É preciso pensar nas pessoas

Vivemos num país que tem, a princípio, três poderes, o executivo, o legislativo e o judiciário. Há quem fale no quarto poder, a imprensa. No Brasil há mais um, as forças armadas que volta e meia “chutam o balde”. Seria bom que estes poderes atuassem em harmonia de forma a promover o “bem comum”. Seria. Nem sempre é assim que atuam.

Poucas vezes vi momen­to conturbado como este. Tinha cinco anos quando a ditadura foi instaurada e para mim, naquele tempo, não havia dúvida, todo mundo sabia quem mandava. Para o bem e para o mal.

A ditadura permaneceu por vinte e um anos e encerrou com um presidente que foi um desastre e “preferia o cheiro dos cavalos ao cheiro do povo”, palavras de João Baptista Figueiredo, o presidente citado. Sarney se manteve com um governo pelas caronas no qual a polícia federal andou laçando boi no campo para botar carne no supermercado. Collor de Melo caiu porque meteu a mão no dinheiro dos ricos e exagerou pegando também o dos pobres. Caiu porque o povo quis assim. Fernando Henrique Cardoso e Lula eram excelentes equilibristas, até salto mortal no arame eles davam. Dilma, intelectualmente confusa, caiu sem saber porque subiu. Temer se manteve fazendo as concessões que precisou fazer e só não foi lançado para fora porque assumiu para encaminhar o mandato até o final.

Bolsonaro é um caso à parte. É um problema psiquiátri­co que, na idade dele, não tem solução. Eleito, em parte com o voto de protesto de uma multidão, cansada da mesmice dos políticos do “centrão”, faz o que sabe e sempre soube fazer, confusão, conflito, promover a discórdia, lançar dúvidas, ameaças, fazer de conta que não vê o que todo mundo vê e criar uma história que só existe na sua imaginação para cada momento.

O problema é que o governo perdeu o bom sendo faz tempo, a imprensa também, o judiciário, através do Supre­mo Tribunal Federal, também, a polícia federal pretende ser protagonista e muitos militares da reserva querem cargos e poderes absolutos. Menos mal que a Câmara e o Senado recolheram um pouco as linhas. Em silêncio, para o público, os líderes das forças armadas devem estar analisando que golpe de estado começa derrubando o presidente e o ambiente no mundo não está a facilitar tal investida.

Ninguém se entende, todos se ameaçam, muitos procu­ram se safar das falcatruas feitas, das fake news divulgadas e dos arroubos em horas inadequadas. O barco deste país sem rumo navega fazendo suas vítimas, dezenas de milhares delas, atacadas por um vírus que, nem de perto, é tão mortal quanto o descalabro que está ocorrendo e poderá ocorrer com o desatino entre os poderes e com barco sem comando.

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