SOCORRO FINANCEIRO

Aprovada ajuda emergencial para estados e municípios

Ajuda deverá apenas amenizar o que já foi perdido em termos de receita Foto: J. André TP

O projeto de Lei Complemen­tar (PLP) 39/202, chamado Programa Federativo de Enfrentamento ao Coronavírus, recebeu o aval final dos senadores nesta quarta-feira (6) e agora vai à sanção presidencial. No relatório, o presidente do Senado, Davi Al­columbre, acatou parcialmente as alterações da Câmara, ampliando a lista de servidores excluídos do congelamento de salários. Após a sanção, a proposta distribuirá R$ 23 bilhões aos municípios – sendo R$ 3 bilhões exclusivos para ações de saúde e assistência social no com­bate à Covid-19 e os R$ 20 bilhões restantes de uso livre.

As administrações muni­cipais também serão beneficiadas com a suspensão dos pagamentos das dívidas previdenciárias no Regime Geral de Previdência So­cial (RGPS) e das contribuições patronais nos Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS) até o fim de 2020. Essas medidas re­presentarão, respectivamente, um fôlego estimado em R$ 6,5 bilhões e R$ 19 bilhões. Vale destacar que a suspensão da dívida deverá ser regulamentada pelo Ministério da Economia e o pagamento das parce­las será iniciado após o término do prazo do refinanciamento. No caso da contribuição patronal, lei muni­cipal deverá autorizar a suspensão.

De acordo com a Confe­deração Nacional dos Municípios (CNM), o auxílio financeiro apro­vado tem potencial para recompor parte – equivalente a 30% – das fortes perdas municipais esperadas no cenário da pandemia de Co­vid-19. De acordo com o projeto aprovado, são previstos cerca de R$ 27 bilhões para renegociação de obrigações dos Estados e Municí­pios com a União, bancos públicos e organismos internacionais. O texto também possibilita a securitização de contratos de dívida.

Outro importante pleito atendido é a extensão do Decreto Legislativo 6/2020, que reconhece o estado de calamidade pública, para Estados e Municípios. Mais um avanço do projeto aprovado, também reivindicado pelo movi­mento municipalista, é a dispensa, enquanto durar a calamidade, dos limites e condições do Cauc para que os Municípios possam receber transferências voluntárias e acessar operações de crédito. Dessa forma, fica garantido o direito de receber transferências voluntárias, mesmo que esteja inscrito em cadastro de inadimplência ou não atenda a algum critério previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

PARTILHA Os cofres municipais receberão os valores do auxílio financeiro em quatro parcelas. No total, Estados, Municípios e o Distrito Federal receberão juntos R$ 60,1 bilhões – sendo R$ 37,1 bilhões para os Estados e Distrito Federal, e R$ 23 bilhões para os Municípios. Para distribuição, fo­ram definidos critérios diferentes para cada recurso. Enquanto os R$ 3 bilhões carimbados serão divi­didos entre os Municípios apenas segundo o tamanho da população, os R$ 20 bilhões passarão por dis­tribuição mais específica. Primeiro, divide-se a quantia entre os Esta­dos considerando arrecadação do ICMS, população, cota no Fundo de Participação dos Estados (FPE) e contrapartida paga pela União por isenções fiscais de exportação. Depois, o montante é distribuído entre os municípios de cada estado por critério populacional.

ENTENDA OS VALORES

* R$ 3 bilhões para ações de saúde e assistência social
* R$ 20 bilhões para uso definido pela gestão local
* R$ 6,5 bilhões em suspensão do pagamento de dívidas previdenciárias no Regime Geral de Previdência Social (RGPS) que venceriam até o fim de 2020
* R$ 19 bilhões em suspensão do pagamento da contribuição patronal para os Municípios com Regime Próprio de Previdência Social (RPPS), desde que autorizada por lei municipal específica – sendo R$ 17 bilhões de contribuição patronal e R$ 2 bilhões de aporte financeiro para cobertura do déficit atuarial.

