A catedral e o inferno

Assistindo ao jogo do Grêmio contra o Fluminense uma faixa imensa sobre a arquibancada me fez lembrar de Albert Einstein que certa vez falou que “Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana; e eu não tenho certeza sobre o universo. “ A faixa em questão dizia “Jamais nos matarão”. assim mesmo. Em outros lugares na internet alguém colocou uma exclamação, “Jamais nos matarão!”.

Fico imaginando o sujeito que inventou esta obra relevante, provavelmente depois de ter cheirado umas quantas carreirinhas, com seus amigos tentando encontrar as melhores maneiras de tornar pública de forma relevante tamanha estupidez. Quem pensa em matar o Grêmio? Algum colorado? Só se este for muito estúpido também, uma vez que a melhor coisa que existe para um colorado é o Grêmio existir. Qual a importância de ser campeão do mundo não fosse para comparar com a Toyota Cup ou com a Copa Intercontinental?

E se não fosse um colorado querendo matar o Grêmio quem haveria de querer?

O fato é que se alguém acha que pode ser morto por alguém, está pronto para revidar. Logo, basta entender um pouquinho de lógica, esta faixa está focada em violência.  E quem leva imagens de violência para dentro dos estádios só pode conviver com violência. Não por acaso esta faixa está ali onde a torcida do Grêmio quando não tem com quem brigar, brigam entre eles.

Pode ser pior.

Em 2010, na véspera de viajar para disputar o campeonato mundial, durante a exibição do filme que mostrava a conquista da Libertadores, com mais de vinte mil pessoas no Beira Rio, vi pela primeira vez uma faixa, colocada ali onde fica a turma da baderna, “Bem-vindos ao inferno”. A imagem me soou indigesta à primeira vista. Dias depois o Internacional perdeu para o Mazembe. Teria sido por causa da faixa?

De lá para cá o Internacional ganhou uma Recopa Sul-americana em 2011 e campeonatos gaúchos, faz sete anos que nem gauchão ganha. E a faixa continua lá. Será que os estúpidos que colocaram esta faixa lá acreditam que eu tenho alguma vontade de ir assistir meu time no Inferno. Não vou desde 2019. Até porque realmente é infernal perder, perder e depois perder de novo. E toda vez que, assistindo pela televisão eu vejo aquela faixa algo me diz que “vai dar ruim”. E dá.

Se a faixa pretende atacar o visitante é, no mínimo, uma imensa falta de cortesia do anfitrião.

Finalmente, é uma faixa que coloca o estádio como lugar de violência. Ou será que o inferno é lugar de paz e amor?

Eu sou sócio do Internacional. Minha carteira de sócio venceu em 31.07.2020 e eu não renovei embora pague a mensalidade em dia. Quem sabe um dia, quando o Beira-Rio voltar a ser a Catedral dos colorados, como citava o ex-lateral esquerdo Sadi, que jogou na inauguração do Beira-Rio e na seleção brasileira, eu volte.

 

ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*

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