As guerras

*Por Marco Antônio Ballejo Canto

Faz tempo que as guerras recentes não saem do noticiário. É lógico que a guerra na Ucrânia virou assunto de segunda linha quando uma outra guerra envolvendo Israel está em andamento.

No final dos anos 70 do século passado, Simone cantava uma canção chamada Cordilheiras, de Sueli Costa e Paulo César Pinheiro que dizia:

Eu quero crer na solução dos evangelhos

Obrigando os nossos moços ao poder dos nossos velhos

Eu quero ler o coração dos comandantes

Condenando os seus soldados pela orgia dos farsantes.

A seguir a música continuava com sua letra diferenciada e qualificada falando:

Eu quero ser da legião dos grandes mitos

Transformando a juventude num exército de aflitos.

Para encerrar os poetas escreveram sobre a sensação das cordilheiras:

Desabando sobre as flores

Caminhando para a morte

Obrigando os nossos moços

Condenando os seus soldados

Transformando a juventude

Um Jesus crucificado

Eu quero ter a sensação das cordilheiras.

Porém, no início, os poetas escreveram:

Eu quero apenas ser cruel naturalmente

E descobrir onde o mal nasce e destruir sua semente.

Uma música que seguidamente eu coloco para ouvir. Música e letra de um tempo em que o músico precisava entender de música, o poeta precisava conhecer as palavras para juntar as mesmas com qualidade de forma a expressar um pensamento e o cantor precisava cantar com qualidade vocal e com conhecimento a respeito das alternativas que faz a narração de um texto ficar mais interessante.

Esta música em sua letra me remete à intenção de tentar compreender o que parece incompreensível e ao sonho de um mundo melhor onde o mal teria sementes que poderiam ser destruídas.

A guerra é uma estupidez.

Meu pai, Hugo Canto, que participou da segunda guerra mundial e esteve presente em combates em Montese, Marano do Panaro, Zooca e Fornovo di Taro, entre outros, na Itália, escreveu que a “guerra é a faculdade de mandar os filhos dos outros à morte e chamá-los de heróis”.

O que acontece no oriente médio é inaceitável e não há argumentos que justifiquem o que fazem os dois lados. Como na guerra quem pode mais chora menos, quem mais sofre são os mais pobres.

Pobres de caráter são todos esses líderes que promovem a guerra.

ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*

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