A andarilha – coluna do Anibal Gomes Filho

* Anibal Gomes Filho

Tanto faz o frio das manhãs geladas, ou o sol quente das tardes bonitas, ela caminha constantemente, sem parar, como a buscar algo que lhe foi tirado. O olhar fixo no caminho à sua frente, parece ao mesmo tempo, desnorteado e sem rumo, como a perguntar onde estaria o objetivo de sua busca incansável.
Sua estrada é árdua, seu caminho está cheio de pedras e empecilhos, foi considerada incapaz de cuidar o que ela própria gerou. A tristeza toma conta do seu rosto, mas a sua forma de lutar continua sempre, caminhando sem parar, esta é a forma pela qual ela demonstra a ansiedade permanente tentando rever seu passado e reaver o que poderia ser o seu futuro.
Ela parece livre, mas está presa a sua obsessão numa busca de algo que lhe é muito maior do que a sua própria liberdade.
Nos seus passos silenciosos, guarda um estrondo de emoção reprimida e travada dentro de si até que um dia quem sabe, possa encontrar aquilo que é seu desiderato.
Na mansidão dos dias sonolentos poderá haver um aroma de criança que lhe orienta como uma bússola.
Mas quase ninguém é capaz de ouvir o seu silêncio, não são capazes de entender a distância que machuca aquela mulher andarilha e sem pouso.
Tornou-se assim, um errante, que procura na estrada da vida achar o seu tesouro, sua bagagem está reduzida, mas ela não tem medo para seguir seu caminho, não desiste jamais da sua busca incessante, segue em frente, mirando aquela luz que lhe foi tirada.
Ela não vê sequer os espinhos sobre os quais cruza todos os dias, eles não lhe causam dor que possa ser maior do que a perda sofrida. O seu caminho está trilhado, dezenas, centenas de vezes cruzando todos os dias um trajeto de agonia e desespero silenciosos, porém, sem perder a fé e a esperança.
Ao final, me convenço de que a felicidade, algumas vezes, não resulta tanto daquilo que temos, mas principalmente, daquilo que nos falta.

“A PACIÊNCIA É A RIQUEZA DOS POBRES.”

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