DESENVOLVIMENTO

Investidor garante R$ 1 bilhão para a implantação de indústria em Pinheiro Machado

David Grose, acompanhado de Guilherme Batalha e o prefeito Zé Antônio, visitou a área onde será instalada a indústria

David Grose, acompanhado de Guilherme Batalha e o prefeito Zé Antônio, visitou a área onde será instalada a indústria Foto: Roberto Witter/Especial TP

O sócio-fundador da Castlepines Corporation, David Grose, desembarcou em São Paulo nesta semana, quando conheceu mais de perto o projeto para a construção de uma indústria de pellets (que é a madeira transformada em pó e concentrada em pequenos palitos para serem usadas nas usinas termelétricas e para aquecimento), em Pinheiro Machado.

Na capital paulista, Grose foi apresentado pelo empresário Luiz Eduardo Batalha (proprietário da empresa Pellco Pinheiro Machado – dona do projeto da indústria), às empresas que irão desenvolver a montagem do empreendimento, entre elas a alemã Siemens.
Já em solo gaúcho, o mega-investidor neozelandês – que opera mais de 800 fundos de pensões, principalmente ingleses – a sede da empresa fica em Londres -, foi recepcionado no Palácio Piratini, em Porto Alegre, pelo governador em exercício José Paulo Cairoli e grande parte do secretariado do governo do Estado. Também estava presente Luiz Eduardo Batalha e seu filho Guilherme Batalha – que é o principal negociador do projeto.

De helicóptero, o executivo, acompanhado do chefe da Casa Civil Fábio Branco, sobrevoou o Porto de Rio Grande (local onde a produção deve embarcar para exportação) e também a região até a estância Guarda Velha, em Pinheiro Machado, conhecendo também parte das florestas que irão fornecer matéria-prima. Em terra, Grose esteve na área adquirida pela Pellco próximo a Fábrica de Cimentos da Votoran,quase na divisa com Candiota. Guilherme Batalha, o prefeito de Pinheiro Machado, Zé Antônio e o seu vice, Jackson Cabral, acompanharam a visita ao local.

Em seguida, ele foi recepcionado com um churrasco típico gaúcho, em fogo de chão, na sede da estância (propriedade também da família Batalha, onde está instalada uma indústria de azeites). Lá estavam três secretários de Estado – Fábio Branco (Casa Civil), Pedro Westfhalen (Transportes) e Ernani Polo (Agricultura e Pecuária), os prefeitos, além de Zé Antônio, Adriano dos Santos (Candiota), Vitão Rodrigues (Piratini), Renato Machado (Hulha Negra) e Bebeto Perdomo (Pedras Altas), secretários do governo de Pinheiro Machado, além de produtores rurais, empresários, lideranças da região e os vereadores pinheirenses Jaime Lucas (PMDB) – presidente da Câmara, Wilson Lucas (PDT), Mateus Garcia (PDT), Fabrício Costa (PSB), Sidinei Calderipe (PSB), Gilson Rodrigues (PT), Cabo Adão (PSDB) e Renato Rodrigues (PSDB).

FALTA POUCO – Tanto Luiz Eduardo Batalha como o investidor David Grose, não entraram em detalhes sobre o andamento do negócio. Contudo, ficou claro, que falta muito pouco para a sua concretização.

Em conversa com o TP, o investidor se mostrou bastante otimista com o que pode constatar e verificar durante a visita. Para ele, o Brasil é um lugar importante para investimentos, pelo potencial de crescimento. Grose avalia que o projeto da indústria caminha muito bem, pois existe demanda para o produto e preços atrativos. Outra constatação do investidor foi a ansiedade da região pelo investimento, a boa receptividade, além de demonstração de interesse local para o fornecimento da mão de obra.

Também, ele destacou o adiantamento do projeto e a recepção importante do governo do Estado para auxiliar nos pequenos entraves ainda existentes. “Estamos apenas aguardando os documentos finais da família Batalha, que possui nossa confiança, para então liberarmos os recursos necessários. Lá em Londres também há otimismo para que o projeto saia do papel logo”, disse.

A questão de um terminal de embarque no Super Porto de Rio Grande ainda é um dos principais problemas para o empreendimento. Luiz Eduardo Batalha falou que reconhece o empenho do governo do Estado, contudo em se tratando do porto há dependência do governo federal. Ele também adiantou ao TP, que há avançadas negociações com compradores japoneses para o produto. Também Batalha alertou os produtores sobre os preços. “Aumentar ou especular nesse momento é somente para atrapalhar o projeto”, avisa.

