POLÊMICA

Vereador diz que vai processar prefeito de Bagé depois da polêmica dos testes toxicológicos

Lelinho disse que o prefeito cria uma cortina de fumaça para uma cidade que está abandonada. Divaldo diz que no momento está preocupado com a crise hídrica do município

Lelinho e Divaldo ficaram frente a frente na sessão de abertura do Legislativo na última sexta (3), quando o prefeito sugeriu que os vereadores de oposição fizessem testes toxicológicos Foto: Anderson Coka/Especial TP

Em contato com o TP, o vereador Lelinho Lopes (PT) disse que vai processar o prefeito Divaldo Lara (PTB), por, segundo ele, ter lhe ofendido. “Recebi alguns ataques pessoais por parte do prefeito e sobre esse assunto, por ele não ter imunidade parlamentar, estarei processando o mesmo”, promete Lelinho, em mensagem enviada ao jornal.

A polêmica começou quando o prefeito levou para a tribuna da Câmara, na sessão de abertura do ano Legislativo na última sexta-feira (3), a sugestão de que os cinco vereadores da oposição deveriam fazer teste toxicológico. Na ocasião, Divaldo levou uma enfermeira e cinco testes – exatamente o número de vereadores que lhe fazem mais oposição – quatro do PT e uma vereadora do PSB. “Ele criou uma cortina de fumaça para desviar o assunto e não debater os problemas da cidade de Bagé, que está abandonada. A bancada de oposição não se negou a fazer o teste toxicológico, mas entendemos que foi uma atitude que não compete ao prefeito, que insinuou que usávamos drogas. Queremos fazer um debate sério para discutir a cidade, as pessoas não aguentam esse tipo de política. O prefeito está brincando com o povo, isso não é digno de confiança”, disse Lelinho, que ainda assinalou que o prefeito apresentou na tribuna do Legislativo, um exame do ano de 2020, que não tem mais validade. “Postou na rede social e depois que foi denunciado que era de 2020, ele apagou e no mesmo dia postou novamente se retratando dizendo que é antigo, mas que já estaria fazendo novos exames”, afirmou, lembrando que Divaldo está inelegível por uma condenação na Justiça Eleitoral e que responde a outros 13 processos.

Em contato com a assessoria do prefeito Divaldo, que está em a viagem a Brasília, ele disse que no momento seu foco é outro e que o vereador busque os meios que achar. “Nesse momento, meus esforços estão dedicados ao abastecimento da cidade e a sua grave falta hídrica. Estamos com 7 metros abaixo do nível normal na nossa principal barragem. Com relação à posição do vereador, que ele proceda da maneira que achar melhor. Para alguns a verdade é considerada uma ofensa”, rebateu.

Numa longa reportagem veiculada pelo portal G1, é citado um vídeo divulgado por Divaldo, onde ele destaca que quem não deve não teme. “Em Bagé, alguns vereadores esquerdistas se sentiram coagidos, se sentiram ofendidos e também constrangidos. Isso tudo porque, ao visitar a Câmara, levei meu exame toxicológico e convidei todos os parlamentares a também fazerem o exame. Ora, quem não deve não teme. Diversos profissionais e atividades precisam fazer esse exame para o exercício do seu cargo”, diz o prefeito.

Na mesma reportagem do G1, o presidente da Câmara, Rodrigo Ferraz (União Brasil), disse que acha válida a demanda do prefeito, já que o município está passando pelo que classificou como “epidemia” de drogas, e os vereadores “precisam dar exemplo”, assim como profissionais de outras áreas que realizam esse exame, citando o caso de motoristas.

Lelinho já se submeteu ao teste na própria Câmara na última sexta e também fez outro em laboratório particular como contraprova.

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