QUESTÃO ENERGÉTICA

Ainda ignorando potencial do carvão, Brasil importou por Candiota, quase R$ 1,3 bilhão de energia do Uruguai em 2021

Números foram apresentados ao presidente da República esta semana pelo prefeito Folador

Pela Subestação Candiota 1 entra no Brasil a energia importada do Uruguai Foto: Marcos Lopes/Especial TP

Quando foi inaugurada a Subestação Candiota 1, em 2015, pertencente a CGT Eletrosul, a ideia inicial era que o Brasil exportasse energia para o Uruguai, por meio de uma conversora na cidade de Melo.

Passados sete anos, a realidade é totalmente outra. Por ali, entre janeiro e outubro de 2021, segundo dados divulgados pelo jornal Valor Econômico, o Brasil comprou 266 milhões de dólares em energia, oq eu convertido na cotação da última quinta-feira (7), representa quase R$ 1,3 bilhão. A alta de importação em relação a 2020 foi 3.784%.

Ao todo, a importação de energia elétrica no período custou ao governo brasileiro 2 bilhões de dólares. O aumento da importação foi em função da crise energética que o país passou. A falta de chuvas levou o Brasil a comprar mais energia de países como Argentina e Uruguai. O ritmo de importação tem diminuído com a chegada das chuvas e consequente aumento dos reservatórios das hidrelétricas brasileiras.

O maior valor de compra de energia elétrica importada aconteceu em outubro de 2021, quando o Brasil comprou 344 milhões dos países vizinhos.
Com a escassez hídrica, a Argentina passou a ser detentora de 33,1% do total de energia importada. O Uruguai, 13,1%. Entretanto, apesar de o Paraguai não ter registrado aumento de exportação de energia elétrica para o Brasil, é o que mais vende ao país, com 53,8%.

Folador entregou documentação esta semana para o presidente no Palácio do Planalto, em Brasília Foto: Divulgação TP

BOLSONARO – Esta semana, em audiência articulada pelo prefeito de Bagé, Divaldo Lara (PTB), o prefeito de Candiota, Luiz Carlos Folador (MDB), apresentou ao presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), os números das importações, chamando a atenção presidencial de que o carvão mineral tem potencial para produzir energia paga em reais e não dólares, além de um custo muito mais barato, gerando emprego e renda no país.
Além disso, Folador mostrou a Bolsonaro, que esteve em Bagé nesta sexta-feira (8), que o custo variável unitário (CVU) por megawatt/hora do carvão candiotense é muito barato quando comparado com as demais fontes térmicas de energia, como o gás natural e o óleo diesel.

O CVU da UTE Pampa Sul está em R$ 77,19 o MW/h, o da Usina de Candiota (Fase C) em R$ 95,32. Já usinas como Canoas, a diesel, tem CVU de R$ 698,14 e Araucária, a gás, com CVU de R$ 706,35 o MW/h.

Ainda, Folador mostrou ao presidente, que o CVU da energia comprada do Uruguai, dependendo do bloco, a mais de R$ 2,2 mil.

O prefeito bageense também se manifestou durante a audiência. “A Campanha Gaúcha tem sofrido desabastecimento de energia, importando do Uruguai e da Argentina. Com a implementação de mais usinas na região de Candiota, que é rica em carvão, teremos mais de 10 mil empregos gerados e uma produção que nos permitir colaborar com o abastecimento energético de todo o país”, disse Divaldo.

Segundo Folador, Bolsonaro se interessou pela pauta e imediatamente passou os documentos apresentados para um assessor especial da Presidência.
No próximo dia 12, acontece uma audiência no Ministério de Minas e Energia (MME), com o ministro Bento Albuqueque, quando vai se tratar na prorrogação das atividades da Usina de Candiota, pertencente a CGT Eletrobras até 2040 e também sobre a mineração de fosfato em Lavras do Sul.

* Originalmente este conteúdo foi publicado no jornal impresso

Comentários do Facebook