Big Brother

Em tempos de Big Brother o que não falta é alguma coisa para ver, ou ler, ainda que a gente diga que não gosta. Quem não gosta de big brother não gosta do povo brasileiro. É por esta razão que o programa é um sucesso que se renova no mesmo a cada temporada.

Havia um amigo, que dia desses se encantou lá pelos 80 e foi embora, o Lalado, que me dizia certa vez que somos feitos da mesma massa. Pega 513 deputados, troca todos, dá no mesmo. Pega 81 senadores, troca todos, dá no mesmo. Pega duas dúzias de pessoas do povo e coloca confinados numa casa, dá no mesmo. Mudam as pessoas mas os resultados serão sempre muito parecidos. Claro que ele não falou exatamente assim, mas dá no mesmo.

Certa vez uma médica que trabalhava comigo afirmou pensar que os políticos eram mais corruptos que os não políticos. Errado. Somos todos iguais nas virtudes e nos defeitos. Iguais é um exagero mas na média não. Ninguém nasceu político, mas ao se tornar fica muito parecido com a média dos demais que é exatamente a média do que o povo é.

Logo, não pense que na sua roda familiar você e seus amigos são muito diferentes do pessoal do big brother. Não são. E é por isso que todo mundo se identifica com alguém no big brother.

Uma pergunta queria saber: – quem você acha favorito? Votei na Yasmin Brunet, coitadinha, há quem diga que ele já não é mais àquela de uns anos atrás. Ninguém é igual ao que era dez anos depois, nem fisicamente, nem mentalmente. Mas eu só acompanho o big brother no globo.com.

É interessante. Dia desses me fez lembrar Ariano Suassuna, o grande escritor brasileiro, quando dois participantes teceram algumas críticas a uma música com uma letra ridícula e de “baixo escalão” como diríamos brincando. Deu o que falar. No big brother qualquer bobagem dá o que falar e todo mundo tem opinião formada sobre tudo. Pobre Raul Seixas que pretendia ser uma metamorfose ambulante. Suassuna analisando a letra de uma música que tocava no início de uma novela: “Minha pedra é ametista/Minha cor o amarelo/Mas sou sincero/ Eu preciso ir urgente ao dentista”.  Que coisa horrorosa dizia Suassuna. Alguém falou que ele estava velho e arcaico. Aos 84 anos ele dizia “velho e arcaico sim, burro não”. A música que Ludmilla cantava no big brother era muito, mas bota muito nisso, pior que a citada pelo Suassuna e eu fiquei pensando “estou velho e arcaico mas também não sou burro”.

A polêmica sobre a beleza de Yasmin me fez lembrar de Sofia Loren no filme os Girassóis da Rússia, 1970. Lindíssima, fantástica. 54 anos depois Sofia Loren ainda circula bem, com seus 89 anos. Mas fisicamente, vamos combinar, ela estava bem melhor em 1970.

Escrevo para lembrar que muita bobagem vira assunto e qualquer opinião dá o que falar. Haja psicólogo.

ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*

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