de Vereadores a partir de 1º de janeiro, Folador disse que lidará com a situação de forma muito respeitosa independente de partidos políticos. “Precisamos somar forças. Essa política do carvão, por exemplo, de termos um novo leilão, nós precisamos unir além da Câmara de Vereadores, todos os prefeitos e vice-prefeitos da região, os deputados estaduais, federais e demais forças vivas para que a gente possa lutar por essa bandeira. Em relação ao trabalho do Legislativo, o prefeito não deve interferir, eles têm autonomia de eleger um presidente, a Mesa Diretora e de fazer sua composição – a qual torço para que seja suprapartidária, mas sempre haverá de minha parte o respeito”, garantiu. Ainda segundo ele, vereadores tanto da base do governo quanto da oposição terão a liberdade de fazer as críticas que entenderem pertinentes – acreditando que assim é possível construir algo melhor.
2021-2024 – A expectativa gerada pela população candiotense diante do trabalho que Folador, Paulinho e seus secretários de governo realizarão pelos próximos anos é assunto nas mais diversas rodas de conversa. Conforme lembrou os entrevistadores do TP, os tempos atuais são bem diferentes dos oito anos que o gestor esteve à frente do Executivo, inclusive pela crise sanitária causada pela pandemia do novo coronavírus. Diante disso, o candidato eleito citou um trabalho voltado ao planejamento e à economia. “Temos que começar a fazer o dever de casa – das folhas de papel à energia elétrica utilizada nos prédios da Prefeitura e gastos com combustível; fazer processos licitatórios totalmente transparentes, com uma disputa equilibrada e que possa trazer os valores para baixo; planejar melhor as obras e economizar para conseguir realizar”, afirmou.
Conforme afirmou Folador, a obra da MAC está entre as realizações de seu governo nessa gestão que está prestes a iniciar. “Já caminhei toda a sua extensão pagando uma promessa e também pude reparar alguns trechos. No início eu fiquei bastante assustado porque são muitos trechos ruins, mas tem outros mais tranquilos, mas a gente vai fazer a rodovia. Vamos fazer uma parceria com a Prefeitura de Bagé, porque eles têm uma usina asfáltica e a gente vai remunerar a prestação de serviços desta usina. O certo é que o pessoal pode ficar tranquilo, durante o nosso mandato, vamos fazer toda a extensão da MAC. Toda ela será feita e muito bem feita, sem aumentar o valor dos impostos”, garantiu. A intenção é começar a obra pela Vila Residencial em direção a Vila Operária.
Sobre o abastecimento de água, outra importante demanda da população de Candiota, o futuro prefeito também comentou. “Em primeiro lugar nós vamos criar o Comitê de Gestão e ele será permanente, com membros da própria Prefeitura e alguns voluntários (profissionais) que poderão participar. Vamos investir nos geradores de energia, bombas e um sistema de automação, porque a Estação de Tratamento de Água (ETA) da Vila Operária tem condições e é nova. Tudo vai ser realizado dentro de um planejamento, as coisas não podem ser uma decisão do governante, tem que ser de um conjunto de pessoas, mas sem demorar muito. Planeja-se e realiza-se. Economiza o dinheiro e coloca nesse setor, que é de extrema importância para toda uma comunidade visto que o abastecimento de água é algo fundamental”, finalizou.