ELEIÇÕES 2020

Com prazo de convenções correndo, quadro eleitoral em Pinheiro Machado ainda está indefinido

Encontro de lideranças de cinco partidos mexeu com os bastidores e deixou tudo mais em suspense e confuso

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É possível projetar que haverá duas candidaturas a prefeito na cidade e elas passam pelos nomes de Betiollo, Ronaldo e Gilson Foto: Fotos: Divulgação TP

A notícia dada em primeira mão e de forma exclusiva pelo jornal Tribuna do Pampa, de que ocorreu um encontro no último dia 28 de agosto na propriedade rural do ex-vereador Rogério Moura (PSB) e que reuniu lideranças e dirigentes da situação e da oposição em torno de uma só mesa, movimentou os bastidores da política pinheirense e também as projeções para as eleições municipais que se avizinham. Na reunião estavam presentes membros do PSB, Progressistas, PT, MDB e PDT. Na oportunidade, quando foi debatido o nome do vereador Ronaldo Madruga (Progressistas) para ser candidato a prefeito, estavam presentes – além do próprio Ronaldo, entre outros, o prefeito Zé Antônio (PDT), o ex-prefeito Felipe da Feira (Progressistas) e os vereadores Fabrício Costa (PSB), Gilson Rodrigues (PT) e Jaime Lucas (MDB).

A notícia efervesceu e deixou na verdade uma enorme dúvida de como serão as composições das chapas majoritárias. O prazo para a realização das convenções partidárias foi aberto na segunda (31) e se esgotam no dia 16 de setembro. São elas, que oficialmente definem a conjuntura, mas geralmente são protocolares, pois as definições das alianças e nomes acontecem antes. Em Pinheiro Machado não está sendo assim.

A menos de duas semanas para o fim do prazo, o quadro é muito confuso e indefinido na cidade. O fato contrasta com a situação das finanças públicas, que atravessam a maior crise dos seus 141 anos de existência, pois exigiria mais clareza e definição de projetos para tentar tirar o município desta situação. Entretanto, por outro lado, demonstra ainda mais a dificuldade, em que a cena política – única que vai dar as respostas para a crise -, também sente e está em turbulência.

RONALDO – Não há um só dia, mas tardar dois, que o TP não pergunta ao vereador Ronaldo Madruga se ele já definiu se vai concorrer a prefeito ou irá tentar apenas mais uma vez se eleger vereador. Ele apenas repete que não decidiu ainda, lembrando que foi o seu nome colocado na mesa no famoso encontro do dia 28. Quando confirmou ao jornal sobre o encontro, Ronaldo disse que na ocasião, essas lideranças expressaram desejo de que ele fosse o candidato a prefeito para enfrentar o ex-prefeito Carlos Ernesto Betiollo (PSDB).

“Me senti lisonjeado e prometi pensar com bastante carinho no assunto. Tenho dito a todos que me perguntam, que sou pré-candidato a vereador e nesta condição eu sigo. Confesso que fui surpreendido nesta reunião, pois sempre disse que não basta apenas ganhar uma eleição. É preciso ter um projeto e um time completo para isso”, afirmou ele, dizendo que foi um pouco disso que lhe ofereceram. No encontro também foi falado sobre um vice para Ronaldo. Se o acordo evoluir, a tendência é que se faça uma pesquisa de opinião pública para isso (fato que se aperta pelo prazo) – sendo essa uma exigência de Ronaldo.

BETIOLLO – O jornal conversou com o pré-candidato a prefeito e ex-prefeito pinheirense (1997- 2004), Carlos Ernesto Betiollo (PSDB), sobre essa movimentação. À princípio, Betiollo disse ser natural este tipo de conversação e que faz parte da política. “Recebo isso com muita naturalidade. Claro, apenas não sei dizer se essas reuniões terão ao fim concretizadas o que pretendem. Respeito a reunião, as pessoas que estavam lá – que estão no direito delas de buscarem novos caminhos e alianças. Mas quero dizer que as decisões sobre coligações serão definidas nas convenções partidárias por votação das pessoas que compõem as siglas. Não será a minha ou a vontade de um e outro que prevalecerá”, assinala.

Também, Betiollo disse acreditar muito que a coligação entre PSDB-PDT e MDB será mantida e os candidatos a prefeito e vice sairão desses três partidos. “Um deles não vai indicar e esse É possível projetar que haverá duas candidaturas a prefeito na cidade e elas passam pelos nomes de Betiollo, Ronaldo e Gilson terá que ter concessões dos outros dois na composição do futuro governo. Sempre tem movimentos como o ocorrido agora e eles são oriundos de alguns ingredientes que são colocados no andar da carruagem e que não agradam a algumas pessoas. E é natural que elas busquem se movimentar para um lado e outro. Respeito isso, mas acima de tudo respeito as decisões dos partidos. Quero dizer que sigo a minha caminhada como pré- -candidato a prefeito, recebendo com tranquilidade qualquer decisão que venha ser tomada pelos partidos que atualmente governam o município”, afirma.

