A natureza, tragédias e lições

Faz algum tempo que climatologistas, ecologistas, cientistas e outros tantos estudiosos do ramo dizem que o homem estava intervindo demasiadamente sobre o globo terrestre. A enorme carga de gases sobre a atmosfera derivada das chaminés de grandes indústrias de transformação da matéria, a destruição massiva das florestas para exploração com fins lucrativos, a crescente transformação das áreas verdes que circundam as cidades em redutos urbanos, sem respeitar o regramento exigido, o assoreamento de arroios, riachos, rios e lagos, trazendo degradação e a alteração do curso natural dessas fontes de água, justamente em função do acúmulo excessivo de material sedimentar em seus leitos, tudo isso vem sendo mostrado e demonstrado ao longo do tempo.
E qual foi a reação da classe política para tais abordagens? Quem de fato tentou pelo menos buscar menorizar os efeitos negativos dessa situação? Se existiu alguém que assimilou estas advertências, e certamente houve, afinal não se pode generalizar a questão, certamente ficou sozinho ou fez parte de uma minoria abafada pela ganância e pelos imensos interesses financeiros que conseguem ser superiores à razão dos fatos.
Existiu até quem dissesse que estava mais do que na hora de “deixar a boiada passar”. Houve quem manifestasse publicamente a ideia estapafúrdia de transformar os paraísos naturais preservados do litoral brasileiro, em um enorme resort para exploração turística, outros chegaram a defender a entrega da floresta Amazônica para exploração agroindustrial. Impossível desconhecer ainda, as recentes flexibilizações dos governos estaduais em relação à implantação de legislações completamente abusivas e excessivamente permissivas ao funcionamento de empresas que simplesmente destroem o meio ambiente, tudo em troca de futuras receitas aos cofres públicos, sem se importarem com as consequências terríveis à população.
Não vamos longe e comecemos o exemplo por casa. Foi aqui no RS que cursos naturais de rios foram aterrados ou desviados para construção de empreendimentos faraônicos. Sabe-se hoje o quão maléfico é uma prática deste tipo, pois as veias naturais e subterrâneas dos aquíferos permanecem a ponto de chegar o dia e o momento em que buscarão novamente o seu espaço que lhes fora retirado brutalmente.
Mas, como dizem os arautos e precursores da verdade, “esse é o preço do progresso”, a justificar assim, a continuidade absurda de crimes contra o meio ambiente, tanto por ação, quanto por omissão humana. E a natureza, sábia e ao mesmo tempo irada, se revolta provocando as tragédias que estamos assistindo em Pindorama e mundo afora. Foi o escritor Ruy Castro quem disse: O homem está cada vez mais veloz na sua capacidade de destruir.
Se há consequências positivas deste desastre, que seja uma lição a todos nós humanos para que aprendamos a tratar com respeito ao meio ambiente, assim como, as administrações públicas, governantes e legisladores para que saibam reconhecer e respeitar os dogmas da ciência, planejar e fiscalizar com segurança e consciência todos os empreendimentos, enrijecer o cumprimento severo da legislação evitando a sua flexibilização e o desmonte da legislação que protege ao meio ambiente. A outra grande resposta, é o gigantesco e imenso espírito de solidariedade do povo brasileiro que nos faz sentir orgulho e emoção, muito embora ainda existam aqueles que tentam bloquear a união nacional em torno da catástrofe.
“A NATUREZA NÃO É UM LUGAR QUE SE VISITA. ELA É O NOSSO LAR.” Gary Snyder.

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