A estrada do sonho

Havia uma longa estrada, e ao final dela, uma encruzilhada.
Caminhávamos todos juntos, de mãos dadas, havia esperança, fé, ânimo na busca de algo que poderia nos tornar felizes, mas o percurso era extenso, árduo, curvas e aclives por vezes dificultavam nossos passos e o caminhar tão cheio de ambição.
Algo me dizia que uma notícia boa estava por chegar, que alguém que eu não via há muito tempo seria reencontrado em breve, por isso a caminhada continuava apesar de todos os percalços que vencíamos passo a passo.
Aquela ausência perturbadora capaz de me fazer sentir atropelado e amassado por milhares de toneladas, teria que acabar, iria acabar. Não era mais possível conviver com aquele imenso peso, com aquela falta de alguém que era insubstituível, era como se parte do mundo tivesse acabado enquanto o reencontro não acontecesse.
Era o sinal de vida que nos inflava de sonhos, ambições e desejos quando queremos algo que pode mudar nosso roteiro, nossa forma de viver, nossa busca incessante de felicidade, de união, sorrisos, palavras doces e amorosas, abraços, fraternidade e companheirismo.
Também era um combustível aceso a nos empurrar, que nos dava forças imensuráveis, que nos permite sonhar com o impossível, que nos transporta ao imaginário do tempo e que poderia nos levar ao ápice da descoberta inesperada.
E lá, no final da encruzilhada, sorrindo encontrei quem eu imaginava, lá estava a nos esperar aquele símbolo magnífico do reencontro, aquele rosto alegre, aquele abraço saudoso, uma espécie de ressurreição, sim, era isso mesmo, tal como a ficção dos episódios de final feliz.
Então, me vi novamente perturbado, completamente atordoado. Como eu iria explicar a um imenso número de pessoas aquele milagre ocorrido? De que forma eu conseguiria justificar que não houvera morte? Eu estava completamente boquiaberto, sem ideia de que maneira eu iria proceder dali em diante, embora quisesse apenas desfrutar daquele momento feliz de reencontro, aquele momento de vencer a saudade com o abraço e o carinho que me faziam tanta falta.
Mas o imaginário não dura tanto tempo assim, porque a vida real prevalece.
Eu acordei, o sonho acabou, eu reencontrei a ausência inimiga, mas com ela procurei me acostumar, sentindo sempre a falta, a saudade, a idealização do reencontro que certamente vai acontecer um dia.
Porque a vida é assim. Uma realidade intercalada de sonhos e ficções, de alegrias e tristezas, de ambições e desesperanças, de amores e abandonos, de viver e de morrer.
Ser feliz ou não, por vezes, resulta nem tanto daquilo que temos, mas daquilo que nos falta.

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