TRANSTORNOS E MUITA PREOCUPAÇÃO

Depois do bloqueio da BR-293, mais de 500 caminhões trafegam por dia na área urbana de Hulha Negra

Prefeito lembra dos investimentos feitos nos últimos anos em pavimentação e que isso está sendo destruído

Prefeito esteve na sede do TP para falar sobre o tema Foto: Silvana Antunes TP

“Hulha Negra vai ser destruída”. Desta forma se referiu o prefeito de Hulha Negra, Renato Machado, sobre as condições estruturais da cidade com um intenso tráfego de veículos pesados pela principal via da cidade, a avenida Getúlio Vargas, em razão do bloqueio total da BR-293 próximo a ponte do rio Jaguarão, impedindo o tráfego pelo local para Candiota, Pinheiro Machado, Pelotas e o porto de Rio Grande, desde o dia 24 de setembro em razão de rachaduras na pista.

A expressão foi usada pelo gestor durante visita a redação do Tribuna do Pampa na tarde de quarta-feira (4), após a necessidade de se deslocar a cidade vizinha Candiota. Questionado sobre a pauta, Renato Machado lembrou ser morador de Hulha Negra há 40 anos e estar na gestão pública do município há 30 anos acompanhando a ampliação do número de veículos que trafegam diariamente pela BR-293 e que atualmente estão passando por dentro da sede do município em direção a Trigolândia, para posteriormente chegar a Candiota, seja pela Estrada Trigolândia-Seival ou Passo do Neto.

“Hoje, 500 caminhões de diversas toneladas, de 15 mil a 60 mil quilos passam diariamente por dentro do município, nas vias pavimentadas, além de cerca de 1 mil veículos leves. Antes contabilizávamos uma média diária de seis veículos pesados na cidade, os da bacia leiteira e de distribuidoras que abastecem os mercados da cidade. Os caminhões que passavam na BR-293 e hoje passam por Hulha Negra são os que fazem chegar dinheiro nos cofres municipais, estaduais e federais, mas se já reclamávamos dos poucos veículos que entravam na cidade por ocasionarem problemas na pavimentação, Hulha Negra que estava totalmente despreparada para receber esse alto fluxo, agora vai ficar de que forma?”, questiona o gestor.

Ele lembra que nos últimos quatro anos houve grandes investimentos em pavimentação, sendo em alguns pontos recém concluída, além de saneamento básico, com escoamento fluvial, água da chuva, melhoramento da rede de água potável e do esgoto cloacal. “Tudo isso está no meio da rua e as ruas estão afundando com o peso. Tecnicamente elas não estão preparadas para receber esses veículos pesados que passam tanto pela avenida principal como outros de grande tonelagem que se perdem dentro da cidade, necessitando fazer manobras e ocasionando sérios problemas na pavimentação. Por isso, a grande preocupação da Hulha hoje, é que em curto prazo, tenhamos a cidade destruída. Coisa que levamos 30 anos para fazer, vai ser destruído em 30 dias”, desabafou.

PARCERIAS

 

Renato Machado diz estar buscando mais parcerias públicas e privadas para o município. “Estamos contando com o apoio de parceiros como a Usina Pampa Sul, a Mônego Mineração e Dachery, mas ainda precisamos fazer alguns ajustes para que flua melhor o trânsito em direção a Candiota que precisa muito dessas rotas de deslocamento para abastecimento das duas usinas termelétricas, transporte de funcionários públicos e privados, produtos para o comércio local, insumos para a saúde, transporte de pacientes para tratamentos de saúde, professores que não chegam até as escolas para dar aulas, ambulâncias com dificuldade de deslocamento, em fim, tudo passava pela BR-293 e agora está deslocando por dentro de Hulha Negra. Candiota está sendo parceira, somos parceiros, estou aguardando o retorno do prefeito Folador que cumpre agenda em Brasília, para juntos firmarmos mais parceria, mas está chegando no limite das nossas forças”, ressaltou, destacando a necessidade de mais apoio, principalmente de órgãos federais, tendo em vista que a BR-293 que está bloqueada, é uma rodovia federal e o que passa dentro dos caminhões ao se tratar apenas de toneladas e sim de recursos para os municípios, Estado e União.

