A câmara de vereadores de Pinheiro Machado realizou na noite desta terça-feira, 28, sua sessão ordinária de forma descentralizada. A reunião aconteceu no salão da comunidade católica da Vila Umbus – localidade também conhecida como Fábrica de Cimento (por causa da unidade da Votorantim), situada às margens da BR-293.
Com a presença de seis dos nove vereadores, pois três estão em viagem a Brasília, a câmara, através do presidente Geovane Teixeira (PSDB), abriu espaço para que a comunidade falasse. Foram muitas as manifestações, entretanto o que mais chamou a atenção é que mais uma vez, as vozes da comunidade se levantam para defender uma anexação do território da Vila ao município de Candiota, que faz divisa com o lugar.
A Associação de Moradores da Vila Umbus (AMVU), através do diretor Claiton Rangel, leu no espaço Tribuna Livre, uma série de reivindicações da comunidade, que dizem respeito, principalmente, a parte de infraestrutura urbana: patrolamento das ruas e limpeza completa, iluminação pública, calendário para coleta de entulhos, conserto dos banheiros da quadra coberta, entre outros assuntos, como por exemplo, o por quê o funcionário que atende o posto dos Correios não é da localidade?
Com o microfone aberto, várias pessoas, principalmente mulheres, pediram melhorias em pontos da localidade, sempre no mesmo sentido da questão de infraestrutura. Contudo, ao fim, as manifestações voltaram a tocar na anexação aCandiota- movimento iniciado em 2015 e que aos poucos vem ganhando força, justamente, segundo os moradores, pelo abandono e não atendimento de necessidades básicas da comunidade pela municipalidade. Vale lembrar que a cobrança do abandono não se restringe apenas ao atual governo, pois, segundo os depoimentos, isso já é um processo antigo.
A Vila Umbus possui a maior fonte geradora de impostos para o município, que é a fábrica de cimentos da Votorantim e é justamente nisso que os moradores se apoiam para pedir mais atenção, sendo cientes de que a fábrica, em caso de anexação, ficará pertencendo a Pinheiro Machado (pois a legislação não permite retirar fonte arrecadatória deste porte do município-mãe).
A dona de casa Suele Paz lembrou que no ano passado um grupo de moradores esteve reunido com o prefeito candiotense Luiz Carlos Folador, que acenou, segundo ela, positivamente para a anexação. Contudo, assinala a moradora, o pedido de anexação só pode ser feito durante os dois primeiros anos de mandato, precisa passar por plebiscito e aprovação da Assembleia Legislativa. “Vamos lutar por isso caso não sejamos atendidos em nossas reivindicações”, afirma.
Para a microempresária Viviane de Almeida Damaceno, esta questão da anexação é uma realidade para quem mora no local. “Temos dois anos para dar uma chance a Pinheiro Machado. Indo para Candiota não perdemos nada, só temos a ganhar”, disse.
Para o dirigente da AMVU e funcionário da prefeitura de Candiota, Claiton Rangel o caminho da anexação é fácil. “Quando da emancipação de Candiota, a Vila Umbus fazia parte, mas depois foi tirada por causa da fábrica de cimento. Portanto já existe o projeto, basta retomá-lo”, lembra.
VEREADORES – Um a um dos seis vereadores pontuou sua atuação em defesa da Vila Umbus, reforçando que a câmara não possui o poder de resolver os problemas, tendo que se restringir a apontá-los e pedir soluções. No ano de 2014, a câmara até fez um esforço com a devolução de uma verba ao fim do ano, cerca de R$ 70 mil, que teve a indicação para ser investido no cercamento e reforma da quadra coberta, porém o recurso foi para o caixa único da prefeitura.
Num discurso forte, o vereador Jaime Lucas (PMDB) não foi muito otimista em relação a prefeitura pinheirense, dizendo que a situação, independente de quem assuma em 2017, será de penúria. Entretanto frisou que os pedidos da Vila Umbus são fáceis de atender e que não demandam grandes recursos. “A comunidade pede quase nada, mas a prefeitura faz menos que nada”, disse.
PREFEITURA – O jornal tentou contato telefônico nesta quarta-feira, 29, por diversas vezes com o prefeito Felipe da Feira (PTB), entretanto como ele estava em viagem não foi possível. O vice-prefeito Ronaldo Madruga (PP) disse ter opinião formada sobre o assunto, porém não quis expressá-la, porque, segundo ele, esta é uma questão que deve ser tratada diretamente pelo prefeito.