TRIBUNA LIVRE

Alerta à Região Mineira de Candiota

* Silvio Marques Dias Neto

A Usina Termelétrica Candiota (Fase C), mesmo se tratando de uma planta nova, com apenas 15 anos de funcionamento, corre um sério risco de ser desativada no ano de 2024, quando encerra seus contratos de comercialização de energia elétrica.

A privatização da Eletrobrás aprovada recentemente e os respectivos noticiários nos órgãos de imprensa especializada informam da possibilidade real da desativação.

Muitos dirão: é apenas mais uma empresa a fechar as suas portas. Será que é tão descomplicado assim?

Grande parte das pessoas que vivem na cidade de Candiota estão intimamente ligadas a cadeia produtiva do carvão mineral.

Muitos trabalham diretamente na Usina e na CRM, o comércio vive da circulação de recursos financeiros originados da geração de energia elétrica e da mineradora.

Cada atividade econômica sofrerá sérias consequências: as oficinas mecânicas perderão clientes, os restaurantes, pubs e lancherias terão reduzidas suas vendas, os petshops, as lojas de vestuário, os institutos de beleza, os órgãos de imprensa, as barbearias, as grandes empresas terceirizadas, os mercados, as lavanderias. Enfim, todas as atividades econômicas independentemente do seu porte terão prejuízos.

Alguns de nós dirão, em razão de não trabalharem diretamente na Fase C ou na CRM, não tenho nada a ver com isso. Será que não?

A maior parte dos empregos estão nos pequenos negócios: o comerciante gera empregos, o dono do comércio emprega, os funcionários de cada atividade dessas movimentam a economia num círculo dinâmico de retroalimentação. Uns dependem de outros indistintamente.

As políticas públicas de saúde, educação, assistência social, os investimentos em estradas, o funcionamento do ente público municipal depende, para a sua existência e capacidade de financiar suas atividades, dos pagadores de impostos. O dinheiro que sustenta as prefeituras não cai do céu, se originam das atividades econômicas dos empreendedores.

Temos duas alternativas: ou ficamos de braços cruzados aguardando a derrocada econômica da nossa região mineira e vemos a maior parte das pessoas buscarem alternativas de sobrevivência em outros lugares ou nos mobilizamos, como fez Santa Catarina, que salvou o Complexo Jorge Lacerda, e começamos um trabalho organizado de salvamento e preservação da Região Mineira de Candiota.

A escolha é de quem vive aqui. Porto Alegre, São Paulo, Curitiba, Rio de Janeiro, etc, não moverão uma palha por nós.

* Diretor-presidente da Ouro Negro e ex-prefeito de Pedras Altas

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