MOTOCICLISMO

Especialista diz que acidente em prova de Velocross em Candiota foi fatalidade

Regulamento prevê cinco metros de distância da pista do público e em Candiota estava a 30, segundo a organização. Duas pessoas continuam internadas, mas fora de perigo

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Pista é considerada pelos pilotos como uma das melhores do RS Foto: Divulgação TP

A pista da Vila Operária, em Candiota, registrou um novo acidente no último domingo (12), quando se desenrolava o Ci­tadino de Velocross. No momento do ocorrido estava sendo realizada apenas a quarta corrida da tarde.

Em disputa por posição, uma moto de 450 cilindradas, con­duzida por um experiente piloto e multicampeão da categoria, teve o acelerador trancado no final de uma reta. A moto se desgovernou e acabou atingindo cinco pessoas que assistiam a prova.

O TP conversou com o promotor de eventos de velocidade, especialista em motociclismo e ex­-piloto Jeferson Cappua, o Batata, que é candiotense, mas atualmente mora em Brasília. Ele analisou à distância o acontecido.

Conforme Batata, que aju­dou a projetar a pista da Vila Ope­rária e que é considerada uma das melhores do Estado, a distância do público nas provas pelo regulamen­to é de cinco metros e segundo os organizadores, no momento do aci­dente era de 30 metros. “Estavam longe demais e atrás do alambrado. A colisão ocorreu com o público porque é uma moto de 450 cilindra­das, que chega a 160 km, e nesse caso, como o acelerador travou já no final da reta, em alta velocidade, o piloto não tem o que fazer. Se ele se atira no chão e larga a moto, ele iria bater no alambrado e passar direto causando uma tragédia pior. Ele relatou aos organizadores, que quando viu que não tinha mais es­paço para parar e desviar, mirou no mourão para não pegar as pessoas e ainda assim acabou pegando. Ele é um piloto super experiente, cam­peão, maduro e veterano, com uma moto nova. Foi uma fatalidade”, classifica o especialista.

Conforme ele, em Can­diota, a distância entre a pista e o público é super segura, até além do que determina as normas e regras. “Por isso nesse caso foi uma fata­lidade, o público a 30 metros da curva. Estava em área totalmente segura, e olha que fui eu que cons­truí essa pista, sempre pensando na segurança”, disse.

Em relação a acidentes com pilotos, como o fatal ocorrido em 2018 na mesma pista, Batata assinala que eles assinam um termo se responsabilizando por sua vida dentro da competição. “Eles andam no limite do limite, disputando ombro a ombro, e acidentes acontecem, sendo que ninguém deseja, mas a prova é de velocidade e off-road, risco total, e o que podemos fazer para evitar ao máximo, é proporcionar uma pista sem pó, mais lenta, passando uma grade profunda e curvas bem desenhadas positivas. Se toma todo cuidado, veja quantos anos existe essa pista e nunca tivemos proble­ma com o público. O caso de piloto se quebrar ou falecer como foi o caso passado é muito raro devido aos equipamentos de segurança de última geração”, destaca Batata.

FERIDOS – O TP contatou o Pronto Atendimento 24h de Candiota, para onde quatro vítimas de uma mesma família foram levadas. Entre elas, o estado mais grave era de uma crian­ça de 9 anos, que chegou desacor­dada. O médico plantonista do PA acompanhou os quatro feridos até à Santa Casa de Bagé. Uma outra vítima, um idoso, não passou pela PA e foi levado direto do evento para Bagé, assim como o piloto.

A criança ainda está em observação no Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas está estável e em evo­lução. Ela deve passar por cirurgia porque teve uma fratura de fêmur. Conforme os familiares do idoso, ele continua internado e já passou por cirurgia, pois também teve fraturas do fêmur. Os outros três foram medicados e liberados. O piloto da moto, que num primeiro momento se divulgou que não ha­via se ferido, rompeu os ligamentos dos ombros, mas foi liberado para posterior tratamento.

Após o acidente as provas foram canceladas pela organiza­ção. A Associação Candiotense de Motos Off Roads (ACPMO) – que organiza a competição, prestou e continua prestando apoio às ví­timas e familiares. “Estamos em contato direto e contínuo com as famílias. Fizemos tudo que estava ao nosso alcance, pois estávamos com duas ambulâncias contratadas no local, com dois socorristas e pessoal de enfermagem. Também as medidas de segurança foram to­madas, com distância de 30 metros, além de cerca e mourões entre a pista e o público, que reduziram as repercussões. Foi uma fatalidade”, lamenta Cássio Cappua, que esteve no jornal nesta segunda-feira (13), prestando esclarecimentos.

A Federação Gaúcha de Motociclismo (FGM) emitiu uma nota na tarde desta segunda, quando assinala que a pista tinha as exigên­cias mínimas de segurança, bem como lamentou os fatos ocorridos. “Expressa sua consternação com os fatos ocorridos, e se solidariza com os envolvidos e com ACPMO, pois isto foi uma fatalidade das ativida­des esportivas, as quais são de risco elevado”, assinala o trecho final do documento.

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