EDUCAÇÃO

Comunidade decide não retornar às aulas em escola estadual por causa das enturmações

Uma ação deverá acontecer na escola na data prevista pela CRE para início das aulas

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Reunião aconteceu nas dependências da escola Seival Foto: Divulgação TP

O início das aulas na Escola Estadual de Ensino Fundamental Seival, que após reunião com a 13ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), ficou agendada para a próxima quinta-feira (27), talvez não aconteça.

Isso porque durante um encontro na tarde de quarta-feira (19) na escola Seival entre pais de alunos e a direção do educandário, foi decidido pelos pais que estavam presentes, de acordo com a presidente do Círculo de Pais e Mestres (CPM) da escola Seival, Deise Dias, que por não aceitarem as enturmações determinadas pela Secretaria de Educação do Rio Grande do Sul (Seduc), a escola será bloqueada. “Os que estavam presentes resolveram não retornar as aulas enquanto não voltar os dois turnos. Dia 27 estaremos todos na frente da escola, a partir das 8h com cartazes e não vamos deixar ninguém entrar, nem professores e nem funcionários”, explicou.

O TP também conversou com a ex-aluna da escola Seival, Chana Graciela Lopes de Rodrigues, mãe da aluna Marjore Rodrigues, 11 anos, do 7º ano. Ela manifestou insatisfação com a situação da escola. “A enturmação das séries e a redução para o turno da manhã vai prejudicar a todos. A meu ver, a escola vai ir fechando aos poucos. É triste ver a escola que estudei e que hoje minha filha estuda nesta situação. A 13ª CRE não enxerga alunos, conta somente números, querem juntar muitas crianças em uma sala sem espaço físico para suportar. Nós pais estamos lutando para que isso seja revertido em breve. Nossos filhos, se trocados de escola em razão do aprendizado e espaço físico, deixarão de ter uma escola a poucas quadras de suas casas e passarão, alguns, a viajar mais de 30km em estradas movimentadas com caminhões da usina, porque o que vai acontecer com as ações desse governo é o fechamento da escola Seival”, manifesta a mãe da aluna.

APOIO – Familiares de alunos solicitaram apoio das autoridades do município para tentar reverter a situação. Após uma reunião com o prefeito Adriano dos Santos, que se mostrou solícito quanto a causa, o pedido de apoio foi direcionado aos vereadores candiotenses.

Aproveitando a viagem para Porto Alegre, o vereador João Roberto da Silva (PT) conseguiu uma agenda com a presidente da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, deputada Sofia Cavedon (PT) e solicitou que houvesse uma intervenção. “Encontrei com a deputada para avançarmos e debatermos alguns desmanches que estão ocorrendo, principalmente na escola Seival, onde em razão da enturmação, crianças de 6 anos estarão na mesma que outras de 9, 10 anos. Entendemos ser prejudicial para as crianças e queremos tentar reverter esse ponto de vista pedagógico, educacional. Foi positivo, pois a deputada nos garantiu que a Comissão ficará à disposição para tratar da pauta”, relatou o vereador.

13ª CRE diz que mudanças ocorreram por necessidades administrativas

“A escola Seival não voltará a ter dois turnos e funcionará com enturmações”. Na manhã desta quinta-feira (20), a reportagem do TP conversou com a coordenadora da 13ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), Miriele Barbosa Rodrigues, que na ocasião, ao ser questionada sobre a possibilidade de uma reversão quanto as enturmações, foi enfática dizendo que as decisões são consequências de medidas administrativas.

Conforme Miriele, a escola Seival é considerada rural e devido as atuais características entrou na lista das adequações assim como outras escolas da região. “A enturmação na escola rural é permitida. Verificamos o número de alunos da escola que tem histórico de evasão escolar ao longo do ano e após análise foi constatado que seria possível adotar a medida. São poucas crianças, não tem como desenturmar. Essa, inclusive, foi a medida adotada para que a escola sobreviva na localidade”, explica a coordenadora.

O TP também questionou acerca da qualidade de ensino e quadro de funcionários. “São turmas pequenas, se o professor fizer um bom trabalho, certamente haverá qualidade no ensino. Os professores restantes já foram realocados em outras escolas. Ofertamos opções e respeitamos as decisões de horários, mas não é possível mudar esta realidade. Também deixamos os pais cientes que podem procurar outra escola, que se adeque as características buscadas para o seu filho”, diz Miriele.

Por fim, quanto a possibilidade de não retorno as aulas, a coordenadora explica as medidas tomadas e orienta pais e responsáveis. “Conversamos com a direção da escola e as aulas retornam dia 27 de fevereiro. Estamos ofertando as vagas, porém se os alunos não comparecerem receberão falta e chegando ao limite será acionado o Conselho Tutelar – procedimento padrão”, conclui a gestora, informando ser sensível aos questionamentos e que deverá receber pais de alunos na próxima semana na CRE.

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