IMÓVEIS CGT ELETROSUL

Depoimentos dramáticos revelam o tamanho da insegurança dos moradores

A equipe de reportagem do TP foi à campo esta semana, aproveitando os vários encontros que foram realizados pelos moradores, e colheu uma série de depoimentos deles, ilustrando sem meias palavras, o clima de pavor que se abate sobre eles após a notícia ter se espalhado.
A falta de informações concretas também é um grande fator de insegurança. Confira à seguir as falas, muitas delas dramáticas e emocionadas:

Adriana Maurente

A professora de 40 anos é nascida e criada em Candiota, mais precisamente na Vila Residencial. “Meu sentimento por estar lá é o melhor possível, pois conta a nossa história. Meu avô trabalhou na Usina 1, meu pai mora naquela casa há 40 anos e querem acabar com a nossa história. Estão pedindo valores absurdos, no valor que compramos em Porto Alegre, por exemplo. Querem acabar com o nosso sonho de uma vila melhor, e uma cidade melhor”.

Teresinha de Jesus Resende

A funcionária pública Teresinha Resende, de 62 anos, reside na Vila Operária há 41 anos. “Tenho que lutar por o que é meu, até porque estamos preservando o patrimônio que é da estatal. Se com R$ 15 mil não conseguimos comprar, imagina com o valor que está agora. Tenho um casal de filhos, um neto de 7 anos que mora e depende de mim, e uma irmã especial que também depende de mim. Estou na Vila Operária desde 30 de setembro de 1979, e pretendo ficar”.

Luiz Artur Einhardt

O funcionário público Luiz Artur, de 55 anos tem três filhos e reside na Vila Residencial há 20 anos. “Nós trabalhamos de dia para comer de noite. Hoje, da maneira que nós vivemos, precisamos da ajuda de todos e que tenham a sensibilidade da classe política. A maioria dos moradores não tem condições de comprar as casas nos moldes em que estão sendo colocados, e as pessoas irão para a rua. Mesmo que elas tentem alugar casa no município, não haveria moradias o suficiente. Estamos sofrendo e nossas famílias também, e eu não consigo mais dormir à noite depois que fiquei sabendo dessa situação. Estamos pedindo socorro às autoridades, para que nos ajudem e nos deem essas condições para que possamos continuar morando em nossas residências”.

Alex Madruga Castro

O funcionário da CGT Eletrosul, Alex Castro, de 46 anos, é filho de candiotenses, firmou moradia e construiu família na cidade do carvão, no bairro Residencial. Assim como seu pai, Castro e a esposa são funcionários da empresa. “O pessoal está aflito, pois há risco de perder sua casa e ficar sem ter onde morar. Agora de uma maneira tão desavisada, da noite para o dia, estamos correndo o risco de perder o nosso bem maior. Perder o teu chão, tua casa, deixar a família desabrigada porque é isso que vai acontecer. Nessa maneira que está sendo aplicada, preços absurdos de uma moradia que, no meu caso, são 20 anos fazendo melhorias para deixar meus filhos em uma situação melhor. E agora toda a construção e beneficiamento que fiz na minha casa, fica à deriva? E eu fiz tudo isso para poder ficar em Candiota, eu sou daqui e não pretendo sair daqui”.

Jesus Roberto Fialho de Belo (Duda)

Jesus de Belo mora em Candiota há 50 anos. “É um processo terrível, no momento triste em que o mundo vive temos essa notícia, que serão leiloadas as casas das pessoas que moram há mais de 30 anos nessas residências. É muito triste e lamentável que a empresa não conheça o que está acontecendo, e não conheça a população de Candiota e muitos da direção da empresa não conhecem nem a Usina de Candiota”.

João Roberto Silva da Costa

O professor João Roberto reside há 42 anos na Vila Residencial. “É um sentimento de insegurança, fomos pegos de surpresa. É um sentimento de luta também, para tentar reverter essa situação e amenizar, que as pessoas que estão à frente desse processo tenham mais sensibilidade, e entendam a questão social. Não é só tijolo, cimento e areia… São vidas, são pessoas que ali estão”.

Maxwell Romero Martins

O morador Maxwell Martins reside em Candiota há 53 anos. “Não temos esse dinheiro, ninguém tem esse dinheiro, pois é fora da realidade o que está acontecendo. Se não fosse por nós moradores, as casas já estariam no chão. Se me tirarem da minha casa, terei que morar embaixo da ponte, porque não tenho outro lugar para morar, e nem condições de pagar esse absurdo que estão cobrando”.

