A CGT Eletrosul, de forma oficial, apesar da solicitação via e-mail do jornal, ainda não confirmou a visita de empresários à Usina de Candiota (Fase C), interessados em comprar o complexo. O que o TP apurou é que de fato, nesta terça-feira (28), um grupo de técnicos enviados por empresários interessados está em visita à unidade.
Vale lembrar que a Usina de Candiota ainda pertence ao grupo Eletrobras, que foi privatizado em meados de 2022 durante o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL). Neste momento, o governo do presidente Lula (PT) estuda, talvez medidas judiciais para tentar reverter a privatização e reestatizar uma das gigantes de eletricidade no mundo e a maior empresa do setor da América Latina.
A venda é um desejo expressado recentemente pelo atual presidente da Eletrobras, Wilson Ferreira Júnior, que já afirmou a intenção de se desfazer da Usina, seja fechando ou a vendendo. Contrários a esse processo, um grupo de lideranças e políticos, liderados pelo Sindicato dos Eletricitários do RS (Senergisul), realizou na manhã desta terça-feira (28), um manifesto contrário ao desmembramento do complexo e também defendendo a volta da empresa à condição de pública.
A diretora estadual do Senergisul, Cristian Gonzales, defende que antes de vender, a região precisaria ser consultada. “Quais as consequências disso? Sabemos como se comportam as empresas privadas. A pública tem olhar para a comunidade. Se a Usina é tão ruim, por que tanta gente está interessada em comprar?”, questiona.
O eletricitário aposentado Paulo Cezar Govea, convocou a unidade da região para lutar contra a venda. “Passo de noite por aqui e vejo as fases A e B apagadas e isso me dá uma tristeza, pois quantas vezes eu e meus companheiros fizemos de tudo para mantê-las em funcionamento e gerando energia e riqueza. A Fase C pode ter o mesmo destino se deixarmos”, avalia.
O vereador bageense Caio Ferreira (PDT), que sempre pautou seus mandatos em defesa do carvão e das estatais, fez questão de participar do ato, acompanhado da vereadora Cáren Castêncio (PT). Ele assinalou que é uma temeridade essa venda da Usina de Candiota, se separando da Eletrobras. “É um momento muito delicado e um divisor de águas do que pode acontecer para frente. Essa possibilidade de troca de dono novamente, é como se fosse um navio com vários barcos acoplados e um desses barquinho sair em mar aberto sozinho. Isso é muito perigoso, porque pode ser o fim dessa usina”, comparou. Caio também representou o Sindicato dos Técnicos Industriais no Estado do Rio Grande do Sul (Sintec-RS) durante o ato.
O vereador candiotense Guilherme Barão (PDT) – que marcou presença juntamente com outros seis vereadores de Candiota, Marcelo Gregório (PSDB, presidente), Adriano Revelante, Gildo Feijó e Hulda Alves (MDB), Luana Vais (PT) e Dinossane Pech (PTB) -, lembrou que nasceu e se criou no município, pedindo a soma dos poderes na luta. “Precisamos movimentar todas as forças, pois as fases A e B servem de exemplo do que pode acontecer”, alertou.
IMPASSE – Em meio a possibilidade de venda ou reestatização, a Usina de Candiota ainda vive outra incerteza sobre seu futuro, que é o fim dos contratos de compra de energia em 31 de dezembro de 2024.
Outro debate é a prorrogação dos subsídios da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) até 2040, nos mesmos moldes aprovado para a Usina Jorge Lacerda, em Santa Catarina, dentro da Transição Energética Justa (TEJ).