A semana

Não se pode reclamar no Brasil de hoje de falta de assunto. O governo federal garante polêmicas todos os dias. Faz parte do plano, distrair o país.
Diálogos são outros quinhentos. Parece que ninguém tem paciência, tempo ou vontade de estudar, mas todos têm opinião formada sobre tudo, impaciência e nenhuma vontade de ouvir argumentos que não sejam os seus.
Os cortes na educação ganharam a maior relevância. Não por acaso. Cortar ou contingenciar (não é a mesma coisa) verbas de universidades públicas é meter os bedelhos em ambientes dominados pelos ricos. São outros quinhentos. Nunca ouvi uma única pessoa questionar os investimentos em universidades públicas. Neste caso, não é porque os investimentos são questionados, é corte ou contingenciamento por falta de dinheiro, segundo o governo.
Se falarmos que existe desperdício ou desvio de dinheiro no Ministério da Economia, dos Transportes, da Saúde, das Relações Exteriores, enfim de qualquer Ministério, todos dizem que é óbvio, todos sabemos que há desvios em todos os lugares. Porém, falar que há desperdícios ou desvios de dinheiros nas universidades públicas é querer arrumar confusão. Esta semana, o governo questionou coisa alguma, apenas fez um corte ou contingenciamento.
O governo federal gasta muito em universidades e escolas técnicas federais, comparando com o que municípios/estados/união juntos gastam em escolas de ensino fundamental e médio (5x,10x ou 15x mais por aluno, dependendo do município e da universidade). Esta é uma afirmação verdadeira. Raríssimos sabem falar, com conhecimento de causa, sobre esta comparação. O governo voltará atrás. Em parte, pelo menos.
Eu gostarei de assistir debates técnicos sobre investimentos em educação. Sobre este tema, até hoje, sempre falei sozinho para pessoas que não querem ouvir. Analisar educação sob aspectos gerenciais e econômicos é uma ofensa. É querer tirar as pessoas da zona de conforto. Professores não questionam como são gastos os recursos da educação.
As grandes questões do governo passam pela falta de um debate adequado. Esta semana, voltamos às armas. No senado, o filho do presidente elogiava o governador do Rio de Janeiro pelo fato de que as forças militares do estado estão matando como nunca. Quando as forças públicas, matando mais, representam a única promessa relevante de governo que vem sendo cumprida, algo não está muito certo no país.

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