O chefe da Casa Civil Fábio Branco, que é primo do superintendente do porto de Rio Grande, Janir Branco, disse durante a recepção que o governo estadual está empenhado pelo projeto. “O que o governo não quer é atrapalhar. Queremos ajudar”, resumiu.

VISÃO SOCIAL – Tanto Luiz Eduardo Batalha como David Grove, demonstraram que o projeto da indústria precisa atender aos pequenos produtores e aos mais pobres. “Se for para ganhar somente os poderosos, não contem comigo”, disse Batalha.

Integrante do Exército da Salvação por 20 anos e cristão praticante, David Grose contou que nasceu numa família pobre da Nova Zelândia e sua filosofia de negócios está em reverter parte dos dividendos nas demandas sociais mais urgentes das populações onde os investimentos acontecem.

Assunto que muito lhe toca, segundo seus interlocutores, Grose é sempre bastante reservado quando se trata de negociações, contudo, ao ser indagado pelo TP sobre investimentos sociais, sua desenvoltura mudou. O executivo lembrou de projetos que investiu em clínicas de saúde e hospitais na Índia, bem como, num orfanato para bebês abandonados em lixeiras no Zimbabwe (país da África Oriental). “Me dedicar as causas sociais é o que tenho feito muito nos últimos anos. Sigo o lema do Exército da Salvação, que é ajudar os que sofrem”, assinala.

UM ALENTO – O prefeito Zé Antônio, em meio a forte crise que se abate sobre o país e especialmente a Pinheiro Machado, analisou que o investimento representa um alento. “Todas as condições estão dadas para que o empreendimento aconteça. Eu sempre tive esperança e fé que seríamos abençoados com alguma coisa boa como essa. A notícia nos dá ânimo para seguirmos em frente, buscando soluções para sairmos da situação difícil que nos encontramos”, pondera.

O INVESTIDOR – A Castlepines investe patrimônio próprio e de parceiros em ativos para obtenção de rendimentos seguros e à longo prazo. Ela opera principalmente nos setores de mineração e recursos; geração de energia e utilitários (caso dos pellets); imobiliário e no transporte marítimo. “A Castlepines procura comprar ativos duradouros e de caráter conservador que fornecem um fluxo seguro de renda passiva. O patrimônio líquido é proveniente dos próprios fundos de pensão, grandes fundos públicos de pensão e fundos de pensão de companhias de seguros.A Castlepines desenvolveu um modelo de investimento que fornece acesso a fundos substanciais de fundos de pensões de forma relativamente rápida e eficiente. Este capital é fornecido através de um ou mais dos nossos bancos parceiros que atuam como conselheiros de fundos de pensões”, explica seu sítio na internet.

A empresa possui sedes ao redor do mundo, como EUA, Japão, Austrália, Alemanha, Inglaterra, Rússia e África do Sul.

A INDÚSTRIA – Na primeira fase se pretende produzir 900 mil toneladas de peletts por ano (o projeto prevê ainda outras duas fases, que ao cabo produzirão 1,8 milhão de ton/ano), com o corte de 5 mil hectares de floresta anualmente. Além disso, a planta produzirá sua própria energia com a implantação de uma central termelétrica com produção de 50 megawatts (MW)/hora, consumindo uma parte e vendendo o excedente. O investimento inicial é de 300 milhões de dólares (mais de R$ 930 milhões). Na termelétrica, além de peletts, será utilizada a casca das árvores cortadas, os galhos e folhas resultante do corte, além de casca de arroz.

A indústria inicialmente pretende gerar 150 empregos na planta industrial (110 na produção de pellets e 40 na termelétrica), bem como, cerca de 650 na colheita da madeira, que será toda mecanizada, perfazendo 800 empregos diretos.

A Pellco já adquiriu uma área de 137 hectares para instalar a indústria, que fica a cerca de dois quilômetros da Vila Umbus (comunidade localizada ao lado da Fábrica de Cimentos da Votorantim). O local, muito privilegiado, tem a estrada de ferro passando praticamente dentro da propriedade. A 50 metros está a BR-293 e a cerca de um quilômetro da divisa com o município de Candiota. Neste momento, o empreendimento se encontra em fase de licenciamento ambiental e a previsão de construção é de dois anos.

Prefeitos Adriano, Vitão e Zé Antônio, secretário Westphalen, Batalha, secretário Ernani Polo, prefeitos Bebeto e Renato e deputado federal Luiz Carlos Heinze

Prefeitos Adriano, Vitão e Zé Antônio, secretário Westphalen, Batalha, secretário Ernani Polo, prefeitos Bebeto e Renato e deputado federal Luiz Carlos Heinze Foto: J.André TP

Luiz Eduardo Batalha e David Grose

Luiz Eduardo Batalha e David Grose Foto: J.André TP

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