Ao atravessar olhe para os dois lados

Por Cristian Canto

Entramos no caminho do segundo turno das eleições, deu o óbvio, mesmo que as pesquisas dissessem algo diferente.Em tempos em que opiniões políticas se tornam discussões simplistas de sim ou não, saber discutir sem tornar isso uma peleja pode ser um grande passo para a tranquilidade. Não existe só um lado, nem tampouco, uma só sigla. Não existe só o vilão e o mocinho. Todos temos aspectos bons e ruins na nossa personalidade e nos nossos comportamentos. O que precisamos é reconhecer as diferenças para que a conversa avance e o desenvolvimento do assunto torne-se, se não, ótimo, o mais inteligente e pacífico possível. Podemos acreditar que o que antes se tornaria uma desarmonia sobre uma opinião possa tornar-se uma discussão saudável e com novas perspectivas, independente de quem estiver a nossa frente ou até por redes sociais.
Não é errado discordar, na verdade, a vida é mais interessante pelos pensamentos distintos, então discorde!
Entretanto, a discordância tem que ser em tom respeitoso, será a melhor maneira para ser uma comunicação construtiva. Não ter a razão entranhada nas palavras, não parecer soberbo em assuntos que não se tem certeza e não criticar a opinião alheia, será o mais coerente para não sair com cara de paspalho de um simples bate-papo. Cada um tem a sua ideia de certo e errado. É confuso, mas tudo tem dois lados e, em relação à eleição que se avizinha, parece que a escolha será esquerda ou direita.
Bem, nesse caso, o que mais me intriga é o amigo deixar de falar com o amigo porque ele escolhe dobrar à esquerda, o parente deixa de seguir o parente porque ele virou à direita. Isso tudo me faz crer que apenas a morte faz com que o sentimento seja igual em todos. Não há partido na partida.
Vale a pena tentar dialogar sobre o que não acreditamos, mas o outro acredita, aprendemos algo interessante até em matérias que criticamos, mas precisamos aprender para passar para a próxima série.
Isso não significa, ao mesmo tempo, que carecemos ser amáveis e delicados o tempo todo. Precisamos utilizar a seriedade para que nosso ponto de vista seja valorizado, tal qual valorizamos a análise alheia. Também é preciso utilizar o bom senso em relação às piadas e o bom humor, existem assuntos que abrem poucas brechas para risadas. Não há maneira perfeitamente correta de se falar, também não há receita que traga certeza de que o outro estará em nosso mesmo patamar de civilidade. Dosar afirmações, e manter-se firme com a verdade pode gerar um conflito interno, podendo corroer as cordas vocais que querem soltar a verdade enquanto a sensatez mantém a integridade e a calma.
O melhor tom de voz unido com a coerência dependerá da educação emocional e autoconhecimento, terão assuntos que não são seus, que serão apenas um tempo despendido a alguém que deseja apenas desabafar. Música, filme, time, religião, tudo isso e mais inúmeros temas serão discussões desnecessárias, gosto é gosto, é só respeitar.
Quem nunca discutiu de forma brusca com um amigo? Quantas vezes nos convidaram a participar de alguma religião? Quantos já pediram o seu voto?
Dentre todos os percalços causados por inúmeras razões, vivemos dias obscuros de muita despedida inesperada e a sensibilidade está extremamente aflorada, sendo assim, tenhamos opiniões, mas se externá-las cause alguma dor, melhor evitar.
Obrigado por ler até aqui e até a próxima.

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