Argentina

Estive esta semana na Argentina onde percorri de automóvel os 670 quilômetros que ligam Paso de Los Libres a Buenos Aires. Fiquei três dias na capital, o que cheguei, no final da tarde, o que fiquei e parte da manhã seguinte quando comecei a voltar. Hospedado num hotel na área central, a uma quadra do congresso nacional, pude dar uma espiada no país, onde estive por necessidade e não como turista.
Fala-se muito no Brasil sobre a Argentina economicamente quebrada. O que se vê está longe disso. Muito longe. Talvez porque eu só tenha visto a região central da capital, as estradas e poucas coisas mais. Do que vi, a crise existe, mas nem de perto o que se vê em Porto Alegre, por exemplo.
Vamos combinar que é mais razoável comparar Buenos Aires com São Paulo. As estradas de lá com as de São Paulo. Bem, neste caso, acho que as estradas de São Paulo não devem nada para as estradas argentinas. É possível que sejam melhores, faz duas décadas que não ando pelo interior de São Paulo. Andei 670 quilômetros por estradas duplicadas, com excelente nível de segurança comparando com a imensa maioria das estradas do Rio Grande do Sul. Velocidade permitida, 120km/h. Na chegada em Buenos Aires, últimos 80 quilômetros, 130km/h. O número de pistas foi aumentando, duas, três, cinco e finalmente seis em cada sentido.
Buenos Aires tem sinaleiras para todo lado, mas não encontrei uma única pessoa pedindo dinheiro ou comida nas sinaleiras, nem vendendo balas ou assemelhados como é comum em Porto Alegre. Pessoas mendigando muito poucas e moradores de ruas também muito poucos. Contrastes gritantes com a realidade de Porto Alegre. Houve protesto nas ruas na última quarta-feira e vi um pequeno grupo, umas trinta pessoas, fazendo uma passeata de protesto. Nada que tenha parado a cidade.
Quem chega do Brasil e não tem informações sobre a Argentina verá uma cidade que se movimenta dentro de padrões razoáveis de normalidade. Muitos automóveis, mas pouca movimentação de pessoas nas ruas centrais onde muitos café e restaurantes servem clientes que não são muitos, nem raros. Não se vê as aglomerações de gente comuns no centro de Porto Alegre ou de São Paulo.
Enfim, nada como chegar perto para ver. Parece-me que os argentinos estão com menos dinheiro que em outras épocas e não são turistas como já foram passando por aqui rumo as praias catarinenses, mas estão longe de serem um país com um povo que vive as dificuldades que vimos nas ruas das grandes cidades brasileiras.

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