Um desentendimento entre os vereadores tucanos Cabo Adão e Renato Rodrigues tem sido alvo de dúvidas sobre os rumos da presidência da Câmara de Vereadores de Pinheiro Machado para 2020.
Apesar da eleição para a mesa diretora acontecer a cada dois anos, de acordo com o regimento interno, no início do governo Zé Antônio os parlamentares do PDT, MDB e PSDB fizeram um acordo para contemplar os partidos da base governista. Nas últimas semanas, já próximo do fim do período em que Mateus Garcia (PDT) ficaria na presidência, Cabo Adão disse não estar mais alinhado com o acordo.
Segundo informado, Renato Rodrigues – cotado para o cargo maior no Legislativo no último ano de mandato – não tem o voto do colega de bancada. Em conversa com a reportagem, ele deixou claro que somente um vereador não tem o poder de mandar em um partido inteiro. “O PSDB está aceitando o acordo, só quem não está aceitando é o vereador Adão. Ele já me disse que eu não tenho o voto dele, mas ele não manda no partido sozinho, quem manda é o presidente”, afirmou.
De acordo com Renato, embora sem o apoio do companheiro de partido, ele já garantiu voto da oposição para assumir a presidência da Câmara de Vereadores. “Eu nem preciso do voto dele porque já tenho o quinto voto da oposição e acredito que até mais que isso para me eleger. Eu só espero que o atual presidente cumpra a sua parte no acordo e renuncie na última sessão como foi combinado lá no início. O PSDB também está cumprindo, quem não quer que cumpra é somente um vereador e ele não pode decidir por um partido todo”, disse. O voto ao qual o parlamentar se refere é de Ronaldo Madruga (Progressistas), que na sessão ordinária desta terça-feira (10) declarou publicamente apoio a Renato caso ocorra nova eleição.
Em contato com Cabo Adão, o vereador confirmou que não há possibilidade de votar em Renato, visto que a dupla de bancada nem sequer se entende. Ele também afirmou que seu compromisso maior vai continuar sendo com a população. “Quero deixar bem claro que eu não votar no Renato não significa que eu tenha intenção de fazer parte de outra chapa ou que eu pretenda ser presidente da Casa. O que acontece é que desde o início ele nunca concordou comigo – nem na votação de contas do ex-prefeito Felipe (da Feira) ou no processo de cassação do Zé, por exemplo – e ele nunca combina nada comigo. É por isso e também por não nos entendermos que eu não voto nele”, justificou.
Além disso, o parlamentar declarou para a reportagem total apoio para a continuidade do trabalho do atual presidente. “Estamos mudando a Lei Orgânica, o Regimento Interno da Câmara e também o Código de Posturas do município e eu acredito que o vereador Mateus está apto para acompanhar tudo isso como presidente. Sugeri que ele não renunciasse porque o trabalho está indo bem. Entendo que o melhor para a população é que a mesa diretora fique como está até o final de 2020”.
PSDB – O ex-vereador Edison Molina, presidente do PSDB, disse para ao TP que só vai se pronunciar oficialmente na próxima semana – quando haverá uma decisão definitiva sobre o caso. Apesar disso, um documento já foi encaminhado para o atual presidente do Legislativo isentando-o de qualquer responsabilidade diante da desavença e possível quebra de acordo.
O jornal teve acesso ao documento assinado pelo próprio Molina, que também foi lido durante a sessão ordinária desta semana. “Venho através desde comunicar que nos encontramos com problemas internos no partido PSDB e isentamos o senhor (Mateus Garcia) de quaisquer problemas que poderão acontecer na troca de presidência desta Casa”, diz o registro.
ATUAL PRESIDENTE – Para Mateus Garcia, sua parte no acordo segue mantida e haverá a renúncia na última sessão do ano desde que o PSDB também cumpra com o combinado. “A nossa ideia era que a mesa diretora renunciasse para então o vereador Renato assumir a presidência. Agora estamos aguardando o que o PSDB vai decidir diante desse problema interno que estão enfrentando, mas garanto que eu estou pronto para cumprir o acordo e honrar com a minha palavra. Caso eles não cumpram a parte que compete a eles, o acordo termina”, afirmou o presidente do Legislativo.
Questionado diante da garantia do quinto voto junto à oposição para eleger Renato, Mateus disse que isso não faz parte do acordo firmado entre os três partidos e os cinco vereadores. “O acordo era que os votos para garantir o Renato na presidência viriam dos partidos da situação, não foram levados em consideração os outros votos nesse acordo e por isso não estou levando também”, disse finalizando a conversa com o TP.