*Por Marco Antônio Ballejo Canto
Na semana passada lembrei nesta coluna quando e como conheci Garrincha. Esta semana, enquanto aguardava um atendimento, andei lendo alguns poemas de Mário Quintana. Este eu conheci e até falei com ele. Brevemente.
A maioria das vezes que vi o poeta apenas passei por ele quando este saía do Correio do Povo ou quando andava ou sentava na Praça da Alfândega, em Porto Alegre. Porém, certa vez, Quintana estava autografando no Teatro Renascença, bem perto de onde eu morava. Convidei uma prima, ainda criança, e lá fomos nós com um livro que o poeta havia lançado “Esconderijos do Tempo”. Ao falar com o poeta, muito tímido, lá pelos vinte e poucos anos, pedi para o poeta autografar o livro para a minha prima, a Adriana. O poeta questionou: – Para ela? é tão pequena, uma menina. Pensou um pouco e falou “É, ela vai crescer”. O resultado é que a Adriana tem um livro autografado e eu não.
Do amoroso esquecimento
Eu agora – que desfecho!
Já nem penso mais em ti…
Mas será que nunca deixo
De lembrar que te esqueci?
Relógio
O mais feroz dos animais domésticos
é o relógio de parede:
conheço um que devorou
três gerações da minha família.
Seiscentos e sessenta e seis
A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa.
Quando se vê, já são 6 horas: há tempo…
Quando se vê, já é 6ª-feira…
Quando se vê, passaram 60 anos!
Agora, é tarde demais para ser reprovado…
E se me dessem – um dia – uma outra oportunidade,
eu nem olhava o relógio
seguia sempre em frente…
E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas
E se o leitor é um daqueles que não leu um livro este ano, não se preocupe, há muitos com você circulando por aí.
ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*