EDUCAÇÃO

Isolamento social: os desafios no aprendizado para alunos e professores em Hulha Negra

Professora e aluno contam como está sendo a rotina desde a suspensão das aulas

OFERECIMENTO:

A suspensão das aulas presen­ciais por parte do governo do Rio Grande do Sul em março gerou uma série de mudanças para alunos e professores no Estado em razão da pandemia do novo corona­vírus (Covid-19).

O isolamento social levou os profissionais da educação e os estudantes a mudarem rotinas e se desafiarem em busca do aprendi­zado e da educação de qualidade na tentativa de que o ano letivo não seja perdido – visto a previsão de retorno das aulas ter sido adiada para o fim do mês de maio pelo secretário de Educação, Faisal Karam. A rede pública estadual adotou o ensino através da utilização de plataformas digitais, redes sociais e aplicativos de celular, onde professores con­tatam diariamente com alunos e pais, no horário que seria das aulas presenciais, para passar conteúdos e atividades de estudos.

Em Hulha Negra, a situação não é diferente. A reportagem do Tribuna do Pampa conversou, via WhatsApp, com a professora da escola estadual Dalva Conceição Medeiros, Margarida Correa. Ela, que também é supervisora do educandário, rela­tou a nossa equipe como está sendo a rotina, que se divide em preparo e envio de aulas, disponibilidade para retirada de dúvidas e formação através de cursos online.

Professora Margarida
está organizando as
aulas e enviando pelo
WhatsApp aos alunos Foto: Divulgação TP

Segundo Margarida, o se­gundo decreto estadual com vigên­cia até 30 de abril é o que tornou o sistema mais difícil. “Inicialmente repassamos aos alunos conteúdos já preparados e em forma de xérox, assim como livros para pesquisa. Após, o que tornou o período mais difícil foi o fato de que nem todos os professores dominam a tecnolo­gia, assim como temos alunos que também não tem acesso a internet. Em razão disso, contatamos com todos que tem acesso a internet e com auxílio da direção, montamos grupos de WhatsApp por turmas para o envio de atividades elaboradas”, explica a supervisora. Ela ressaltou que todas as ações seguem conforme determinação da Secretaria Estadual de Educa-ção do Estado, por meio de reuniões em web conferência e orientações via e-mail. “Nos reunimos semanal-mente e as dificuldades são expostas. Aqueles alunos que não tem acesso a internet comprovado, terão um prazo posterior ao retorno das aulas para entregar as atividades”, acrescentou.

O aplicativo tem sido aliado na comunicação entre professores e alunos Foto: Reprodução TP

PROFESSORES Solicitada a falar sobre as dificuldades e as mudanças enfrentadas no período, a professora Margarida disse estar vivendo uma situação atípica, nunca enfrentada antes. “Não só eu, mas todos os professores tiveram a rotina alte-rada, pois na escola temos nossos materiais, aulas programadas para atividades presenciais, dinâmicas, contato direto com os alunos e em questão de horas tivemos que mudar nossa maneira de trabalhar, primar por atividades de revisão, utilizar te-máticas como o próprio coronavírus, Semana do Município e Páscoa, tudo de forma virtual e o mais facilitado possível para os alunos”, relata. A professora também frisou que o ensino é diferente da edu-cação à distância. “Já trabalhei com educação à distância, mas agora não estamos trabalhando nesta modali-dade, estamos somente repassando conteúdos via redes sociais e Apps, ou seja, são atividades programa-das. Apesar disso, vejo que muitos professores não estão habilitados e nem conhecem como funciona, o que torna tudo mais difícil”, expõe, salientando que um curso online também está sendo realizado pelos professores, que precisam com-provar os trabalhos realizados e o cumprimento de horas trabalhadas.

O ALUNO O TP também conversou com o aluno João Vitor da Cruz Vogel, estudando do 5º ano da escola Dalva Medeiros e aluno da professora Margarida. Também via telefone, o estudante, um pouco tímido, contou como estão sendo os estudos e disse estar sentindo falta da escola. “Conforme o horário que recebo as tarefas já procuro fazer e deixar tudo em dia. Uso o WhatsApp dos meus pais para isso, que também me ajudam. Mudou tudo na minha rotina, não vou mais para a escola, não vejo colegas e professores. Sinto falta da escola, lá é mais fácil do que em casa pela internet”, conta o estudante que em uma das tarefas feitas em casa – construção de uma obra de arte – montou um avestruz com materiais que tinha em casa (foto). Junto ao filho estava a mãe Geneci Melo da Cruz, que comentou sobre as dificuldades sobre este método de ensino. “Estamos nos adaptando, precisamos trabalhar e não conseguimos estar todo tempo com ele nos estudos. Precisamos organizar nossos horários e o irmão mais velho tem ajudado, sem contar que tem conteúdos que não sabemos para ajudar. É um período difícil para todos, pois falta a convivência escolar, com colegas e professores”, relata.

Aluno João Vogel diz sentir falta da convivência escolar Foto: Divulgação TP

Avestruz feito no período de isolamento social Foto: Divulgação TP

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