 Prefeitos da região avaliam que ajuda apenas diminui as perdas

Prefeitura de Candiota teve perda de R$ 2 milhões somente em abril e irá receber R$ 1,1 milhão de auxílio Foto: Arquivo TP

Os prefeitos da região de circulação do TP impresso foram unânimes em dizer que os recur­sos vêm em boa hora, porém não representam um incremento na receita, já que as perdas na arre­cadação já estão acontecendo em volumes consideráveis.

CANDIOTA O prefeito Adriano dos Santos (PT) foi enfático em dizer que a ajuda não vai reparar os prejuízos causados pela perda da arrecadação. O município vai receber pouco mais de R$ 1,2 milhão, porém somente no mês de abril, segundo Adriano, a perda já foi de R$ 2 milhões. “Então não há nenhum ganho ou incremento de receita e essas perdas devem se repetir pelos próximos meses. Por mais que fizermos economia não tem como recuperar. Além disso, o recurso sequer veio e depende ainda de sanção presidencial. Até lá vamos nos virando por aqui”, lamentou.

PINHEIRO MACHADO Ques­tionado sobre o destino do valor que será enviado pela União, o prefeito Zé Antônio fez questão de dizer que, na atual situação finan­ceira do município, ele vem em muito boa hora. “Apesar de servir para tapar um buraco porque a arrecadação do Fundo de Parti­cipação dos Municípios (FPM) e do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) caíram cerca de 30% e isso impac­ta muito diante da nossa realidade, esse valor vai sim nos ajudar. Esse dinheiro já vem com parte desti­nada para combater a pandemia e a outra parte entra no recurso livre. Vamos poder utilizar para complemento da folha salarial dos funcionários públicos e tam­bém temos que dar atenção aos prejuízos com a estiagem”, disse.

Segundo detalhou o ges­tor, o dinheiro vai ser repassado em parcelas e em cada mês vai ser avaliado como será a sua destinação exata. “É um remédio bastante amargo para os prefeitos, principalmente os próximos. A União encaminha essa ajuda fi­nanceira e, em contrapartida, faz uma série de restrições de gastos – como não poder aumentar os salários do funcionalismo público até 2021, por exemplo”, citou.

PEDRAS ALTAS Sobre o uso do recurso estimado pela Famurs de R$ 257 mil na cidade, o prefeito de Pedras Altas, Bebeto Perdomo disse que a prioridade é a folha de pagamento dos servidores. “Primeiramente, nossa priorida­de é manter em dia a folha, os direitos dos funcionários. Depois, poderão ocorrer investimentos em estradas, pontes, infraestrutura, saúde, em toda cadeia da gestão”, afirma.

O gestor também faz uma crítica aos valores propostos. “Há uma incoerência muito grande por parte dos governadores em querer e pedir para ficar com a maior fatia do bolo. O Estado não faz nada pelos municípios, não consegue repassar nem cesta básica e caixa de água em virtude da estiagem, não pode ficar com a parcela maior que os municí­pios, locais onde acontecem as políticas públicas de governo. Era para ser 100% para os municípios e nada para o Estado, ou 60% para os municípios e 40% para o Estado”, manifesta.

HULHA NEGRA O prefeito Renato Machado diz que todo recurso é necessário para o muni­cípio. Especificamente quanto ao investimento do valor estimado pela Famurs em R$ 881 mil, o gestor diz que a prioridade de­verá ser amenizar os problemas causados pela estiagem. “Nossa maior pandemia atualmente é a falta de água. Estamos tomando providências, mas nossa tristeza com relação aos governos federal e estadual é com relação a falta de assistência neste momento”.

AZONASUL – O presidente da Associação dos Municípios da Zona Sul (Azonasul), Luis Henrique Pereira da Silva, prefeito de Arroio Grande, disse que a divisão do auxílio emergencial financeiro a estados e municípios para combate aos efeitos da pandemia da Covid-19 “não foi justa”. Segundo ele, os cidadãos estão nos municípios e os problemas e as soluções esbarram sempre na porta dos prefeitos. Confira a matéria completa no link: http://www.tribunadopampa.com.br/azonasul-critica-divisao-do-auxilio-emergencial-a-estados-e-municipios/

 

*Editada com relação ao impresso

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