SAÚDE

Mapear portadores de hepatites ainda é desafio

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O Dia Mundial de Luta contra as Hepatites Virais foi celebrado em 28 de julho. A hepatite é uma inflamação do fígado que nem sempre apresenta sintomas. Muitas pessoas só percebem que estão doentes (principalmente dos tipos B e C) quando as manifestações já são graves, como cirrose ou câncer de fígado. Esses pacientes levam anos para descobrir que estão infectados e até lá, podem contaminar outras pessoas, já que se trata de doença sexualmente transmissível (DST). Realizar o diagnóstico precoce é um dos principais determinantes para evitar a transmissão ou a progressão das hepatites e suas consequências. Os testes para a doença estão disponíveis em toda a rede do Sistema Único de Saúde (SUS).

No Brasil, enquanto a hepatite B é mais frequente na faixa etária de 20 a 49 anos, a hepatite C acomete mais pessoas entre 30 e 59 anos. A maioria dessas pessoas desconhece sua condição sorológica. No caso da hepatite C, por exemplo, há pessoas que fizeram transfusão de sangue antes de 1993 (quando não havia teste para diagnosticar a doença) ou que utilizaram seringas não esterilizadas que podem estar infectadas pelo vírus sem saberem.

 

Médicos devem orientar os pacientes, destaca CFM

O momento de consulta é uma oportunidade que o médico tem para recomendar o exame de DSTs, não apenas das hepatites, mas também de Aids e sífilis. Desde março, o Conselho Federal de Medicina (CFM) recomenda que os profissionais orientem, na primeira visita, os pacientes a fazer os testes. “Queremos que tanto médicos quanto pacientes percam a inibição de falar sobre o assunto. Ainda temos um universo grande de pessoas que sofrem com essas doenças e não estão diagnosticadas. Esperamos que, num médio prazo, aumente o número de diagnósticos e tratamentos”, explica o presidente do CFM, Carlos Vidal.

O resultado do exame de hepatite possibilita ao profissional indicar o tratamento, e também notificar a doença às autoridades de saúde, possibilitando um panorama real do número de casos existentes no país. Isso é fundamental para o desenvolvimento de políticas de prevenção e combate à doença.

 

Quase 2 milhões de brasileiros podem estar infectados pelos vírus B e C

O Brasil estabeleceu como objetivo atingir cobertura vacinal superior a 90% e identificar os quase 2 milhões de brasileiros que o Ministério da Saúde estima que estejam infectados pelos os vírus B e C. Porém, os últimos dados gerais sobre hepatites no Brasil disponíveis são de 2011. Em dois anos haviam sido notificados 343.853 casos da doença (dos tipos A, B, C, D e E), com média de 40 mil novos casos/ano. A pasta informou apenas que, na faixa etária até 15 anos, constatou-se uma redução de 46,2% nos casos de hepatite B: em 2005, eram 594 casos e em 2014 foi de 320. Segundo dados de 2013, o Brasil notificou 17.814 casos de hepatite B.

Já no Rio Grande do Sul, em 2015, foram confirmados 1.797 casos de hepatite B e 2.881 casos do tipo C. Entre 90 e 95% dos adultos infectados irão eliminar o vírus de forma espontânea, os restantes se tornarão doentes crônicos. É essa possibilidade de cura espontânea que pode levar a população a não se preocupar tanto com a infecção, embora o vírus da hepatite tenha maior transmissibilidade que o HIV.

 

Formas de prevenir a doença

Existem várias medidas que podem evitar a transmissão das hepatites virais. Tais como: usar preservativo em todas as relações sexuais; exigir materiais esterilizados ou descartáveis em estúdios de tatuagens e piercings; não compartilhar instrumentos de manicure e pedicure; não usar lâminas de barbear ou depilar de outras pessoas; não compartilhar agulhas, seringas e equipamentos para drogas inaladas e pipadas, como o crack.

Também estão disponíveis vacinas contra hepatites A e B. Elas fazem parte do calendário de vacinação infantil. Para adultos, a primeira é encontrada apenas na rede privada. Já a vacina contra a hepatite B é oferecida no SUS para jovens até 29 anos, populações vulneráveis (como profissionais do sexo, homens que fazem sexo com homens e usuários de drogas) e profissionais da saúde. Recém-nascidos devem receber a primeira dose preferencialmente nas primeiras 12 horas de vida. Se a gestante tiver hepatite B, o bebê deverá receber, além da vacina, a imunoglobulina contra o vírus.

 

Entenda as diferenças entre os principais tipos de hepatite

A – Transmitida normalmente através de alimentos ou contato pessoal. Dura cerca de um mês. É uma infecção leve e que cura sozinha. Existe vacina.

B – Transmitida principalmente através de relações sexuais e contato sanguíneo. Age silenciosamente no fígado por até 30 anos, podendo provocar cirrose, câncer de fígado e até a morte. Há vacina e tratamento. As curas totais são raras, mas é possível conviver com a doença.

C – Com transmissão por contato sanguíneo e sem vacina, representa a maior epidemia atual, cinco vezes superior à de HIV. São cerca de 200 milhões de pessoas no mundo vivendo com o vírus, que é a principal causa de transplantes de fígado, além de também de poder provocar cirrose, câncer de fígado e morte.

D – A infecção ocorre apenas em pacientes já portadores da hepatite B, acelerando a progressão da doença.

E – Transmitida por via digestiva (fecal-oral), provoca epidemias regionais. Não se torna crônica, mas grávidas podem apresentar formas mais graves da doença.

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