PARLAMENTO

Assembleia do RS cassa mandato de Jardel

Jardel se elegeu com 41 mil votos

Jardel se elegeu com 41 mil votos Foto: Divulgação TP

Por unanimidade, a Assembleia Legislativa cassou na sessão plenária desta quinta-feira (22), o mandato do deputado e ex-jogador, Mario Jardel (PSD). A Bancada do Partido dos Trabalhadores apoiou a cassação. Vários parlamentares do PT subiram à tribuna para manifestar o voto. Um deles, Adão Villaverde, lembrou o voto decisivo de Jardel na votação do tarifaço, no final de 2015, considerado pelo ex-jogador como o maior gol de sua carreira. Outro parlamentar do PT, Altemir Tortelli reforçou a proposta para que seja mais debatida a reforma política no Brasil, uma forma de se fortalecer a ética na política.

A seguir, confira o que disseram parlamentares do PT sobre o assunto.

Jeferson – É a primeira vez na Assembleia que se chega ao final de mais um processo de cassação. Antes, não havia uma jurisprudência de ritos, de forma completa. Nestes dois casos, e o papel da mídia gaúcha foi fundamental, embora não nos pautamos pela mídia e suas manchetes midiáticas, pois poderíamos correr o risco de, ao invés de fazer um processo disciplinar, fazer uma inquisição. Na inquisição, o acusado não tem o direito ao contraditório, tampouco a ampla defesa. Todos os elementos de provas nos ajudaram muito. Portanto, agimos num caso de quebra do decoro que, do ponto de vista legal, transcendeu a mera quebra de decoro. Nos dois casos além do decoro houve crime por falsificação de documentos, uso indevido de verba indenizatória, que agora cabe à Justiça apreciar. A nossa parcela, do ponto de vista da ética, nós concluímos.

Tarcísio – O Jardel é alguém que trouxe muita alegria a uma metade do Rio Grande do Sul e tristeza para a outra. E é nessa condição que ele, talvez, se elege deputado estadual. Todos nós assistimos (na Assembleia) o suplício de Jardel, porque ele não era talhado para este espaço, que é diferenciado e mais exigente. Espero que, para além dos atos cometidos aqui, também, no Poder Judiciário sejam apuradas as interferências que houve sobre Jardel. Lembro que o (ex) deputado Jardel tem partido, que é do vice-governador e que o voto dele foi decisivo para aprovar o tarifaço e o valor das RPVs pagos aos servidores públicos. Ele cumpriu um papel na sustentação deste desgoverno de Sartori e o povo gaúcho deve saber disso. Esperamos que os que contribuíram para que ele trilhasse esse caminho, também, sejam punidos no âmbito do Poder Judiciário.

Zé Nunes – Evidenciamos para a sociedade que a Assembleia Legislativa, o conjunto de seus deputados e a subcomissão de Ética tiveram uma atuação objetiva e firme, que buscou estabelecer a verdade neste caso. Ficou muito evidenciado que irregularidades foram cometidas, inclusive, crimes foram cometidos pelo deputado Jardel e que o único caminho é a cassação. Mas é importante falar sobre a importância das escolhas e da política. Por mais que queiram desqualificar a política e os políticos, o resultado não é bom para a democracia. A criminalização e banalização da política acabam resultando em mais casos como esse.

Adão Villaverde – Mesmo com os artifícios jurídicos de seus defensores, a Comissão de Ética conduziu muito firmemente a fundamentação para condenar a conduta inaceitável deste deputado. Foi um rito exemplar. O parlamentar não receberá aposentadoria do Parlamento, mas foi encaminhado à perícia do INSS que verificará seus direitos. À época da votação do tarifaço de Sartori na Assembleia, em 22 de setembro do ano passado, pedi a Jardel que se posicionasse contra o aumento linear de tributos, que penalizaria toda a sociedade gaúcha. Mas quando o ex-jogador de futebol se posicionou a favor da elevação de tarifas, foi saudado por deputado da situação, que definiu seu voto decisivo para o placar de 27 a 26, como o maior gol de sua carreira.

Stela – A condução de um processo como este pela Comissão de Ética credibiliza o Parlamento. Casos como o deputado Jardel, somam-se a um profundo descrédito da política. Descrédito como o que estamos vivendo hoje no estado. Se o governador Sartori tivesse sido honesto com a população gaúcha ele não teria sido eleito, em hipótese alguma. E isso, também, soma-se a um processo de descrédito da política.

Nelsinho Metalúrgico – É necessário que se debata e defenda uma reforma política para melhorar a representação no Parlamento, a fim de que os candidatos eleitos sejam, de fato, representativos da maioria da população brasileira. Precisamos da lista partidária, que o eleitor possa votar em ideias, em propostas, programas e não em indivíduos.

Edgar Pretto – Essa é uma dura missão de afastar um membro do Poder Legislativo. É um dia que vai marcar, mais uma vez, o Parlamento. Aos eleitores de Mario Jardel e do nosso estado, lembro o quanto é importante o momento da escolha, do voto. Esse nobre momento tem que ser muito bem tomado. A nobre tarefa da escolha de um candidato é tão importante quanto a de acompanhar o mandato. Aquele que elege, tem que ter um canal de interlocução com o ele.

Tortelli – É um momento difícil, mas uma instituição tem que ser preservada. Temos que aproveitar essas situações para fazer um debate com a sociedade. Muitas vezes, vimos as pessoas votando para os mais famosos, mais bonitas, mais bonitos, os mais eloquentes e, depois de eleitos, vemos muitas traições depois. Por isso, precisamos tratar da Reforma Política no Brasil. Reafirmo a posição de nossa bancada, com o Parlamento gaúcho e com a ética na política.

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