Seis dos oito vereadores pinheirenses que se pronunciaram na sessão ordinária desta terça-feira (7) disseram ser contrários aos posicionamentos e ações do atual governo de Zé Antônio. Dois utilizaram o espaço para tratar de outras pautas, Mateus Garcia (PDT) e Sidinei Calderipe (PSB), e apenas um não fez uso da palavra, Wilson Lucas (PDT). Esse foi o resumo da reunião no Plenário Walter Azambuja desta semana.
Mesmo que nas entrelinhas, os parlamentares fizerem referências às últimas entrevistas dadas pelo gestor ao TP – onde disse ver o atual cenário mais favorável em relação ao que encontrou e que tem perspectiva de encerrar o ano de um modo mais positivo.
Para Fabrício Costa (PSB), é preciso atentar que, se há realmente a intenção de colocar a folha em dia e quitar o 13º até dezembro, já estamos no mês de maio e nada parece ter sido feito. “Dizer que tem intenção e que está indo em busca disso é muito fácil, mas se for analisar o que realmente está acontecendo infelizmente não dá para passar essa perspectiva para os funcionários. A meu ver tudo isso se dá por questões de gestão e de prioridades, que o governo demonstrou que tais seriam as mais plausíveis, mas não podemos chegar aqui e dizer que as coisas estão se encaminhando”, afirmou.
Ronaldo Madruga (Progressistas) disse achar totalmente impossível que o governo entregue o município em condições melhores do que recebeu. “Eu jamais gostaria de entregar o município com o déficit menor sugando o servidor público – não dando reposição salarial, não pagando o vale-alimentação em dia e retirando a insalubridade. Isso é como se você fizesse a política negativa, porque mostrar equilíbrio financeiro e entregar com um resultado positivo comparando com a gestão anterior não é você retirar tudo isso do servidor e ir para a mídia dizer que a situação vai melhorar, aí é muito fácil e qualquer um de nós faria”.
Na oportunidade, Gilson Rodrigues (PT) disse estar ciente que Executivo e Legislativo estão diante de um desafio muito grande e aproveitou para criticar a mais nova ação do governo – anunciada na última edição do TP e que já tem sido bastante comentada pelos bastidores da Prefeitura: haverá mudanças nas Secretarias da Fazenda e da Administração. “O Executivo fechou escola, aumentou o Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU), a taxa de lixo e o aforamento perpétuo e sabe o que apresentou? Contratação de secretário. É isso. O salário ainda está com dois meses em atraso, o 13º vai atrasar de novo e aí? Eu não vejo preocupação nenhuma do Executivo quanto a isso, de pagar em dia, de dar a reposição salarial que não chegou aqui ano passado e nem esse ano”, lamentou.
Ainda do grupo da oposição, desta vez Cabo Adão (PSDB) foi sutil nas críticas e não citou explicitamente o nome de Zé Antônio como costuma fazer. Apesar disso, durante sua fala não deixou de expor a situação da população de Torrinhas que, segundo ele, não conta mais com funcionário no Posto de Saúde e o trabalho do Conselho Municipal de Trânsito (Comut) – que disse legislar em causa própria. “Tem carros novos na Saúde, os postinhos estão muito bonitos e tudo as mil maravilhas, mas e o pessoal de Torrinhas? Tiraram de lá a única pessoa que abria, limpava e tinha alguma noção para verificar uma pressão que aquele pessoal lá precisa”, disse. Segundo o parlamentar, tem gente demais trabalhando na Secretaria de Saúde e só não vê quem não quer. “Falam em diminuir a máquina, mas são os primeiros a colocar mais gente. Como ficam essas pessoas que moram a 100km da cidade sem assistência nenhuma? Aqui tem muita gente”, questionou.
Até então nenhuma novidade no discurso da oposição sendo contrária aos posicionamentos do prefeito Zé Antônio. Apesar disso, nesta semana, Renato Rodrigues (PSDB) e Jaime Lucas (MDB) também se uniram ao grupo questionador e descontente com a realidade da Prefeitura. Confiante desde que assumiu o posto de líder do governo na Câmara de Vereadores, Renato mudou seu discurso. Segundo ele, a situação é realmente de “cair os butiás do bolso”. “Eu estava muito animado até ligar para a Secretaria da Fazenda e saber que os funcionários vão receber de novo só R$ 750. O que vão fazer com isso? As coisas vinham andando, mas eu perdi a fé que eu tinha”, lamentou.
Ainda segundo o parlamentar, a máquina da Prefeitura não suporta o peso que carrega. “Tem Secretarias entupidas de gente como a da Saúde e a da Educação e se não diminuir um pouco os Cargos de Confiança (CC) eu acredito que a coisa não ande”, ressaltou. Para ele, é inacreditável que Zé Antônio contrate mais um secretário. “Eu quero ajudar o meu prefeito, mas não vou deixar de apontar quando acho que é errado”, disse.
Enfático, Jaime Lucas (MDB) usou boa parte do seu espaço para falar sobre a equipe econômica da Prefeitura. Segundo ele, eles não têm condições de fornecer informações corretas ao Executivo para que tome decisões. “Embora eu seja da base governista, nunca escondi meu descontentamento com a forma que a Secretaria de Finanças e a parte contábil conduziam a Prefeitura. O financeiro pecou muito e só viu o que estava errado depois que errou muito. Não é possível que se erre o primeiro ano, erre o segundo ano e já vamos para o terceiro secretário em dois anos e vamos para o 4º, podem ter certeza”.
Conforme apontou, o gestor da pasta precisa dominar o financeiro total e dizer para o prefeito parar de gastar. “Eu também não concordo que vá colocar as finanças em dia até o fim do ano, que vai pagar tudo até o fim do ano. É claro que não vai pagar, porque está gastando mais do que arrecada. É só fazer o comparativo desses primeiros quatro meses em 2018 e 2019, o nosso resultado é negativo e nem a contabilidade e nem o financeiro aponta”, disse. Para Jaime, o desafio de colocar as finanças em dia só vai acontecer se muita coisa parar. “Para as retro, os caminhões e vai ter que começar a parar tudo, porque o dinheiro é um só. Querem se enganar dizendo que vão colocar em dia? Eu não me engano, eu sei que não vai e que vai chegar no fim do ano e também não vai pagar o 13º. Evoluímos? Não evoluímos”, concluiu.