A área de 700 hectares já foi adquirida e o investidor gaúcho – mas que reside atualmente em Santa Catarina -, assinala que ainda em 2018 deverá plantar 100 hectares de nogueiras. Discreto, depois de certa insistência, ele resolveu conversar por telefone com a reportagem do TP na tarde desta quarta-feira (28). Não revelando totalmente sua identidade, Roberto, como prefere ser chamado apenas, explicou como pretende realizar o investimento, que prevê ao todo, 300 hectares, o que totaliza 55,2 mil plantas produzindo noz pecã.
O fato representa o maior pomar da América Latina, se olharmos o número de árvores plantadas. O primeiro pomar atualmente, com 45 mil pés e 500 hectares (em área plantada continuará sendo o maior) está localizado em Cachoeira do Sul – que é o município polo da produção de nozes no Brasil. O pomar pertence a empresa Pecanita Agroindustrial. Pinheiro Machado já ostenta a maior plantação de oliveiras do Brasil, na estância Guarda Velha, do empresário paulista Luiz Eduardo Batalha, com 400 hectares plantados.
Verificando que o país importa 70% (principalmente do Chile) do que consome em nozes por ano, Roberto aposta que o plantio dessa cultura é um bom negócio. Pesquisando clima e condições necessárias para a produção, ele adquiriu uma propriedade no interior pinheirense para executar o projeto, que tem um custo inicial de R$ 15 milhões. “Estamos apostando, porém é com recursos próprios e assim, se algo der errado (o que não acreditamos) não ficamos devendo nada para os bancos”, destaca o investidor.
O planejamento prevê 100 hectares este ano, 100 em 2019 e os últimos 100 em 2020. “Se as condições permitirem, já plantamos os 200 hectares restantes no ano que vem”, antecipa.
O investidor fez questão de citar que as mudas para o projeto estão sendo adquiridas junto a empresa Dininut, de Cachoeira do Sul, que, segundo ele, é o maior viveiro do Brasil e lhe dará todo o suporte necessário para o plantio. Na fase de implantação do pomar, a expectativa é de se gerar de 30 a 40 empregos diretos.
Além das nogueiras, nos outros 400 hectares, Roberto estuda uma lavoura de soja ou a criação de gado.
PRODUÇÃO E INDÚSTRIA – Conforme Roberto, o investimento é de longo prazo, pois a primeira produção comercial de uma nogueira só acontece 10 anos após o seu plantio. Contudo, por ser um alimento considerado nobre e que está presente, assim como as castanhas do Pará e de caju, além de amêndoas, em praticamente todas as dietas saudáveis receitadas por nutricionistas do mundo inteiro, a comercialização e rentabilidade são praticamente garantidas. Segundo a Emater-RS, um hectare de nogueira produz entre mil e 1,5 mil quilos de nozes. “Além disso, um pomar possui durabilidade de 200 anos. Muitas gerações vão usufruir desta plantação”, projeta ele.
Passados os 10 anos e as primeiras colheitas, a pretensão dele é investir na industrialização, ou seja, montar uma fábrica para processar as nozes e agregar ainda mais valor.
CANDIOTA – Coincidência ou não, no último dia 27, a Prefeitura de Candiota, por intermédio da Secretaria de Agropecuária e Agricultura Familiar, levou 22 produtores a Cachoeira do Sul, para um curso sobre a cultura na sede da Divinut. Também foram à Cachoeira, técnicos da Prefeitura e da Emater. O objetivo é construir novas alternativas de renda para o pequeno agricultor local.
CURIOSIDADES – O Rio Grande do Sul é o maior produtor e consumidor brasileiro da fruta – geralmente associada a festas de fim de ano ou consumida em bolos e doces. Em 2005, conforme a Emater-RS, os pomares da fruta somavam 790 hectares. Mais de uma década depois, a noz pecã ocupa uma área plantada de 3,4 mil hectares no Estado, com uma produção anual de 1,7 mil toneladas. Mesmo assim, o volume é suficiente para atender a menos de 10% da demanda brasileira pela fruta.
Entre as várias vantagens do consumo diário de nozes, destaca-se que além de serem uma boa aliada no combate ao ‘mau colesterol’, também ajudam a ter uma pele jovem e saudável, a ter cabelos e unhas mais fortes e saudáveis, a prevenir diabetes, favorecem a visão e estimulam a circulação sanguínea. Por ser fonte de ômega 3, essa é uma oleaginosa protetora do cérebro. As nozes evitam que os radicais livres ataquem os neurônios, previnem o envelhecimento cerebral, o que reduz o risco de doenças como o Alzheimer e o Parkinson, além de melhorar a memória.
(Reportagem atualizada e com correções em relação ao jornal impresso)