Criada em 1984 pelo Sindicato Rural de Pinheiro Machado, tendo sua primeira edição realizada em janeiro de 1985, sob a presidência do produtor pedrasaltense João Lauro Vieira Costa, a Feira e Festa Estadual da Ovelha (Feovelha) pode, após 33 anos, deixar de existir.
Segundo o atual presidente do Sindicato Rural, Gabriel Camacho, uma decisão irreversível da diretoria da entidade já bateu o martelo de que em 2018 a parte da festa não haverá. Há uma possibilidade remota de haver a feira de ovinos – fato que será decidido numa reunião marcada para à tarde da próxima segunda-feira (30), na sede da entidade, no centro de Pinheiro Machado.
A direção do Sindicato apresentou oficialmente a decisão no início desta semana ao prefeito Zé Antônio, ao vice Jackson Cabral e ao presidente da Câmara de Vereadores, Jaime Lucas (PMDB).
DIFICULDADES – A queda na produção ovina tem influência direta na decisão do Sindicato em não realizar o evento o ano que vem e muito provavelmente nos próximos anos também não. Para se ter uma ideia, em 2014, a 31ª edição da Feovelha comercializou 7,9 mil animais. Este ano foram apenas 1.410 exemplares. Em três anos, uma queda de mais de 82% nas vendas. “O avanço da cultura da soja e das florestas gerou esta queda na produção e isso nos parece irreversível”, disse.
Além disso, conforme explica Camacho, os custos do evento vem gerando ano a ano e de forma consecutiva, consideráveis prejuízos ao Sindicato (ver quadro). “Se insistirmos em fazermos a Feovelha, o Sindicato terá que começar a se desfazer de patrimônio para poder honrar os compromissos assumidos e isso não é viável de nenhum ponto de vista. A ‘mãe’ Sindicato não tem mais como arcar com esses custos”, assinala o presidente, frisando que a saúde financeira da entidade é boa, porém se aventurar em mais uma Feovelha colocaria isso em risco.
A direção do Sindicato também se queixa de falta de apoio tanto do Executivo como do Legislativo na organização e promoção do evento, além de a cada ano o número e o valor dispensado por patrocinadores ser menor.
REVERSÃO – O prefeito Zé Antônio ainda acredita numa reversão da situação. ”A Feovelha é um evento que promove Pinheiro Machado no cenário nacional. Por isso, o meu pedido foi para que o Sindicato Rural ampliasse a discussão antes de tomar a decisão pela não realização do evento. Vamos chamar à mesa a Secretaria Estadual da Agricultura, os bancos, associações de criadores de ovinos, Sistema Farsul, Embrapa, Emater, demais sindicatos e associações de produtores, enfim, um conjunto de pessoas que certamente tem interesse pela realização da Feovelha. É preciso encontrar uma alternativa”, afirma o prefeito Zé Antônio.
CÂMARA – A decisão do Sindicato alcançou a Câmara de Vereadores, tendo sido tema na tribuna na sessão da última terça-feira (24). O primeiro vereador a trazer o assunto para a pauta foi Gilson Rodrigues (PT). Para ele a Feovelha é um patrimônio do povo de Pinheiro Machado e não pode não acontecer. Ele propôs uma força-tarefa e também que em último caso se faça uma feira da agricultura familiar.
Já o presidente da Câmara, Jaime Lucas (PMDB), que participou da reunião com o Sindicato, lamentou a decisão, entretanto disse que contra números não há argumentos.
FEOVELHA EM PREJUÍZOS
2015 – R$ 507 mil de custo e R$ 220 mil de prejuízo
2016 – R$ 406 mil de custo e R$ 87 mil de prejuízo
2017 – R$ 253 mil de custo e R$ 69 mil de prejuízo