
Fernando Rafael e Diulio Patrick fizeram as instalações. Na foto, eles estão no Cerro da Guarda, em Pedras Altas
A região não é mais a mesma desde que um grupo de estudantes de Meteorologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), resolveu instalar no final de 2016 e no início de 2017, estações meteorológicas em Pinheiro Machado, Pedras Altas e Herval. O jornal Tribuna do Pampa, desde então, tem acompanhado de perto este esforço, inclusive tendo homenageado eles com o prêmio Melhores do Ano em 2019.
De lá para cá, essas cidades começaram a entrar para o mapa do frio brasileiro. Não raras vezes, telejornais como o Jornal Nacional, da Rede Globo (principal do país), deu destaque que Pinheiro Machado havia registrado a temperatura mais baixa do Brasil.
Nesta semana, Fernando Rafael – um dos integrantes daquele grupo de estudantes que iniciou o trabalho pioneiro há quase 10 anos, resolveu fazer novos investimentos no projeto batizado de Monitoramento Meteorológico da Fronteira Sul.
O pinheirense, que atualmente é meteorologista da Defesa Civil de Santa Catarina, num período de folga do trabalho, realizou, com recursos do próprio bolso, um trabalho de melhoria nas já existentes, bem como, a instalação de duas novas estações. Para este trabalho, Fernando teve o auxílio do também integrante do projeto original Diulio Patrick. “Nosso objetivo segue o mesmo desde o início, que é mostrar as baixas temperaturas da região no inverno, com uma pegada mais turística para que as prefeituras, o poder do público, enfim, os empresários, aproveitem isso para explorar mais e ajudar no desenvolvimento econômico da região”, assinala ele.
NOVOS INVESTIMENTOS
Com os novos investimentos realizados, será possível um monitoramento com menos perda de dados, pois se garantiu internet de boa qualidade e também autonomia de energia com nobreaks que sustentam até 45 horas sem energia. Nessa leva, foram instaladas duas novas estações e melhorados equipamentos.
Segundo Fernando Rafael, a estação localizada na Serra dos Veleda, em Pinheiro Machado, mudou de local, saindo da fazenda de Paulo Renato Brito e indo para a propriedade de Marta Voltan. No novo lugar, há internet via satélite, o que diminui a perda de dados. Também nessa estação foi instalado um novo sensor de velocidade dos ventos (anemômetro). A retirada do equipamento do antigo ponto teve apoio da Prefeitura de Pinheiro Machado, através do caminhão com cesto.
Seguindo o plano de expansão, foi instalada uma estação munida com um sensor de temperatura e umidade na Estância Velha, onde fica a indústria da água mineral Pedras do Sul, em Pedras Altas, na propriedade de Maria da Graça, a 418 metros de altitude.
Uma nova estação foi colocada no Cerro da Guarda, também em Pedras Altas, a 415 metros de altitude, na propriedade de Carlos Hoffmeister. O equipamento transmite em tempo real dados de temperatura, sensação térmica, velocidade e direção dos ventos, pressão atmosférica e volume de chuvas registrados no município. O ponto fica a cerca de 40 km da fronteira do RS com o Uruguai.
Agora então, o projeto está operando com sete estações, sendo cinco completas, medindo todas as variáveis, com exceção de radiação.
POUCOS RECURSOS
Fernando Rafael lembra que o grupo, que chegou a fundar a Sigma Meteorologia, segue unido no projeto das estações. É formado além dele e Diulio, por Gabriel Cassol, Allef Matos (todos meteorologistas) e Gabriel Cardoso (geógrafo).
As dificuldades em manter o projeto seguem as mesmas do início, com falta de recursos e investimentos próprios. Conforme Fernando Rafael está sendo tentada uma parceria com os governos estadual e federal, porém é ainda algo distante. Quem quiser ajudar com qualquer quantia pode fazer pela chave pix [email protected]. “A ajuda da comunidade é muito importante, porque é muito difícil manter as estações”, aponta ele.
DADOS
Os dados gerados pela estação, lembra Fernando Rafael, além da questão de projetar a região em todo o Brasil e ajudar no turismo de inverno, também podem ser utilizados na agricultura e pecuária, bem como, do entendimento das mudanças climáticas, registrando ciclones e outras variações que estão mais constantes nos últimos tempos. “Eles auxiliam na escolha da melhor período para aplicação de herbicida, necessidade de irrigação e fazer o planejamento da colheita”, destaca o meteorologista.
LINKS PARA ACESSAR NA INTERNET OS DADOS DAS ESTAÇÕES
Guarda Nova (Herval): weatherlink.com/embeddablePage/show/d43d9116f43a4adf9d66bcf3f23dc52f/summary
Cerro Partido (Herval): wunderground.com/dashboard/pws/IHERVA12/graph/2025-07-30/2025-07-30/daily
Cerro da Guarda (Pedras Altas): weatherlink.com/embeddablePage/show/94741de3af154e2e8af29ca0b7cd1ce3/summary
Passo da Areia (Pedras Altas): https://www.wunderground.com/dashboard/pws/IPEDRA5
Estância Velha/Pedras do Sul (Pedras Altas): https://www.wunderground.com/dashboard/pws/IPEDRA24
Curral de Pedra (Pinheiro Machado): weatherlink.com/embeddablePage/show/052e1cb2379840a0980830fc5354e47d/summary
Serra dos Veleda (Pinheiro Machado): weatherlink.com/embeddablePage/show/327b3c1accc5453f9f3c1a9d4b02ac3f/summary
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