A arte da comunicação de impacto

As últimas semanas têm sido intensas, divididas entre o escritório, o doutorado, viagens e eventos. Numa dessas idas e vindas, ocorridas no curso da semana, me deparei com um livro que, de pronto, chamou a minha atenção. Comprei e li numa assentada. Estava no aeroporto, aguardando um voo atrasado, bem atrasado, nessa “ponte-aérea Porto Alegre-Brasília”, que costumo fazer. E, já que não tinha jeito, pelo menos ocupei bem o meu tempo. Trata-se, pois, da obra “A Arte da Comunicação de Impacto”, de Shana Wajntraub. É dela que falarei hoje.

Muitas pessoas enfrentam dificuldades na hora de se comunicar, seja em palestras, reuniões ou até mesmo em situações cotidianas. O medo de falar em público é uma barreira que, além de limitar a expressão e a conexão com os outros, impede o crescimento profissional e a conquista de oportunidades. Quem nunca suou frio antes de fazer uma apresentação, indaga a autora. Ou se esqueceu do que devia falar? Depois da morte, o alerta é de Shana, falar em público é o maior medo da humanidade! Isso, confesso, foi uma surpresa para mim. Eu não sabia disso.

A questão é: você, caro (a) leitor (a), tem, todos os dias, a chance de falar, escutar, inspirar e ocupar o seu espaço. Não a desperdice. Acerta, por oportuno, a autora – o alerta é dela.

O prefácio, escrito por Flávio Maneira condensa bem a ideia do livro, a saber: a Arte da Comunicação de Impacto “[…] trata de maneira brilhante de como deve ser tratada a comunicação, envolvendo sua totalidade”; lida, no mais, de modo muito inteligente, com uma ordem de fatores que envolvem os principais elementos comunicativos, tais como “[…] o oceano da emocionalidade, do autoconhecimento, da expansão da sua consciência e, claro, o principal: o impacto da sua presença, um oceano que deve ser explorado com calma, sapiência, desconstrução e reconstrução”. E, não, o livro não é de autoajuda. Muito antes pelo contrário. A verdade é que a obra fornece ricas estratégias de comunicação, com base científica, de modo a possibilitar o aprimoramento do estilo de comunicação, sem que se perca a autenticidade.

São nove os capítulos, divididos em três partes. Na primeira parte, a autora aborda questões como medo e ansiedade, timidez e introversão, além da competição na era da internet. Ela lida com autoconhecimento, autoaceitação, planejamento e método. Aqui, abrindo o parêntese, me chamou atenção a referência ao planejamento e ao método, isso porque costumo fazer exatamente isso nas minhas falas, a partir de um método que aprendi com um Ministro do STF e ex-Presidente do TSE. Me identifiquei na hora. Fecho o parêntese, então, e sigo.  E trata da “hora do impacto”. Na segunda parte, a obra adentra em questões como a adaptação da comunicação (o público é importante e é importante conhecer o público para o qual se estará falando), da imagem, das expressões faciais e da postura corporal, da voz, da fala e do conteúdo. Já na terceira e última parte são desenvolvidas algumas referências à assertividade, bem como quanto aos desafios da comunicação, observada a necessária evolução, que deve ser permanente.

Gostei bastante do que li, confesso. No fim das contas, o que temos aqui é uma espécie de manual da comunicação, cujo centro reside na perfeita união entre corpo, fala, postura e mente. Na página 105 da obra há uma advertência que marcou especialmente, qual seja: “bons comunicadores podem até dominar o assunto, mas, se não adotarem a postura, os gestos, a conexão visual e a entonação de voz adequados, podem colocar tudo a perder”. É a mais pura verdade. E esse é um exercício diário, acreditem. Controlar os ímpetos, segurar o tom de voz, os gestos, dar entonação maior quando desejar fazer com que uma ideia se sobressaia etc. Não é fácil. Mas vale à pena. Enfim…

Por essas e por outras, portanto, é que indico a leitura dessa obra. Obra que vale para advogados, professores, políticos. Mas, não só. Vale, sobretudo, para o cotidiano, afinal, sempre existirá alguém que não confia em você; só cuide para que essa pessoa não seja você mesmo.

ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*

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