JUSTIÇA

Após vitória judicial, mina de fosfato em Lavras do Sul aguarda licença de instalação

Empresa responsável acredita que assim que a Fepam aprovar a Licença de Instalação (LI), em 60 dias começa as obras

Projeto prevê produção inicial de 300 mil toneladas de fosfato natural por ano Foto: Divulgação TP

O Ministério Público Federal (MPF) de Bagé havia movido uma ação civil pública, com pedido de tutela provisória de urgência, contra a empresa Águia Fertilizantes S.A e contra a Fundação Estadual de Meio Ambiente (Fepam). O MPF requeria a suspensão da eficácia da Licença Prévia Ambiental (LP) n.º 355/2019, concedida pela Fepam à empresa Águia para implantação do projeto Fosfato Três Estradas, no município de Lavras do Sul.

O MPF viu nulidades procedimentais no processo de licença prévia, como, entre outros, impactos à pecuaristas familiares da região, os considerando como ‘comunidades tradicionais’, além de não realização de uma audiência pública na área de Torquato Severo (Dom Pedrito), que, segundo o MPF, seria fortemente impactada pela atividade.

O projeto Fosfato Três Estradas nasceu a partir da descoberta da primeira jazida de rocha fosfática localizada na região de Três Estradas, 2º distrito do município de Lavras do Sul. A Águia iniciou os trabalhos de pesquisa mineral em 2011, os quais culminaram na definição de um depósito mineral com recursos geológicos de 104 milhões de toneladas de minério com teor médio de 4% P2O5. Desde então, a empresa busca o licenciamento ambiental para implantar a indústria para a produção de fertilizantes, travado recentemente pela ação do MPF.

A implantação da indústria se reveste de mais importância neste momento, visto que o Brasil, em função da guerra da Ucrânia e sua alta dependência externa, está vivendo uma crise na importação de fertilizantes para o agronegócio nacional. O projeto inicial prevê produção de 300 mil toneladas por ano.

Em decisão nesta segunda-feira (8), o juiz substituto da 1ª Vara da Justiça Federal de Bagé, André Augusto Giordani, declarou incompetente a Justiça Federal para julgar o caso. “Ante o exposto, reconheço a incompetência absoluta da Justiça Federal, por ilegitimidade ativa do MPF na presente Ação Civil Pública, considerando se tratar de projeto com impacto local, não se tratar de caso que enseje a aplicação das disposições constantes na Convenção da Organização Internacional do Trabalho e por não vislumbrar interesse jurídico da União, de suas autarquias ou empresas públicas na causa. Por consequência, declino da competência para a Justiça Estadual da Comarca do Lavras do Sul”, assinala em sua decisão.

PREFEITO – O prefeito de Lavras do Sul, Sávio Prestes, comemorou a decisão, no momento que cidade também festeja seus 140 anos. “O despacho do juiz corrobora com a defesa que fizemos no processo. Esta luta já durava quase dois anos. Esse é um momento muito feliz e essa decisão nos dá musculatura para seguirmos lutando pela mineração na nossa região, seja o fosfato de Lavras, o calcário de Caçapava ou o carvão de Candiota”, destacou o prefeito.

Ainda, o prefeito enalteceu que a vitória judicial foi de toda a região e do RS. “Se uma mina de adubo for proibida de abrir, que não tem quase nenhum impacto ambiental, imaginem uma chumbo, cobre ou carvão?”, questiona. Sávio Prestes não acredita que a Justiça Estadual vai dar andamento ao processo.

Por fim, o prefeito prevê muitos ganhos não só para Lavras, mas para a Campanha gaúcha, com o aumento da geração de Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), além de Lavras ter sua receita multiplicada por sete vezes a atual, sem falar em todas as outras cadeias econômicas que irão surgir e ser fomentadas na cidade, além de 120 empregos diretos na primeira fase e 480 indiretos. “Isso vai significar mais saúde, educação, melhores salários aos servidores municipais e mais infraestrutura para nossa comunidade”, aponta.

EMPRESA – Segundo a assessoria de Comunicação da Águia Fertilizantes, o diretor-geral da empresa, Fernando Talarico, também comemorou a decisão, reforçando que sempre se teve certeza que todos os cuidados e exigências da legislação haviam sido tomadas e cumpridas para a obtenção da LP.

Conforme a assessoria, agora a empresa aguarda a tramitação do pedido de Licença de Instalação (LI) junto a Fepam, que foi entregue em 2021, e assim que for obtida, se acredita que num prazo de 60 dias após a liberação, já se comece as obras, que devem durar cerca de um ano.

* Originalmente este conteúdo foi publicado no jornal impresso

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