Diego Castencio

O morador Diego Castencio, de 35 anos, reside na Vila Residencial há 30 anos, e sua família tem participação ativa no bairro. “Hoje tenho o meu filho pequeno, pretendo continuar morando aqui e espero que as autoridades competentes nos enxerguem com outros olhos. Pois o pessoal não tem condições de comprar as casas”.

Cristiane Brião Muza

Ela reside na Vila Operária há mais de 10 anos. “É um sentimento de perda, a perda do teu chão, da segurança que temos para nós e para as nossas famílias. Estamos vivendo em Candiota uma pandemia imobiliária, dentro da pandemia sanitária. É muito difícil tudo isso que está acontecendo, porque nós temos um sentimento de perda e o psicológico fica muito abalado, pois não sabemos o que vai ser. Temos algo ditatorial de cima para baixo, dizendo que temos que pagar um valor altíssimo e se antes era um valor de R$30 mil e nós não tínhamos, imagina agora em casas que como a minha, está avaliada em mais de R$ 200 mil. Aonde eu vou conseguir ter crédito para isso? Sendo prestador de serviço e dona de casa. Eu poderia ficar esperando alguém buscar por mim, mas eu tenho que colocar minha voz e dizer que não estou feliz. É difícil saber que vamos perder”.

Sandriane Braga

Sandriane é moradora da Vila Residencial. “Meu sentimento é de impotência, pois não conseguimos controlar o estado psicológico as pessoas estão desesperadas. Tenho Candiota como minha terra, e tenho a Vila Residencial como parte da minha vida, e de uma hora para outra parece que tudo está saindo pelo meio dos dedos. Não sabemos o que fazer, e nem para onde ir”.

Jesus Pinheiro

O funcionário público Jesus Pinheiro, de 44 anos, reside na Vila Operária desde os 3 anos de idade. “Hoje, a maioria das casas estão em pé pelo cuidado do morador, nós moramos em um chalé e já fizemos vários reparos. E a nossa maior preocupação é com o que pode acontecer, não só conosco dentro de casa, mas também com os nossos vizinhos. No primeiro momento que houve a venda, nós tentamos fazer pelo financiamento pois não tínhamos dinheiro para comprar à vista, e nenhum banco financiou e ainda continuamos nessa situação. Temos emprego? Temos, até para pagar parcelado durante alguns anos, mas para fazer a compra à vista não temos condição. Isso nos tira o sono, porque nós vamos sair dali e correr atrás de outro lugar, e fica toda uma história tanto em casa, quanto com os vizinhos. Tudo isso acaba”.

Edenir Vieira Peçanha

Edenir fala com indignação sobre a situação em que se encontra atualmente, e lamenta a falta de comunicação em relação ao leilão. “Estamos há tantos anos prestando serviço, eu acho que ao menos eles deveriam bater em nossa porta, comunicar e fazer uma proposta, e não somente jogar ao vento”.

Cláudia de Lima Munhoz

Cláudia Munhoz mora em Candiota há 39 anos e reside na Vila Residencial há 17 anos. “Desde quando ficamos a par da notícia, diariamente nós amanhecemos e anoitecemos pensando o que vai ser. Será que vamos ter uma oportunidade justa, como foi dada na Vila Operária? Hoje, a minha situação está bem complicada, não estamos com uma renda para negociar a casa ou fazer um financiamento. As casas têm o valor e estamos aqui para negociar, mas tudo dentro das nossas possibilidades. Eu tenho uma pré-adolescente e um adolescente e esses dias me chamaram no quarto e perguntaram: mãe, aonde nós vamos morar? É uma situação bem difícil e preocupante, mas acredito que tudo tem uma solução e não será da forma que eles querem. Queremos continuar em nossa Candiota”.

Eva Flores

A moradora Eva Flores, de 59 anos, nasceu e cresceu em Candiota, na Vila Residencial. “O que vai ser da gente? Eu não tenho condições de comprar essa casa, e a minha vida toda é aqui. Eu casei aqui, o meu casamento foi o primeiro que teve na igreja do bairro. Meus filhos e netos são daqui. Desde que me conheço por gente eu moro em Candiota, não quero perder a minha casa e não tenho condições de comprar. Essa é a minha realidade”.

Katia Cimirro

A moradora Katia Cimirro reside na Vila Operária há mais de 20 anos. “Insegurança, porque estamos em um imóvel há mais de 20 anos e da noite para o dia é lançado um leilão. Então isso é insegurança total”.

Zenir Cardoso

Moradora da Vila Residencial há 22 anos, Zenir faz lanches para vender na comunidade e garantir seu sustendo. “Hoje eu não tenho salário e agora apareceu essa notícia com esse valor alto e eu não tenho condições por não ter um salário. Gosto muito da Residencial, e quero continuar aqui”.

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