Produtores receberam o registro estadual nesta semana Foto: Divulgação TP
Após um longo processo em busca de regularização, Candiota passa a contar com a primeira agroindústria com inscrição estadual emitida pela Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seap-DR), inclusa no Programa Estadual de Agricultura Familiar (Peaf) – a agroindústria San Antônio. Com o programa, os produtos oriundos da agroindústria, podem ser comercializados para todos os municípios do Rio Grande do Sul, com emissão de nota pelo Talão do Produtor.
De propriedade do casal Antonio e Nilce Hindersmann, a agroindústria está localizada no assentamento Nossa Senhora Aparecida, interior de Candiota, e produz vegetais minimamente processados, panificados e doces em pasta.
Conforme a Emater de Candiota, que deu todo o suporte para a implantação da agroindústria, iniciando pelo cadastro de propriedades que já efetuavam a atividade informalmente, o empreendimento foi inaugurado em novembro de 2018, mas ainda estava em fase de regularização estadual, cujo certificado foi entregue na última terça-feira (21).
O processo contou com o apoio fundamental da Secretaria de Agropecuária e de Meio Ambiente de Candiota, por meio do encaminhamento das licenças ambiental e sanitária e de potabilidade da água.
Casal Hindersmann trabalha junto na agroindústria Foto: Divulgação TP
Com o apoio do técnico André Borba, o extensionista rural Matheus Caetano, técnico responsável junto ao Peaf relata que foi fundamental a perseverança da família quanto à inclusão no Peaf e na confiança dada à equipe da Emater/Ascar na condução do processo. Também explica que o Programa Estadual é importante para a agregação de valor da matéria-prima, qualificação nos processos de manipulação dos alimentos e geração de renda e sustentabilidade às famílias. “O sentimento é de uma batalha vencida, pois a família foi cadastrada no programa em 2016. Por seu Antônio e dona Nilce acreditarem no programa e não desistirem, pois foram idas e vindas até conseguirmos atualizar todos os documentos necessários para a inclusão da agroindústria no programa estadual, conseguimos alcançar este objetivo”, afirmou Caetano.
Acompanhando o processo desde a fase inicial, a chefe do escritório da Emater de Candiota, Hulda Alves, disse que a alegria de ver a agroindústria da família Hindersman recebendo o certificado é gigante. “Nos motiva a seguir em frente, centrando esforços para que muito em breve outras agroindústrias estejam regularizadas, levando para fora do município e quiçá para fora do estado, produtos de qualidade e diversificados. Sucos, vinhos coloniais, peixe, frangos e ovos, entre outros, são produtos que são produzidos nas agroindústrias que estão em fase de implantação e regularização. A Emater está a disposição dos produtores para informações e assessoramento técnico”, manifestou.
Quanto à certificação estadual, Nilce Hindersman disse ser gratificante. “Foram muitos anos lutando tanto para construção de tudo isso, é mais um dever cumprido e agora seguimos no anseio pelo certificado para produção do suco de uva integral e chimias”, afirmou a produtora.
A AGROINDÚSTRIA – O jornal Tribuna do Pampa conversou com a produtora Nilce Haas Hindersmann (58 anos), proprietária da agroindústria San Antônio junto ao esposo Antônio Hindersmann (61 anos), ambos naturais de Arroio do Tigre, mas residentes há 16 anos em Candiota.
Ao TP, Nilce contou que começaram a trabalhar com fornecimento de produtos para a merenda escolar em 2013. “Eram fornecidos produtos in natura para preparação das merendas escolares municipais e estaduais, entretanto a época de produção de algumas frutas e verduras não corresponde com período escolar, devido a sazonalidade produtiva, com isso ocorriam muitas perdas produtivas e desperdício, fato que nos levou ao início do processamento dessas frutas e verduras na nossa cozinha de casa”, relatou a produtora, acrescentando que logo após teve início a produção de panificados como cucas, bolachas, pães, que logo foram incluídos no portfólio de produtos.
A produtora contou ao jornal que a chegada de oportunidades e a necessidade de um espaço exclusivo para a fabricação dos produtos deu início, em 2017, a construção da agroindústria. “Com o apoio do Matheus, da Emater, e do André, da Secretaria da Agropecuária, já em 2018 realizamos a inauguração da agroindústria com uma licença municipal para funcionamento e entrega dos produtos nas escolas. Também foram importantes o Paulo Cesar (PC) e o Kiki nesse processo, só posso agradecer a todos eles”, destacou.
Atualmente, a San Antônio trabalha com mini processados (melão, melancia, pêssego, goiaba, ameixa, maracujá em polpa, amora, uva, cenoura, abóbora, pimentão, mandioca, couve e kit sopa) e os panificados (cucas, pães, bolochas doces e salgadas, roscas glaceadas).
Além dos vegetais processados, produtores trabalham com a parte de panificados diversos Foto: Divulgação TP
COMERCIALIZAÇÃO – O foco principal de vendas da agroindústria são as licitações de merendas escolares municipais e estaduais, porém Nilce conta que vendas também ocorrem mediante encomendas e retiradas na propriedade, salvo quando a família vai até a área urbana e já aproveita para fazer alguma entrega.
Contatos com o casal produtor podem ser feitos através de uma página no Facebook (@SanAntonioAgroindustria), local onde também são postadas fotos dos produtos e da propriedade.
PROJETO – Segundo Nilce, em 2021 também teve início a construção do prédio para processamento de suco de uva integral, o qual já está concluída e a família trabalha em prol da legalização para iniciar a comercialização do produto.
SOBRE O PROGRAMA – O Programa de Agroindústria Familiar é uma política pública do Rio Grande do Sul instituído pela Lei Estadual nº 13.921/2012 com objetivo fomentar a economia das famílias rurais, agregando valor à produção, promovendo a segurança alimentar e nutricional, sustentabilidade e geração de renda, além de valorizar a diversificação dos sistemas produtivos, sendo operacionalizado pela Emater/RS. No Brasil, o Programa Nacional da Agroindústria Familiar foi instituído em 2003 quando o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) criou as linhas de Crédito Rural Pronaf/Custeio Agroindustrial e Pronaf/Agroindústria. Em 2006, o Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), através do resultado de um Grupo de Trabalho Interministerial (GTI) regulamentou o novo sistema de inspeção sanitária (Suasa), detalhando a participação dos estados e municípios, elaboração de manual de boas práticas agrícolas e de agroindustrialização, e outros documentos norteadores para a devida implantação do Programa.
