Ex-presidente Lula recebeu manifestações de carinho Foto: Caco Argemi/Especial TP
Diferente das outras duas vezes que esteve na região – uma em julho de 2005 e outra em setembro de 2006, ainda como presidente da República, Luis Inácio Lula da Silva visitou Bagé na manhã desta segunda-feira (19), retomando sua Caravana pelo Brasil.
Condenado em segunda instância pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) a 12 anos e um mês de prisão no caso do tríplex do Guarujá, Lula revisita o Brasil como pré-candidato a presidência pelo PT e líder nas pesquisas de opinião para as eleições 2018. Lula sustenta sua inocência e se diz vítima de uma perseguição judicial.
Lula discursa em frente ao prédio central da Unipampa Foto: Caco Argemi/Especial TP
Em julho de 2005, o então presidente Lula oficializou diante de mais de 40 mil pessoas na praça Silveira Martins, em Bagé, a criação da Universidade Federal do Pampa (Unipampa). Após 12 anos, o presidente sem ensino superior, retornou para um ato no campus da universidade criada por ele.
Já em setembro de 2006, Lula esteve em Candiota, quando lançou a pedra fundamental da Fase C da Usina de Candiota – projeto que havia sido abandonado no início dos anos 1980, durante a ditadura militar.
O evento com Lula seguiu um rígido protocolo e praticamente não houve atrasos. O avião que trouxe Lula pousou no aeroporto Comandante Kraemer, por volta das 10h. No saguão do aeroporto recebeu homenagens e em seguida embarcou no ônibus que caracteriza sua Caravana e rumou para frente ao prédio central da Unipampa, onde uma pequena multidão de toda a região o esperava. A ex-presidente Dilma Rousseff, os ex-governadores Tarso Genro e Olívio Dutra e a presidente nacional do PT, senadora paranaense Gleisi Hoffmann acompanham a caravana, além de deputados estaduais e federais. O prefeito Adriano dos Santos – único prefeito do PT na região, esteve com Lula no mesmo ônibus desde o aeroporto até a universidade.
Num discurso rápido, Lula enalteceu a criação da Unipampa. “Tanto é assim que só criaram a primeira universidade no Brasil no século 20, pois mandavam seus filhos estudarem na Europa. Nunca esqueço aquele 27 de julho de 2005, quando viemos inaugurar essa universidade com mais de 40 mil pessoas na rua. E a direita fascista deveria ter vindo protestar quando criei a Unipampa, porque a elite nunca quis que o pobre tivesse acesso à universidade”, afirmou o ex-presidente.
Lula também lembrou que o número de pedintes pelas ruas do Brasil aumentou, coisa que havia desaparecido, segundo ele, quando o PT governou o país.
Protesto contra a visita do ex-presidente foi organizado por produtores rurais e empresários Foto: Caco Argemi/Especial TP
PROTESTOS – Um grupo de manifestantes liderados pela Associação e Sindicato Rural e Associação Comercial e Industrial de Bagé (Aciba) fez um intenso protesto contrário a visita do ex-presidente. Houve momentos até de tensão entre prós e contras o ex-presidente, porém sem maior gravidade.
Os manifestantes utilizaram cavalos e tratores num dos acessos a universidade. Também ergueram com um guindaste um boneco do ex-presidente vestido de presidiário dentro de uma cadeia, bem como, um outdoor foi montando.
A Câmara de Vereadores bageense aprovou uma moção de repúdio a vinda de Lula. “Quem hoje grita contra amanhã vai bater palma porque nós vamos consertar esse país outra vez”, rebateu o ex-presidente.
ROTEIRO PELO RS – Após Bagé, Lula percorre de ônibus diversas outras cidades gaúchas, sendo que na tarde desta segunda, ele esteve em Livramento, quando se encontrou com o ex-presidente uruguaio, Pepe Mujica.
A Caravana segue nesta terça-feira (20) por Santa Maria e na quarta em São Borja, quando visita os museus de Jango e Getúlio e ao túmulo de Getúlio Vargas. Na quinta-feira (22) estará em São Miguel das Missões e depois Cruz Alta e Palmeira das Missões. Na sexta estará em Ronda Alta, Passo Fundo e encerra em São Leopoldo.
Depois, Lula segue em Caravana por Santa Catarina e Paraná.
SITUAÇÃO JURÍDICA – Lula vive uma situação jurídica delicada. Ele recorre a instâncias superiores – já derrotado no Supremo Tribunal de Justiça (STJ), para evitar sua prisão após julgados os embargos declaratórios no TRF4. Sua esperança reside numa decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Também, como condenado em segunda instância, em tese estaria incluído na lei da Ficha Limpa, que o tiraria da disputa presidencial.
