TRANSIÇÃO JUSTA

Comunidade regional faz mobilização pela continuidade da operação da Usina de Candiota

Conforme apurado, a unidade está paralisada desde a última quarta-feira, dia 1º de janeiro de 2025 Foto: Arquivo TP

Com o fim dos contratos de venda de energia no último 31 de dezembro, a Usina de Candiota, que pertence a Âmbar Energia, segundo o jornal apurou, precisou ser desligada justamente porque a partir desta data não tem mais compradores para a energia que gera.

Os contratos em vigor até o ano passado haviam sido celebrados após a Fase C (que ainda era um projeto e é assim que funciona no mercado de energia) ter vendido sua energia futura no leilão A-5, em 2005. No período após, houve a construção e em 2011 a unidade começou a operar comercialmente, sendo que na época pertencia a Eletrobras. Em meados de 2022, a Eletrobras foi privatizada e em 2023 a Usina de Candiota foi vendida a Âmbar.

MOBILIZAÇÃO

Neste sentido, o Movimento Pró-Carvão está preparando para esta segunda-feira (6), a partir das 10h, uma mobilização em frente a Usina, com o intuito de chamar a atenção e sensibilizar o presidente Lula em relação à sanção ao projeto de lei 576/2021, recentemente aprovado pelo Senado Federal (antes já havia sido votado pela Câmara dos Deputados).

O projeto, que versa sobre a instalação de usinas eólicas em alto-mar (offshore), em um dos seus artigos trata do incentivo as usinas a carvão, prevendo, por exemplo, a extensão da vida útil, com prorrogação de contratos da Usina de Candiota até 2050. Ainda não se sabe qual a decisão de Lula em relação a proposta, sendo que ele tem prazo até 10 de janeiro para a sanção ou veto. A UTE Pampa Sul, também localizada em Candiota, não possui este problema, porque seus contratos de venda de energia são até 2043.

Segundo o sindicalista Hermelindo Ferreira, que faz parte da organização do movimento, existe também mobilização dos trabalhadores das indústrias que são ligadas direta ou indiretamente ao carvão e à Usina, como a Companhia Riograndense de Mineração (CRM) e Seival Sul Mineração (SSM). O comércio local também está sendo mobilizado por meio da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) e Associação Comercial e Industrial (Acisa). Ele também pontuou que a ideia é fazer algo ordeiro e sem nenhum tipo de ataque. “Queremos chamar a atenção do governo federal para que a questão dos empregos e também da economia regional, pois o fechamento da Usina é uma verdadeira catástrofe”, disse.

Reunião na Prefeitura acertou os detalhes da mobilização Foto: Divulgação TP

Uma reunião nesta quinta-feira (2) foi realizada na Prefeitura de Candiota, para acertar os últimos detalhes da manifestação.

GOVERNADOR E BRASÍLIA

Hermelindo informou ainda ao TP, que logo e seguida a manifestação na segunda-feira, uma comitiva encabeçada pelo prefeito Luiz Carlos Folador (MDB) irá até Porto Alegre para uma conversa com o governador em exercício Gabriel Souza (MDB), no sentido de também mobilizar o governo do Estado em relação a situação.

Outro grupo regional também se mobiliza para viajar para Brasília na semana que vem, com a missão também de levar a situação e sensibilizar as autoridades do governo federal.

RESISTÊNCIA

Os artigos que tratam de incentivos ao carvão, ao gás natural e a pequenas centrais hidrelétrica que estão no PL 576/2021 são chamados de ‘jabutis’, pois são estranhos ao texto original que trata sobre energia eólica. Neste sentido que ele enfrenta resistência não apenas de ambientalistas como muitos imaginam, mas também de grandes atores econômicos do mercado energético, que não tem interesse na matéria.

Tanto é verdade que 12 grandes associações ligadas ao setor de energia assinaram uma carta aberta ao presidente Lula pedido o veto ao artigos em questão.

Assim que a mobilização desta segunda-feira ganha bastante importância e deve reunir a comunidade regional numa luta comum em defesa de milhares de empregos e da economia local, que está ameaçada.

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