A compra por licitação de uma caminhonete Chevrolet Spin zero km, de sete lugares, por parte da Câmara de Vereadores de Pinheiro Machado, pode fazer com que o Legislativo local fique ao fim, sem qualquer tipo de transporte. O novo carro teve custo R$ 75,5 mil.
O presidente da Câmara, Jaime Lucas (MDB), anunciou a possibilidade no fim da sessão ordinária realizada na última terça-feira (16). Segundo ele, a decisão será tomada pelo conjunto dos vereadores. “O alvo sou eu. Atirem enquanto tiverem bala”, assinalou Jaime na tribuna.
A polêmica sobre a compra do veículo surgiu nas redes sociais, quando um grupo expressivo de pessoas criticou a aquisição, justamente porque o município enfrenta neste momento a pior crise financeira dos seus 138 anos de fundação. O salário do funcionalismo de dezembro será pago somente nesta sexta-feira (19), o 13º será parcelado e há dívidas com o vale-alimentação dos servidores e com fornecedores.
Com a compra do novo carro, a Câmara cedeu ao Executivo a antiga caminhonete, uma Chevrolet Zafira 2011, que será utilizada para o transporte do prefeito e também pela Secretaria de Saúde. “Fizemos tudo dentro da legalidade e com as melhores das intenções. Agora os vereadores vão decidir se doamos a nova para a Saúde e ficamos sem transporte”, explicou Jaime.
Antes, o presidente, de forma provocativa e indireta (quase direta), mas sem citar nomes, se referiu a um político da cidade, que segundo ele, ganha como assessor da Assembleia Legislativa do RS, o equivalente a duas caminhonetes Spins por ano.
O vereador Mateus Garcia (PDT) lembrou que a aprovação da compra do veículo foi feita pela Legislatura passada, quando se votou o Plano Plurianual (PPA) 2013-2017. Mateus acusou membros de partidos ligados a oposição de estarem fomentando a guerra em torno do assunto nas redes sociais, inclusive de um ex-vereador que aprovou a compra. “A eleição parece não ter terminado para essas pessoas. Mas não vou fugir as minhas responsabilidades, porque fui a favor da compra do veículo”, arrematou.
Dizendo que ele e seu colega de bancada, Sidinei Calderipe, não foram consultados – apenas informados no dia da entrega do carro -, o vereador do PSB, Fabrício Costa, corroborou com as postagens nas redes sociais, mostrando contrariedade à compra do veículo. “Quando a compra do veículo foi aprovada, a realidade financeira do município era outra. Poderia ter entregue esse valor a Prefeitura”, propôs, além de dizer que irá sugerir que a sobra do repasse que é feito à Câmara seja devolvido mensalmente ao Executivo e não apenas no final do ano.
O vereador Ronaldo Madruga (Progressistas) afirmou que foi consultado e concordou com a compra do carro, após ter ouvido que o veículo antigo seria destinado ao prefeito e para transportar pacientes da Saúde.
Expondo que a questão do carro virou uma espécie de cavalo de batalha, o vereador Gilson Rodrigues (PT) – que faz parte da Mesa Diretora -, assinalou que a Câmara fez a sua parte na economia de recursos, quando utilizou em 2017 apenas 3,7% do orçamento, quando poderia gastar até 7%. “Além disso, devolvemos R$ 111 mil para a Prefeitura e mais um veículo usado. Miraram os canhões no carro, como se isso fosse resolver. Até concordo que pode até ser uma questão simbólica para o momento que a cidade vive, mas não é isso que vai resolver”, queixou-se Gilson, que desmentiu o vereador Fabrício, afirmando que os nove vereadores estavam reunidos quando foi colocado a questão da compra e que ninguém se opôs. “Não podemos dar tiro atrás da moita. O que eu disse lá, digo aqui”, afirmou, tendo sido negado por Fabrício mais uma vez, requerendo que a partir de agora tudo seja gravado.
Até esta quinta-feira (18), ainda não havia uma decisão sobre o destino do veículo.