O projeto para a construção de uma fábrica de pellets em Pinheiro Machado foi apresentado na última quinta-feira (14) ao governador Eduardo Leite (PSDB). O investimento está orçado em R$ 1,4 bilhão. O empresário paulista Luiz Eduardo Batalha reafirmou o desejo de iniciar as obras ainda em 2019. A reunião foi intermediada pelos deputados estaduais Fábio Branco (MDB) e Ernani Polo (Progressistas), que acompanharam o encontro.
Também participou da intermediação o senador Luiz Carlos Heinze (Progressistas), que por agenda em Brasília não pode participar. “Polo, Branco e Heinze são os padrinhos políticos do projeto”, enfatizou o empresário. “Quando surgiu o projeto, eu ocupava a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, por isso tenho acompanhado todos os passos. É um empreendimento fundamental para reverter o quadro de estagnação econômica da região, já que a empresa prevê a criação de mil empregos diretos, além das vagas indiretas”, reforça Fábio Branco.
Durante o encontro com o governador, a questão das licenças ambientais foi conversada. A licença prévia do empreendimento já foi entregue pelo então governador José Ivo Sartori (MDB) em julho de 2018. As demais licenças, como a de Instalação (LI) estão tramitando normalmente e dentro do prazo regular, segundo garantiu o secretário de Meio Ambiente e Infraestrutura, Artur Lemos, que também participou da reunião.
BANCOS – Em almoço promovido na sede da Estância Guarda Velha, em Pinheiro Machado e de propriedade de Batalha, no dia seguinte ao encontro com o governador, o empresário conversou com o TP, quando detalhou algumas situações do negócio. Na ocasião, o senador Heinze participou, bem como o prefeito de Pinheiro Machado, Zé Antônio.
Segundo Batalha, no fim do ano passado, após a contratação pela Pellco de três experientes executivos para integrarem o Conselho de Administração da empresa, aconteceu a apresentação do projeto a cinco bancos, que disputam a preferência de banco advisor (na tradução livre do inglês é orientador), ou seja, a instituição financeira que irá aconselhar quais são as melhores opções tanto de investidores como de captação de crédito.
A indústria foi apresentada para dois bancos americanos, dois brasileiros (BTG Pactual e Banco do Brasil) e um banco europeu. “Como se trata de uma operação financeira de vulto, fomos orientados a buscar um advisor”, assinala Batalha, que revela já ter recebido proposta de ao menos um banco. “De fato, com a proposta que recebemos, temos um negócio sólido. Passei a dormir melhor depois disso”, brinca o empresário.
O senador Heinze reafirmou sua disposição em seguir ajudando o projeto, já que ele vinha acompanhando quando era deputado federal. “O projeto da Votorantim nesta região foi para o espaço e esse projeto dos pellets é um alento aos nossos produtores da Metade Sul”, disse.
CPC – No almoço de sexta-feira (15), Batalha aproveitou para fechar mais alguns contratos com produtores rurais para a compara da madeira. Conforme ele, a Pellco contratou a empresa Innovatech – que é a maior consultoria e gestão em agronegócio florestal do Brasil e uma das maiores do mundo, que será o elo com os produtores.
Conforme Batalha, em não sendo o Banco do Brasil o advisor, uma das exigências será a inclusão dele no empreendimento, pois a negociação das florestas com os produtores será através da Cédula de Produto Rural (CPC) – título exclusivo do Banco do Brasil. “Isso é mais uma das garantias aos produtores em função da capilaridade do Banco do Brasil”, explicou.
INVESTIMENTO – O propósito da Pellco é produzir energia limpa e renovável, em consonância com a tendência mundial de redução de emissão de gases poluentes. A indústria será instalada nas proximidades da Vila Umbus, em uma área de 149 hectares, às margens da BR-293, da linha férrea e da rede de transmissão de energia elétrica.
A matéria-prima será fornecida por mais de 300 produtores, que cultivam atualmente 90 mil hectares de florestas em um raio de 60 km. O projeto prevê três linhas de produção independentes. Cada uma terá capacidade para fabricar até 600 mil toneladas de pellets por ano, totalizando 1,8 milhão de toneladas/ano.
Na primeira fase, o planejamento de Batalha é utilizar 50% da capacidade da planta. A produção será transportada por 189 km em linha férrea até Rio Grande, onde será exportada pelo terminal da Bunge Alimentos.
OS PELLETS – Os pellets são produzidos a partir do processo de picagem da madeira, floculação, secagem, moagem e reconstituição com maior densidade energética em prensas. Além de possuir o dobro do poder calorífero, o pellet tem armazenagem e transporte facilitados, em função do tamanho.
O produto é utilizado para movimentar indústrias termelétricas e substituindo, especialmente na Europa, os combustíveis fósseis.
TERMELÉTRICA – Além das linhas de fabricação de pellets, o projeto prevê a construção de uma termelétrica com capacidade para produzir 50 megawatts de energia elétrica, o suficiente para movimentar a planta industrial. O excedente será comercializado e disponibilizado na rede nacional de energia.