A resenha do golpe

*Por Marco Antônio Ballejo Canto

Passaram mais de dois anos da eleição na qual Lula ganhou de Bolsonaro e voltou a ser presidente do Brasil em 1º de janeiro de 2023. Os dias que se seguiram à eleição de outubro de 2022 foram tensos e a possibilidade de um golpe de estado esteve na pauta em vários momentos.

Que o arquiteto do possível golpe era Bolsonaro, todos sabíamos. Talvez Bolsonaro não fosse exatamente o arquiteto, mas o interessado número 1 e quem tramava, com seus próximos, o que precisava ser tramado para viabilizar o golpe de estado que ele pretendia desencadear.

Bolsonaro, apesar de ter conduzido o país num repertório verbal de muita molecagem, que chegou na prática a medalha de incomível e imbrochável, isto é coisa que um presidente ande falando por aí, perdeu por pouco uma eleição e perdeu para ele mesmo. Não tivesse andado por aí incentivando as pessoas a morrerem de covid por não tomarem vacinas que o presidente dizia que não havia tomado, mas tomou, teria ganho.

Fazendo o que fazia, se não tivesse tomado vacina, Bolsonaro teria pego covid umas vinte vezes, pelo menos. Foi o principal responsável pela morte de algumas centenas de milhares de brasileiros, seja por incentivar o desleixo em relação à proteção contra a doença, seja por ter sido negligente de providenciar vacinação no tempo oportuno.

Vivemos hoje como se a covid não tivesse acontecido. Alguns até dirão que nunca aconteceu nas redes sociais.

Por essas e muitas outras, Bolsonaro perdeu e como um soldadinho mimado pela mãe, o soldadinho do passo certo, pretendeu dar um golpe a seu favor.

Na época, escrevi neste espaço do jornal que o golpe não sairia porque os generais não seriam estúpidos o suficiente para colocar um capitão que saiu corrido do exército a continuar os chefiando. O povo pode colocar, os generais não.

Claro me parece que alguns com altos cargos nas forças armadas, e a maioria destes já aposentados, se prestam a lamber as botas de um capitão em troca de benefícios próprios. Continuariam a lamber se pudessem.

Porém, os comandantes do exército, Marco Antônio Freire Gomes e da aeronáutica, Carlos de Almeida Baptista Júnior, se posicionaram contra o golpe de estado. Os grandes líderes das forças armadas nos comandos militares regionais também estiveram contra e o golpe não saiu. O comandante do exército, e isto foi notícia na época, chegou a ameaçar Bolsonaro de prisão.

Lula tomou posse e Bolsonaro fugiu para os Estados Unidos para não correr o risco de ser preso no 8 de janeiro de 2023 em que uma turma de baderneiros que  apoiavam cegamente o “mito” fizeram o movimento de quebradeira que chegou ao Congresso Nacional, ao Palácio do Planalto e ao Supremo Tribunal Federal. Boa parte da turma da baderna está presa e outra está foragida do país, muitos na Argentina. Para desgraça destes, o presidente da Argentina não parece ter simpatia por baderneiros.

Depois do tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens de Bolsonaro, ter feito delação premiada para reduzir sua pena, outros seguirão o mesmo caminho e o “mito” será culpado pelo que fez e até pelo que não fez.

ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*

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