SANEAMENTO

Sistema de água é novamente tema de debate em Candiota

Vereadores de oposição visitaram estações de tratamento e prefeito rebateu críticas e denúncias

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Comissão de vereadores criticou o sistema Foto: Divulgação TP

O sistema de captação, tra­tamento e distribuição de água em Candiota sempre foi alvo de polêmicas. Desde a implantação do município, em 1993, que não existe excelência nesse sentido, ao contrário. Con­tudo, não há como se negar que o sistema teve investimentos e evolui desde as obsoletas estações de tratamento de água (ETAs), herdadas da CEEE e também do Departamento de Água, Arroios e Esgoto de Bagé (Daeb).

Em 27 anos de município (sete gestões), já foram inau­guradas três novas ETAs (João Emílio, sede do município e Vila Residencial) e se está na iminên­cia da inauguração da quarta uni­dade na Vila Operária. Pela nova configuração, apenas três delas (Operária, sede e Residencial) fi­carão em operação para abastecer todos os núcleos urbanos e mais algumas comunidades rurais. Com o tempo, segundo os técnicos, a da Residencial também deverá ser desativada, ficando apenas as duas novas operando – uma para a região Sul e outra para a Norte da cidade.

A instalação de hidrôme­tros e a criação de uma autarquia do tipo Daeb constavam do plano do atual governo, entretanto ainda não foram efetivadas. Se avançou na legislação para as implanta­ções, inclusive com reajuste no valor da taxa mínima.

A inadimplência, ou seja, a falta de pagamento da taxa mínima (como não há medição do consumo, a maioria das resi­dências tem cobrança mínima), ultrapassa os 60%; não há corte de água por não pagamento e o déficit anual do serviço chega a quase R$ 2 milhões anuais.

Na captação de água bruta, um projeto está tramitando na Fundação Nacional de Saúde (Fu­nasa), para a construção de uma adutora desde a sede do município até a Prainha (arroio Candiota), o que afastaria por muito tempo o risco de racionamento. Atualmen­te a captação é de uma barragem.

Outra situação a ser ataca­da é que uma parte significativa das residências, especialmente no núcleo urbano principal, ainda não possui caixas de água. Também, não raro, em situações de gran­de consumo, o sistema oferece problemas de falta de pressão em locais mais altos e distantes.

Na última semana, vere­adores de oposição visitaram as duas ETAs da sede e da Operária, postando comentários críticos, denúncias e fotos dos locais. O prefeito rebateu também pelas redes sociais.

OPOSIÇÃO – Os vereadores Claudivam Brusque (PSDB) e os da bancada do MDB, Fabrício Mo­raes, o Bibi, e Adriano Revelante, acompanhados da moradora da Vila Operária e técnica em quími­ca, Cristina Gonzales, estiveram na última semana visitando as instalações das ETAs da Operária e sede, quando realizaram denún­cias e levantaram problemas nos locais, criticando o sistema.

Segundo a comitiva, na visita a ETA da Operária, que ainda está em obras, não se en­controu ninguém da empreiteira responsável no local e segundo eles, as condições encontradas foram precárias. Os vereadores denunciaram ainda equipamentos deteriorados, enferrujados e pro­dutos vencidos. “O governo atual foi o que mais aumentou o valor da taxa de água e é o que menos condições oferece”, criticou Bibi.

Já o vereador Claudivan Brusque assinalou que protocolou um pedido de informações em de­zembro último, pedindo os resul­tados das análises química, física e biológica da água. “Também encaminhamos uma moção de repúdio com dúvidas nas respostas recebidas do Executivo”, afirmou.

O vereador Adriano Re­velante disse que foi mostrada a situação nua e crua dos processos realizados nas ETAs. “Já o pre­feito mostrou o lado bonito e nós como bloco de oposição precisa­mos mostrar a realidade, e ela é chocante. Sugiro que as pessoas que não acreditam, comprovem com seus próprios olhos. Acom­panho este debate desde o início desta administração e vi várias outras demandas serem atendidas, mas a questão da água não foi solucionada”, disse.

PREFEITO – Em resposta, o pre­feito Adriano dos Santos gravou um vídeo de mais de 10 minutos, quando ele visita as duas ETAs também. O prefeito reconhece o direito dos vereadores em fisca­lizar e criticar, porém classifica grande parte do que foi mostrado de irresponsabilidade e mentiras.

Prefeito gravou vídeo em resposta Foto: Reprodução TP

No vídeo, Adriano faz um balanço dos investimentos realiza­dos pela atual gestão na área (R$ 500 mil do caixa próprio na Ope­rária, por exemplo), reconhece os problemas, porém afirma que o sistema tem melhorado. Ele ainda destaca que os vereadores mostra­ram equipamentos já desativados e outros que estão prestes a ser em função da implantação de a nova ETA na Operária.

Junto a dois funcionários do Setor de Saneamento, que tra­balham na operação das estações, o prefeito disse ser mentira que se usa produtos vencidos para o tratamento de água. “Nós nunca negamos que o sistema é arcaico, mas estamos trabalhando para modernizar. A parte boa não foi mostrada e no caso da ETA da Operária, ainda estamos num canteiro de obras e não tem como manter as coisas tudo organizadas. Isso acontece somente depois da obra acabada”, explicou, lembran­do ainda que a qualidade da água é monitorada todos os dias e en­viadas amostras à 7ª Coordenaria Regional de Saúde (CRS).

O prefeito também argu­mentou no vídeo, que o governo desde o primeiro dia, há três anos, vem mostrando para a população o que se tem feito pela água e nos outros setores. “Não fizemos isso somente em ano eleitoral. Sempre estivemos aqui e não fazendo polêmica em torno de imagens de coisas que já nem estão mais em operação”,  rebateu.

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