 

ESTRADAS

Caminhões de diversas tonelagens passam pela principal avenida da cidade Foto: Divulgação TP

Para chegar a Candiota e até mesmo outros municípios da região Sul do Estado estão sendo utilizadas as estradas Trigolândia-Seival e Passo do Neto. Somente da responsabilidade de Hulha Negra entre as duas rotas alternativas, segundo o Executivo, são cerca de 50km de estradas para manutenção. O prefeito fez referência aos maquinários utilizados para manutenção das estradas para dar as devidas condições para que os cerca de 1,5 mil veículos que trafegam diariamente pelas vias possam seguir caminho. “Nosso parque de máquinas é limitado, gasto e ultrapassado de anos e estamos vendo que estamos judiando das máquinas e que em um curto tempo vai nos fazer falta para uso no município no futuro, onde temos uma grande demanda de trabalho e a comunidade também tem necessidade de estradas em condições”.

Renato salientou que os moradores de Hulha Negra entendem a situação vivenciada, mas que ao mesmo tempo fazem cobranças. “É um movimento totalmente diferenciado na cidade e que certamente deixa uma deficiência para o lado dos munícipes. Hoje estamos atendendo quem passa por Hulha Negra em direção a outros municípios e deixando de atender os nossos moradores. Isso tudo traz preocupações. Por isso a grande procura por parcerias e o desejo que aquelas pessoas que tem o poder de ajudar e decidir, que entendam que precisamos ser olhados com outros olhos, pois está chegando a hora de desanimarmos”.

Ele lembrou da situação enfrentada no interior com o grande fluxo de veículos. “Quando há grandes filas de veículos, quando caminhões atolam ou saem fora da estrada, nós temos que tomar as devidas providências. Não tem hora para nossas equipes fazerem socorros, às vezes é meia noite, 1h e estamos desatolando veículos para que cerca de 60, 70 veículos sigam seu caminho e não fiquem presas nos locais. Isso é humanamente impossível  para um grupo pequeno de servidores como o da Hulha”, manifestou.

Renato diz não saber como surgiu o entendimento de que os veículos passariam por dentro de Hulha Negra. “Penso que as grandes esferas federais deveriam usar seus poderes para regulamentar esse trânsito que ocorre em razão de bloqueio de uma via federal. Mesma coisa para a esfera estadual, pois na municipal já efetuamos nosso trabalho e não teria problema, seria mais fácil administrar, estamos acostumados com o tráfego normal de veículos do município”, frisou o prefeito, por outro lado dizendo acreditar que se chegará a um denominador comum para a situação.

 

ROTAS ALTERNATIVAS

 

Cabe lembrar que tanto o Dnit como a Polícia Rodoviária Federal (PRF) orientam a utilizar rotas alternativas para chegar ao sul do Estado, em Pelotas e Rio Grande, desde o dia da interdição da rodovia. Segundo os órgãos, quem se desloca de Pelotas para Bagé e Santana do Livramento, a orientação é utilizar a BR 392, por Canguçu/Santana da Boa Vista, acessando a BR-153 em Caçapava do Sul. Para quem se desloca de Bagé sentido Pelotas, deve acessar a BR-153 em Bagé e seguir até Caçapava do Sul para acessar a BR-392 sentido Pelotas.

 

ENTRADA DA HULHA FECHADA

 

Tendo em vista a preocupação do gestor no que se refere as condições estruturais do município, o jornal questionou acerca da possibilidade de proibição do tráfego por dentro da cidade. Segundo o prefeito essa medida ainda pode ser tomada. “Estamos tentando administrar a situação, mas a hora que ela fugir de controle nós vamos ser drásticos. Já conversei com o comando da Brigada Militar e com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), que se seguir desta forma as entradas do município serão fechadas para despertar naquelas pessoas que ainda não enxergaram a situação, que não comportamos esse movimento de veículos por dentro de Hulha Negra”, informou o gestor, acrescentando que foi solicitado pela Brigada Militar a instalação de placas informativas sobre tonelagem permitida.

Renato concluiu relatando que está sendo estudado um decreto de calamidade por parte do município.

ORIGINALMENTE ESTE CONTEÚDO FOI PUBLICADO NO JORNAL IMPRESSO*

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