FITOTERAPIA

Candiota lança projeto pioneiro na região, que introduz plantas medicinais no SUS

A ideia inicial do projeto é a substituição do omeprazol pelo uso da erva espinheira-santa

Autoridades comemoram os primeiros resultados do projeto Foto: Divulgação TP

No mês de agosto, a prefeitura de Candiota lançou o projeto “Candiota Medicinal: Plantando Saúde”, que visa a introdução de plantas medicinais na farmácia básica de Candiota. De acordo com dados do Sistema Único de Saúde (SUS), atualmente, apenas 10 municípios gaúchos possuem o serviço de fitoterapia no SUS e destes, nenhuma cidade se encontra na região da campanha.

A farmacêutica do município, Catarine de Oliveira, relata que o principal objetivo é que os pacientes que utilizam o omeprazol, gradativamente, passem a fazer a substituição pelo uso da erva espinheira-santa. “Hoje a cada 10 receitas que a gente recebe de pacientes hipertensos ou com diabetes, sete tem prescrição de omeprazol, e isso é muito preocupante, por isso realizamos um estudo em cima da literatura já existente sobre a espinheira-santa que pode combater os sintomas desses pacientes”, relatou.

A estagiária da Secretaria de Saúde e acadêmica do curso de Farmácia, do 8º semestre, Paula Waiss, relatou que o seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) tem como tema a Introdução de Plantas Medicinais Fitoterápicas no SUS de Candiota, que contribuiu com informações técnicas para tirar do papel, o projeto “Candiota Medicinal: Plantando Saúde”. “Fico muito feliz em poder contribuir e fazer parte deste projeto”, afirmou.

Informações sobre a planta e o projeto estão expostas na Secretaria de Saúde de Candiota Foto: Divulgação TP

Paula falou ainda sobre a preocupação do uso indiscriminado do omeprazol. “Esse medicamento foi desenvolvido para se tomar de três a quatro meses, porque ele tem diversos efeitos colaterais, podendo ocasionar anemia, demência e consequentemente Alzheimer, entre outros efeitos e nós temos pacientes aqui que usam há muito tempo, temos um caso que utiliza desde 1998”, relatou.

Quanto a adesão da população, o projeto está superando as expectativas da equipe. “A ideia é que o paciente que viesse com a receita, fosse convidado a aderir ao projeto, mas têm muitos pacientes que já estão nos procurando, o que nos deixa muito contentes”, relatou a farmacêutica Catarine.

O paciente que adere ao programa, recebe uma muda certificada da planta para que com tempo ele produza o seu próprio chá. No entanto, enquanto a planta cresce, os pacientes recebem o extrato seco do chá na farmácia central, onde serão acompanhados até a transição total do omeprazol para a espinheira-santa.

Segundo Paula, em alguns casos o paciente toma por um período a espinheira-santa e não vê mais a necessidade em tomá-la. “Ela consegue parar com o uso do omeprazol e posteriormente parar também com o uso do chá da espinheira-santa”, informou.

Catarine reforça também que este é um projeto multidisciplinar, que conta com o apoio de outros membros da equipe da Secretaria de Saúde, como a nutricionista Elisa Azeredo, a técnica de enfermagem Iraci ramos e o atendente de farmácia, Flavio Fagundes.

Além dos profissionais da Saúde, o projeto envolve a Secretaria de Meio Ambiente, que disponibiliza espaço no horto municipal dando assistência ao projeto junto ao técnico André Urdangarin, da Secretaria de Agropecuária, que realiza a manutenção das mudas e orienta a população quanto ao plantio.

A secretária de Meio Ambiente, Josuelem Ávila, destaca que está muito feliz em fazer parte do projeto. “Nós também contamos com uma estufa automatizada, que contribui para que tenhamos muitas produções, desejo vida longa a essa iniciativa tão importante”, afirmou.

No vídeo de lançamento do “Candiota Medicinal: Plantando Saúde”, a paciente Nara Barres relata que foi convidada pela Secretaria de Saúde para fazer parte do projeto. “Eu tomo há anos o omeprazol e agora aderi ao projeto que têm me trazido muitos benefícios, eu tenho osteoporose e esquecimento, já faz 30 dias que estou usando e me sinto bem melhor”, falou.

O secretário da Saúde, Fabrício Moraes, informou que hoje o projeto já tem mais de 20 assistidos. “Essa é uma grande iniciativa do governo municipal por meio da nossa Secretaria, no sentido de atender aqueles que mais precisam. Hoje, já temos pacientes que não estão mais usando omeprazol e isso não é somente um benefício de diminuição de custo, mas um benefício à saúde desses pacientes”, falou ao também parabenizar toda sua equipe. “É um projeto que nos traz muito orgulho”, finalizou.

Mudas da planta medicinal são produzidas pela equipe da Secretaria de Meio Ambiente com apoio da Agropecuária Foto: Divulgação TP

* Originalmente este conteúdo foi publicado no jornal impresso

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