Sempre frisando que é convicto que a aliança se manterá, Betiollo afirmou que pode haver a possibilidade do MDB ir para o outro lado, assim como o PDT. Mas pode, conforme ele, outros virem de lá, ou um ir e outro ficar. Ele acha remota essas possibilidades. “Eu sinto nas bases dos partidos aliados hoje que não é bem assim para desmanchar essa coligação. Alguns membros estão tentando uma união ampla contra uma suposta candidatura minha, mas o povo enxerga e repudia uma coligação feita por interesses pessoais ou só para derrubar alguém. Não esquecendo, nesta hipótese (que friso mais uma vez em não acreditar nela), eles terão cinco, seis, sete partidos para se coligar. Por fim, para tranquilizar, sou um homem de partido e ele quem vai decidir qual rumo tomar”, ponderou.

GILSON – Em seu espaço de fala na Câmara esta semana, o vereador e pré-candidato a prefeito, Gilson Rodrigues, lembrou que cada um tem sua opinião. “Quando se olha para o município de Pinheiro Machado, são 12 mil habitantes, nove vereadores, vários assessores e diversas visões sobre o jeito de conduzir as coisas, de defender os assuntos e para isso tem que ter bom senso e respeitar. Digo isso, porque respeito cada opinião, mas lembro que cada um tem a sua. Na política tem as agremiações partidárias e nessa época começa a avançar a discussão para chegar no poder, porque muitos querem chegar no poder para defender suas teses e aí se começa a ter essa interlocução entre os partidos”, disse.

Sobre a reunião famosa, ele foi além e tornou pública a sua opinião sobre a indicação do colega Ronaldo para o maior cargo. “Saiu na mídia que fizemos uma reunião muito boa, com representantes de um bom número de partidos e aconteceu mesmo. Também entendo que é necessário nos unirmos para melhorar os problemas do nosso município – desde financeiro até sua base estrutural. Durante essa reunião já conversamos sobre isso, mas preciso dizer de público minha opinião partidária: há 3 meses sou pré-candidato a prefeito pelo nosso partido e desde lá estamos tentando aglomerar forças. Lá discutimos bastante e saiu um diálogo interessante sobre quem daquelas pessoas poderia ser candidato a prefeito. Eu jogo limpo e tenho que dizer que o nome foi o do colega Ronaldo. No mesmo tempo, eu disse que o PT tem pré- -candidato a prefeito e que defende partidariamente que até poderia e pode abrir mão disso, mas não abre mão de estar na majoritária”, garantiu.

JAIME – Há muito cotado para ser o vice na chapa com Betiollo, inclusive muitos dando isso como já certo, Jaime Lucas (MDB) viu os bastidores desmancharem esta ideia nos últimos tempos e isso é fator determinante para a instabilidade. Questionado pelo TP, Jaime se esquivou e sequer respondeu se seu nome está à disposição para uma chapa majoritária. Para vereador, ele já declarou, após cinco mandatos seguidos, de que não concorre mais. “Não tem o que falar neste momento, tudo está muito confuso. Não tem ninguém decidindo nada. Só ‘namoricos’. Tudo muito truncado. Prefiro aguardar mais alguns dias. Há muito blefe”, afirmou.

Indagado se seu nome estava à disposição, Jaime não respondeu diretamente. “Estamos cuidando das candidaturas nossas (MDB) a vereadores. Tudo parecia se alinhar, mas logo se desalinha. Está tudo muito complicado, tem muita insegurança por parte dos dirigentes e há certa lambança. Somos procurados a toda hora e momento, mas é muita conversa. Tem gente que tinha vice definido, mas continua procurando vice. A não ser que agora possa colocar vários vices”, ironizou.

PDT – O jornal falou também com o presidente do PDT local, Paulo Fernando Martins, o Nonô, para tentar entender melhor a conjuntura e a posição do partido que hoje governa a cidade. Sobre o encontro que discutiu o nome de Ronaldo, Nonô disse que não vê qualquer problema em pessoas do PDT ter participado, minimizando e dizendo que isso faz parte do jogo político. No entanto, ele afirmou de forma veemente que a Executiva do partido trabalha muito forte para a manutenção da coligação atual, ou seja, PDT, MDB e PSDB.

“Sou presidente do PDT pela quarta vez e não tenho nenhum problema em conversar com qualquer pessoa de Pinheiro Machado, até porque somos um município pequeno e não tem motivos para termos atritos e sermos desrespeitosos com ninguém. Mas para isso o respeito precisa ser mútuo. Tenho gastado meus esforços e energias para manter a coligação. O PDT não é democrático só no nome. Vamos fazer o debate interno e decidir. Muitas vezes perdi internamente e mesmo assim, após isso, me coloquei como candidato a vereador para construir o partido, fazendo sacrifícios pessoais. Respeitamos todas as posições, mas entendemos que é preciso haver continuidade naquilo que começamos em 2017. Política não se faz com rancor, revanchismo e sentimentos ruins e sim pensando no bem maior da cidade”, avalia.

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