Está em fase de projeção a terceira estufa para a produção de morangos em uma propriedade rural localizada na Colônia Salvador Jardim, interior de Hulha Negra. O local, de propriedade de Luis Flávio Martins, cultiva a fruta no sistema semi-hidropônico há três anos e a produção apresenta crescimento.
Em entrevista ao Tribuna do Pampa na Secretaria de Agropecuária, que através do secretário Luis Fernando de Lima presta auxílio e apoio, o produtor que já integra o grupo de fornecedores do município para a merenda escolar, relata que o cultivo iniciou no método convencional, mas devido as dificuldades, buscou apoio principalmente na Emater para outras formas de cultivo. “Trabalhava com o leite e me interessei pelo morango. Comprei as mudas e comecei a produção com canteiros, mas devido a problemas no solo não atingi meus objetivos. Com o auxílio dos técnicos, comecei a produção em estufas, com canteiros suspensos no modo semi-hidropônico em ‘slabs’, o que garante, com muito cuidado, a produção e colheita da fruta, e consequentemente, o complemento da renda familiar”, conta o produtor.
Flávio Martins relata que atualmente conta com duas estufas com plantação de morangos, sendo a primeira montada em 2016 e a segunda, em 2017. Ele afirma que com o método de fertirrigação em estufas pelo método semi-hidropônico, há a garantia de produção em diferentes épocas, bem como de alimentos de maior qualidade com menor risco de contaminação por agrotóxicos e outros produtos. “Nossa produção é com mudas importadas, com matrizes italianas e originárias da Patagônia, na Argentina. Estamos aprendendo e aperfeiçoando a técnica de produção, que exige precisão no controle de nutrientes – óleos vegetais, fungicidas biológicos, entre outros – e água. Há a necessidade de se utilizar medidas exatas para chegarmos a nossa meta de 700 gramas de morangos por planta”, conta o produtor.
Questionado sobre o município poder contar com mais uma cultura e sobre o apoio da secretaria, Luis Fernando diz ser necessária a expansão de novos cultivares. “Com dedicação é possível chegar a grandes produções e nossa secretaria está de portas abertas para apoiar o produtor. Nosso município tem chances de uma diversidade de produção e o Executivo precisa prestar apoio e incentivar o produtor local”, afirma o secretário.
SLABS – São sacos que quando cheios atingem 30 cm de diâmetro. O material foi concebido em 2010, após várias tentativas de cultivo em vasos, sacolas de supermercado, sacos para mudas, canais de cultivo, sistema muito utilizado nos países desenvolvidos.
As mudas são transplantadas para os slabs em maio. Entre as vantagens da utilização do sistema para o morango, estão a colheita antecipada, melhor coloração da fruta, frutos mais uniformes, possibilidade de adequar a adubação e fazer colheitas programadas durante o ano (variedades). Cultivado em estufas, longe do solo, os slabs diminuem a mão de obra.
Os substratos utilizados no preenchimento dos slabs dependem da região onde o sistema está implantado. O ideal é que o produtor utilize aqueles que sejam economicamente viáveis para a atividade e que estejam disponíveis na região, fazendo as misturas necessárias. Entre os materiais utilizados na propriedade de Flávio Martins, está a casca de arroz.
PRODUÇÃO – Flávio conta que atualmente a propriedade conta com duas estufas com metragem de 5m x 15 metros cada, o que permite o plantio de 1.800 pés de morangos ao todo e a produção de aproximadamente 500 gramas de morangos por planta, o que já se chegou à produção 450 quilos por estufa.
Conforme o produtor, o plantio foi pensado de forma que a produção ocorra durante quase todo o ano. Ele explica que são formas de cultivares diferentes de uma estufa para outra, uma de setembro a dezembro e outra de morangos de dias neutros. Ele ressalta que o cuidado e a técnica precisa são imprescindíveis para uma boa colheita da fruta e a garantia da rentabilidade. “O quilo do morango é comercializado a R$ 20. Somente em mudas foi necessário um investimento de R$ 1.780, fora nutrientes e horas trabalhadas. Para pagar os custos são necessários 160 quilos de morangos, ou seja, cerca de 25 ou 30% da produção é para pagar o custo de produção e isso porque eu mesmo trabalho nas estufas”, expõe o produtor.